Peso forte eleva custos de mineradoras com foco no México

A valorização do peso mexicano afetou os custos operacionais e os resultados financeiros de algumas mineradoras de metais preciosos com foco no México no segundo trimestre de 2023.

Em relatórios trimestrais e teleconferências de resultados, executivos das empresas de mineração Fresnillo, Grupo México (controlador da Southern Copper) e Torex Gold Resources disseram que as pressões de custo continuaram desde o primeiro trimestre.

O peso valorizou 13,9% frente ao dólar nos primeiros seis meses do ano e 5,65% no segundo trimestre, segundo dados do CIBanco.

Controlada pela Industrias Peñoles, a Fresnillo teve lucro bruto de US$ 283 milhões e Ebitda de US$ 351 milhões no primeiro semestre de 2023, queda de 22,7% e 23,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, respectivamente.

“Embora tenhamos feito um bom progresso operacional, estamos enfrentando custos mais altos em todo o negócio devido à inflação, bem como o impacto material da reavaliação do peso em relação ao dólar americano, que resultou em um impacto na lucratividade no período”, O CEO da Fresnillo, Octavio Alvídrez, disse em um relatório de resultados provisórios para os seis meses até 30 de junho.

Fresnillo, maior produtor mundial de prata, reportou custos de produção ajustados de US$ 774 milhões no segundo semestre de 2023, um aumento de 17,4% em relação ao ano anterior, principalmente devido ao aumento do peso em relação ao dólar e à inflação de custo subjacente.

“Esses dois fatores combinados resultaram em uma inflação de custo em dólares americanos de 13,4%, o que aumentou o custo de produção ajustado em US$ 86,6 milhões”, acrescentou a mineradora listada em Londres em seu relatório.

“O [fator] mais importante, aquele que teve o efeito mais importante no período, foi a reavaliação do peso mexicano”, disse o CFO da Fresnillo, Mario Arreguin, durante a teleconferência de resultados do segundo trimestre da empresa.

A Industrias Peñoles também informou em seu relatório à Bolsa de Valores mexicana (BMV) que, embora as receitas de vendas no trimestre tenham superado as do segundo trimestre de 2022 devido aos preços mais altos dos metais preciosos e maiores volumes vendidos, “esse benefício foi afetado por um aumento no custo das vendas causada pela forte valorização do peso em relação ao dólar americano”.

O conglomerado mexicano disse que a valorização média de 11,6% neste ano impacta os custos de produção incorridos em pesos, sendo que cerca de 50% desses custos são denominados em pesos.

Grupo México

O Grupo México, controlador da Southern Copper, disse que o peso esteve sujeito a oscilações nos últimos cinco anos, com uma valorização de 10,9% em relação ao dólar devido ao regime de câmbio flexível adotado pelo Banco Central.

Apesar da alta proporção das vendas do Grupo México faturadas em dólares, uma parte essencial do custo de suas operações (aproximadamente 43%) é denominada em pesos, o que afeta negativamente os resultados operacionais, afirmou a empresa em seu relatório do segundo trimestre de 2023 ao BMV.

“O Grupo México possui ativos e passivos significativos denominados em dólares americanos e, por ter passivos líquidos denominados em pesos mexicanos, está exposto a perdas cambiais quando o valor do peso diminui em relação ao dólar americano”, acrescentou.

Torex

Enquanto isso, a Torex Gold, com sede em Toronto, disse em seu relatório de resultados do segundo trimestre de 2023 que os custos de caixa totais da empresa e os custos de manutenção all-in para o ano estão tendendo para o limite superior da faixa guiada de US$ 740-US$ 780/oz e US$ 1.080-US$ 1.130/oz, respectivamente, principalmente devido à contínua valorização do peso.

“Os gastos de capital não sustentáveis relacionados ao desenvolvimento do projeto Media Luna estão tendendo para o limite inferior da faixa guiada de US$ 390 milhões a US$ 440 milhões em 2023”, acrescentou o minerador.

Durante a teleconferência de resultados do segundo trimestre da empresa, a mineradora mencionou uma exposição de capex de 45% de seu projeto Media Luna de US$ 875 milhões ao peso mexicano.

Jody Kuzenko, presidente e CEO da Torex, disse: “Para cada movimento de um peso na taxa de câmbio, isso afetaria o capital do nosso projeto em cerca de US$ 15 milhões para toda a vida útil do projeto até o final de 2024”.

“Obviamente, parte disso teria sido realizado nas despesas incorridas até o momento. Eu, provavelmente, diria que talvez sejam cerca de US$ 5 milhões dessa pressão incremental realizada em nosso gasto de capital até o final de junho”, acrescentou ela.

“Além disso, espera-se que aproximadamente 40% a 50% das despesas de capital restantes do projeto Media Luna sejam denominadas em pesos mexicanos”, disse

A Torex é proprietária da mina de Morelos, no cinturão de ouro de Guerrero, no México, que inclui o complexo ELG (foto), o projeto Media Luna e infraestrutura relacionada. Morelos é a única mina em operação da empresa.