Petrobras começa a receber ofertas para rede de fibra terrestre

A Petrobras está iniciando o processo de recebimento de ofertas vinculantes para a venda de sua rede nacional de fibra terrestre, processo que havia sido anunciado em 28 de outubro.

Em um comunicado divulgado na última quarta-feira (28), a gigante do petróleo afirmou que os “potenciais compradores classificados” receberão uma carta-convite com instruções sobre os próximos passos, incluindo diretrizes para a realização de due diligence e a apresentação de propostas vinculantes.

A EY está assessorando a Petrobras na venda. O grupo de serviços profissionais foi responsável por receber as manifestações de interesse e qualificar as empresas aptas a concorrer.

A rede de fibra é distribuída ao longo de oleodutos e gasodutos da região Nordeste do país até o Sul, com uma rota separada no Norte.

São cabos enterrados, em sua maioria com 36 fibras óticas, acondicionados em tubos de polietileno de alta densidade (PEAD) que, segundo a Petrobras, oferecem “maior proteção e versatilidade de manutenção”.

A BNamericas detalhou toda a rede onshore, bem como a forma como a venda será dividida em quatro blocos regionais, aqui.

Devido ao comprimento e à distribuição da rede, além do fato de que os cabos já estão implantados e “protegidos”, a fibra terrestre da Petrobras pode ser um ativo interessante para provedores atacadistas de telecomunicações.

Isso vale especialmente para empresas de rede de fibra neutra e seus respectivos investidores – como CDPQ, BTG Pactual e IHS Towers.

DESINVESTIMENTOS

O lançamento da fase vinculante referente à venda da rede ocorre a menos de quatro dias da mudança de governo – e também da gestão da própria empresa.

O senador Jean Paul Prates, do Partido dos Trabalhadores (PT) do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é o candidato mais forte para o comando da Petrobras no próximo governo.

O presidente eleito, que toma posse no domingo, ainda não divulgou as indicações para a presidência da estatal e para o ministério de Minas e Energia. Não está claro como o novo governo lidará com a política geral de desinvestimentos da Petrobras, mas a venda de refinarias e ativos de gás natural provavelmente será interrompida.

“Não houve discussão sobre o que já foi vendido, mas sobre o que deve ser feito daqui para a frente. Não haverá política de recompra generalizada”, disse à BNamericas uma fonte próxima a Lula, sob condição de anonimato, em novembro.

“A ideia é interromper os desinvestimentos na área de refino e gás natural da Petrobras”, acrescentou a fonte.

A companhia afirmou que a venda da rede de fibra está alinhada com suas normas internas e com a estratégia de desinvestimento de ativos de empresas controladas pela administração federal, prevista em um decreto assinado em 2017 durante o governo Michel Temer.

“Essa operação está alinhada à estratégia de otimização do portfólio e à melhora de alocação do capital da companhia, visando à maximização de valor e maior retorno à sociedade”, destacou a Petrobras no comunicado.