Petrobras começa a montar mais um supercomputador

A Petrobras iniciou a montagem de mais um supercomputador, que será o seu quinto.

Batizado de Gaia, a máquina de processamento de alta capacidade (HPC) está sendo fornecida pela Dell, disse um porta-voz da Petrobras à BNamericas, como parte de uma licitação de R$ 76 milhões (US$ 14,55 mi) vencida no ano passado pela empresa de hardware norte-americana.

A previsão é de que o supercomputador comece a operar ainda neste trimestre no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento e Inovação da Petrobras (Cenpes), no Rio de Janeiro.

Segundo a petrolífera, o Gaia terá uma capacidade de processamento de 7,7 petaflops, equivalente a 1,5 milhões de smartphones ou 40 mil notebooks, além de um consumo energético estimado de 574 kW.

Isto deve aumentar a capacidade total de processamento de computadores da Petrobras de 63 para cerca de 70 petaflops, segundo estimativas da BNamericas.

Em comparação, Pégaso, o supercomputador anterior da empresa – que a Petrobras afirma ser o maior e o quinto mais poderoso da indústria global de petróleo e gás –, tem capacidade de processamento de 21 petaflops e consumo de energia de 1,5 MW.

NOVO FORNECEDOR

Gaia será o primeiro supercomputador da Petrobras que não é montado e implantado pela Atos.

O grupo francês de TI foi o fornecedor das quatro máquinas HPC existentes da empresa – incluindo Pégaso, que começou a operar em plena capacidade em dezembro passado. Por ordem de ativação, os demais são Atlas, Dragão e Fênix.

A Dell começou a entregar o Gaia para a Petrobras em dezembro.

Raymundo Peixoto, vice-presidente regional de soluções de datacenter da Dell, disse à BNamericas em outubro que a empresa estava focada em garantir novos – e mais robustos – contratos de HPC com grandes indústrias, como nos setores de petróleo e gás e serviços públicos, enquanto reforçava a aposta em empresas de prospecção de médio porte nos setores financeiro e de varejo.

Ele disse na ocasião que a Dell Technologies tem “algumas dezenas” de projetos relacionados à supercomputação em desenvolvimento no Brasil, México e Chile, nestes dois últimos com aplicativos voltados principalmente para usos científicos.

USOS

O objetivo com o Gaia é melhorar as ferramentas de processamento de imagens sísmicas para obter reproduções de ultra alta definição de camadas rochosas subsuperficiais, disse a Petrobras em comunicado.

“O Gaia se dedicará ao desenvolvimento de novos algoritmos de imagem para a Petrobras, em diferentes cenários de maturidade tecnológica, com foco especial em técnicas de Mínimos Quadrados e FWI [full-waveform inversion, ou “inversão de forma de onda completa”, em tradução livre] elástico, além de aplicações que utilizam aprendizado de máquina”, disse o diretor de transformação digital da Petrobras, Paulo Palaia.

A imagem de mínimos quadrados usa métodos matemáticos para construir e melhorar as imagens, revelando detalhes que não são visíveis na imagem tradicional. A FWI é um método de imagem sísmica para recuperar parâmetros de mídia de subsuperfície com alta resolução.

A Petrobras afirmou que poderá desenvolver modelos mais precisos do que os existentes sobre as características das rochas, como dureza e presença de líquidos como água, gás e óleo.

Com isto, a empresa espera obter resultados mais precisos, além de reduzir tempos e custos nas atividades de E&P. Cada poço na camada pré-sal pode custar entre US$ 70 e 100 milhões, desde a perfuração até a conclusão.

“A precisão gerada pelo estudo geofísico dos modelos desenvolvidos com essas novas tecnologias aumenta a probabilidade de sucesso na escolha de uma área e na previsão do comportamento da rocha durante a perfuração de um poço”, explicou o chefe de exploração e produção da Petrobras, Fernando Borges.

As capacidades de processamento do Gaia serão aplicadas nos campos do pré-sal, que são responsáveis por 74% da produção da empresa, bem como em novas fronteiras de exploração, particularmente na Margem Equatorial, ao norte-nordeste do Brasil.

A data para o início da campanha de perfuração da Petrobras na Margem Equatorial, no entanto, ainda não foi definida, detalhou  à BNamericas porta-voz da estatal brasileira.

A Petrobras planejava originalmente iniciar a exploração na bacia offshore da Foz do Amazonas no final de 2022, mas a campanha ainda está sujeita à autorização do Ibama.

O investimento em Gaia faz parte de um plano de capex de cinco anos de US$ 2,1 bilhões para P&D e inovação anunciado recentemente pela Petrobras. Este valor é 24% superior aos US$ 1,6 bilhão previstos no plano de capex anterior.