Minera Panamá anuncia possível suspensão de operações devido a bloqueios

A Minera Panamá anunciou nesta segunda-feira uma possível suspensão das operações em sua mina Cobre Panamá devido aos bloqueios realizados por pequenas embarcações no porto de Punta Rincón, o qual a subsidiária da canadense First Quantum Minerals utiliza para descarregar suprimentos e a expedição de concentrados.

A mineradora detalhou em comunicado que já reduziu a sua operação a um trem de processamento de minério e prevê que ficará sem “fornecimentos para a usina de geração de energia durante a semana que começa hoje, 20 de novembro de 2023”.

“Se as ações ilegais continuarem a impedir os fornecimentos necessários ao funcionamento da usina, a empresa reduzirá esta semana o trem de processamento restante e suspenderá temporariamente a produção”, alertou.

Durante o último mês, a crise social e econômica no país centro-americano intensificou-se devido às greves e protestos iniciados contra a aprovação de um novo contrato para a mina Cobre Panamá – ratificado pela Assembleia Nacional no dia 20 de dezembro – embora tenham acabado por refletir o descontentamento da população relativamente a outras questões como a falta de transparência e a corrupção.

Embora os deputados tenham deixado nas mãos da Suprema Corte a decisão de determinar se o novo contrato aprovado é inconstitucional, o país já sofre os efeitos das ações sociais contra a mineração, como a escassez de bens básicos devido aos bloqueios de estradas e os rebaixamentos nos ratings soberanos por parte de S&P, Moody's e Fitch.

A Câmara de Comércio, Indústrias e Agricultura do Panamá disse à BNamericas que as perdas estimadas até à data ultrapassam US$ 1,7 bilhão devido aos protestos, e no domingo apelou às autoridades para garantirem que seja direito o direito da população à livre circulação, trabalho, educação e saúde, especialmente nas províncias de Chiriquí e Bocas del Tor –, as mais afetadas.

“As consequências extremas que hoje sofrem injustamente os seus estudantes, produtores, comerciantes e serviços de saúde terão um impacto duradouro, incalculável e irreparável. Esta semana vimos os moradores de Chiriquí exigirem a reabertura de suas estradas. Nas suas vozes está expresso o grito de um país inteiro que de repente se tornou prisioneiro de uma minoria face à imobilidade indesculpável do governo”, afirmou a câmara num comunicado.

“Temos todo o direito de expressar a nossa opinião e reclamar, de divergir de posições, mas nunca de nos prejudicarmos”, acrescentou.

A Minera Panamá indicou que a sua prioridade continua a ser a segurança e o bem-estar da sua força de trabalho, enquanto as autoridades locais continuam a monitorizar a situação para conseguir o regresso às operações marítimas normais.

Na sexta-feira (17), a empresa informou que pagou US$ 567 milhões ao tesouro panamenho em royalties e impostos no âmbito do novo contrato.

A mineradora reiterou que, além do pagamento de impostos e royalties, “a mina representa mais de 2% da força de trabalho total do Panamá e colabora com fornecedores locais no valor de quase US$ 20 milhões por semana. A contribuição geral da mina ao Estado do Panamá está estimada em mais de US$ 50 milhões por semana, o equivalente a cerca de 5% do PIB.”

“A Minera Panamá deseja reiterar a sua vontade de abrir novos espaços de diálogo, visando responder às preocupações dos diversos setores da sociedade, a fim de criar relações duradouras baseadas no respeito, na cordialidade, na compreensão e no benefício mútuo”, indicou a empresa.

A Cobre Panamá é uma das maiores minas de cobre da América Latina, com 112.734 toneladas no terceiro trimestre. Também fornece ouro e prata.