Peru deve reativar a exploração de mineração com urgência

O Peru perdeu potencial de mineração porque, entre outros fatores, sua regulamentação ambiental resultou em menos atividades de exploração, embora a demanda internacional continue aumentando.

A pandemia só agravou as dificuldades e gerou uma situação em que o país se tornou mais caro no médio prazo, destacou Miguel Cardozo, diretor do Instituto de Engenheiros de Minas do Peru (IIMP) e CEO da Alturas Minerals, durante o evento Perumin.

“Em 2020, quando o investimento em exploração mineral caiu 18% no mundo, no Peru ele caiu 31%. Embora a recuperação tenha sido de 18% em 2021, o mundo recuperou 35% no mesmo período”, disse o executivo.

A tramitação das licenças é fundamental para colocar o Peru de volta no caminho certo, acrescentou. “Além de burocráticos, os processos estão fazendo com que as licenças ambientais demorem mais, entregando-as em prazos de 18 meses ou até mais”, comentou.

Consequentemente, o Peru já caiu para o último lugar no Índice de Competitividade da Mineração, elaborado pelo IIMP e a Macroconsult. “Se ficamos confiantes porque temos potencial geológico para ter sucesso, estamos errados. Hoje há mais exploração no Equador e na Colômbia”, acrescentou o executivo.

No evento, o Ministério da Economia e Finanças (MEF) apresentou uma carteira com 43 projetos por um total de US$ 53,17 bilhões, embora seu desenvolvimento esteja ameaçado por entraves burocráticos e bloqueios.

De acordo com Cardozo, incentivos como mudanças regulatórias e isenções fiscais só demonstram que o governo reconhece os riscos e as dificuldades de alcançar as projeções de recuperação.

No entanto, o presidente do Conselho de Ministros, Aníbal Torres, assegurou durante o evento que “o governo vai promover a exploração mineral. Sem projetos de exploração, não há mineração no futuro. Vamos trabalhar para que os investidores tenham a garantia de que os investimentos no Peru são seguros”.

REGIÕES

As operações de mineração não são apenas cruciais para o PIB nacional, mas também para as províncias produtoras de cobre.

Áncash depende de Antamina, Apurímac de Las Bambas, Arequipa de Cerro Verde, Junín de Toromocho, Moquegua de Cuajone e Tacna de Toquepala.

Quando Las Bambas interrompeu as operações por mais de 50 dias este ano, o PIB de Apurímac caiu 33% no segundo trimestre, segundo a agência nacional de estatísticas. “Existem várias regiões ‘no vermelho’ porque a vida útil de seus projetos é inferior a 20 anos. Se essas reservas não forem repostas, as regiões ficarão sem produção [e tributos]”, alertou Cardozo.