Maior banco do Peru apresenta perspectiva econômica pessimista

O Banco de Crédito del Perú (BCP), maior do país, reduziu a sua previsão do PIB para 2023 de 1% para 0,6% devido ao baixo consumo das famílias e ao baixo investimento privado.

Nenhum destes indicadores-chave mostra sinais de recuperação, uma vez que os resultados mistos de julho e agosto sublinham ainda que a economia permanecerá fraca.

Embora o Ministério da Economia e Finanças também tenha reduzido as suas previsões de 2,5% para 1,1% e a Comissão das Nações Unidas para a América Latina e Caribe (Cepal) as tenha modificado de 2% para 1,3%, os números do banco peruano parecem cada vez mais otimistas.

INVESTIMENTO

Para o BCP, o investimento privado cairá 6% este ano, enquanto o consumo privado irá crescer apenas 1%. Isso é explicado pela falta de progressos significativos em projetos de grande e média escala; e a incerteza associada ao impacto do fenômeno El Niño.

O investimento em mineração no primeiro semestre contraiu 22%, mas as reduções serão menos acentuadas porque a base comparativa é menor, segundo o BCP. O investimento no primeiro semestre de 2022 foi impulsionado pelo arranque do projeto de cobre Quellaveco, da Anglo American.

O consumo de cimento caiu 14,1% no primeiro semestre, mas apenas 6,1% em julho, o que também sugere que ocorrerão reduções menos drásticas. No entanto, o pessimismo ainda se justifica, indicou o BCP.

POLÍTICA MONETÁRIA

O BCP espera que o Banco Central reduza a taxa básica de juros de 7,75% para 6,75% até ao final do ano, mas são improváveis novas quedas.

“Uma inspeção dos ciclos passados de corte de taxas revela que o Banco Central cortou a sua taxa de referência apenas quando a inflação core e as expectativas de inflação estão abaixo (ou muito próximas) de 3%”, indica o relatório da agência. No final de agosto, o core da inflação era de 3,8%.

EL NIÑO

O BCP prevê também um El Niño intenso, que moderará o crescimento até 2024.

“Esperamos que o PIB cresça apenas 2% em 2024, com riscos negativos se a probabilidade de um forte El Niño continuar aumentando”, conclui o relatório.