Mineradoras do Peru devem redobrar esforços para obter certificações ESG, segundo especialistas

As mineradoras com operações no Peru devem se concentrar na obtenção de certificações internacionais para melhorar seus perfis ESG, destacou Luke Balleny, diretor de padrões e associações da certificadora The Copper Mark, durante o evento de mineração Perumin (foto), realizado na região de Arequipa.

Segundo o executivo, no país estão abertos processos de certificação para as unidades Toquepala, Cuajone e Ilo, da Southern Copper, e para o projeto de cobre Mina Justa, da Marcobre. Enquanto isso, somente a mina de cobre, molibdênio e prata Cerro Verde, da Freeport-McMoRan, e o ativo de cobre Condestable, da Southern Peaks Mining, contam com a certificação da empresa, que utiliza avaliações independentes para certificar a produção responsável de cobre, molibdênio, níquel e zinco.

No Chile, já existem 12 minas certificadas e outros 10 projetos “que receberão a certificação no ano que vem. Esperamos que o Peru siga este exemplo e que mais empresas apresentem solicitações”, disse Balleny durante um painel sobre sustentabilidade.

Especialistas apontaram recentemente que a certificação se tornará cada vez mais importante e que o país precisaria estabelecer uma meta para que 85% dos produtores do metal vermelho obtenham uma certificação até 2025.

Os participantes do evento também concordam que a gestão hídrica é outro aspecto a melhorar e que devem ser incorporadas tecnologias para eliminar o uso de água doce.

Até 2030, metade das necessidades de água de Quellaveco, da Anglo American, serão cobertas por água não doce, mas Diego Ortega, vice-presidente de assuntos corporativos da Anglo American Peru, contou que até 2025 o ativo chileno Los Bronces cobrirá 45% de suas necessidades com água dessalinizada, substituindo progressivamente a água salgada por águas residuais.

“Temos uma expertise muito elevada em gestão hídrica, que com certeza pode ser aproveitada pelo Executivo para buscar soluções de longo prazo, pensando não só na água, mas também nas mudanças climáticas”, avaliou Ortega durante sua apresentação. Ele também convidou a ministra do Meio Ambiente, Albina Ruiz, para que trabalhem em conjunto.

As empresas poderiam obter economias e aumentar a eficiência ao se concentrar nos processos de produção, afirmou Joshua Meyer, presidente da linha de negócios de serviços da FLSmidth.

“Acho que há muita ênfase na redução de emissões na etapa de transporte do minério, mas, se colocarmos mais foco nos processos da planta, pequenas mudanças podem ter impactos muito grandes por tonelada, por quilo, por libra. A planta é onde se consome energia e água durante todo o processo”, ressaltou.

De acordo com Meyer, a FLSmidth instalou uma ferramenta digital de controle de processos avançados que reduziu o consumo anual de água em 14%, o equivalente a 5 milhões de metros cúbicos por ano. “Isso representa uma economia de US$ 6 milhões para a mina. Costumava-se acreditar que a sustentabilidade tinha um custo, mas agora vemos que ela traz economia”.