Ministro do Uruguai promete defender projeto hídrico de US$ 250 mi

Adrián Peña, ministro do Meio Ambiente do Uruguai, disse que usaria “dentes e garras” para defender o projeto de tratamento de água Neptuno, estimado em US$ 250 mi, criticado por funcionários e representantes de trabalhadores da estatal OSE.

“O que estamos buscando é uma solução para que todos tenham acesso à água potável, que está ameaçada no momento”, disse Peña à Rádio Montecarlo, acrescentando que o abastecimento de água na capital Montevidéu está sob pressão há três verões consecutivos.

Peña acrescentou que defenderia o projeto, “porque é o maior investimento em água potável em 150 anos”, disse ele ao jornal La Red 21.

O projeto Neptuno, apresentado por um consórcio formado pelas empresas privadas Saceem, Fast Tecnología Industrial, Berkes e Construcciones e Instalaciones Electromecánicas, prevê a construção de uma estação de tratamento de água potável em Arazatí, departamento de San José, que abastecerá Montevidéu por meio de um duto de 81 km, bem como partes dos departamentos de San José e Canelones.

No entanto, a iniciativa foi contestada por funcionários da OSE sob alegações de que representa a privatização dos serviços de água que deveriam ser prestados pelo Estado.

Em abril, quando a diretoria da concessionária votava a viabilidade do projeto, um diretor alinhado ao partido de oposição Frente Amplio votou contra Neptuno, argumentando que isso poderia levar à privatização dos serviços no Uruguai, pois o consórcio que havia proposto o desenvolvimento também a operaria por 30 anos.

Esse funcionário, o ex-subsecretário de energia e mineração Edgardo Ortuño, mais tarde classificou o projeto como “inconstitucional”, uma postura compartilhada pelo principal sindicato de trabalhadores da OSE, o FFOSE, pois ambos argumentam que um plebiscito de 2004 exigia que os serviços de água fossem administrados pelo Estado.

“Não duvidamos da necessidade de aumentar a água potável disponível para a região metropolitana [de Montevidéu], mas rejeitamos a ideia de que isso seja feito por meio de um negócio com lucro privado em detrimento do dinheiro do Estado, com prazos de décadas, cujos custos serão transferidos para as tarifas [de água] e, portanto, para a população”, declarou o sindicato em um comunicado separado para o La Red 21.

Em resposta, o ministro Peña disse que a OSE já celebrou vários contratos de concessão para muitos serviços, pelo que seria viável que o mesmo fosse feito no caso de Neptuno.