Protestos com bloqueio de estradas voltam a ameaçar economia boliviana

A Bolívia está mais uma vez enfrentando protestos com bloqueios de estradas que ameaçam uma economia já enfraquecida.

Um grande protesto eclodiu no sábado no departamento de Beni, onde cooperativas de mineração bloquearam as estradas de acesso ao município de Riberalta para protestar contra a prisão de 57 pessoas na semana passada, durante uma operação contra operações ilegais de mineração de ouro.

A Federação Nacional das Cooperativas (Fencomin) divulgou nota exigindo a soltura, alegando que os garimpeiros estavam sendo torturados pela polícia.

Na segunda-feira (17), moradores de Riberalta relataram falta de combustível.

Bloqueios de estradas também foram erguidos no departamento de Cochabamba, onde os municípios de Colcapirhua e Tiquipaya estão envolvidos em um conflito de 25 anos por uma área de 8 km² reivindicada por ambos.

Na semana passada, Tiquipaya tentou realizar obras de pavimentação na área, o que provocou confrontos violentos e bloqueios (na foto), informou o jornal local Opinión. Os bloqueios foram suspensos na quinta-feira (13), depois que os prefeitos assinaram um acordo.

Os bloqueios afetaram uma das principais ligações entre Cochabamba e a parte ocidental da Bolívia, e a federação empresarial privada FEPC estimou as perdas dos protestos de três dias em cerca de 75 milhões de bolivianos (US$ 11 mi).

“Estamos preocupados com a frequência alarmante desses conflitos”, disse a FEPC em um comunicado.

Os protestos também eclodiram no departamento de Santa Cruz na segunda-feira (17), mas foram dissolvidos horas depois, depois que a capital do departamento se comprometeu a realizar obras hospitalares e rodoviárias exigidas pelos manifestantes, informou o jornal local El Deber.

O bloqueio de estradas tornou-se um marco nos protestos na Bolívia e um dos maiores ocorreu no início deste ano em Santa Cruz, após a prisão do governador da oposição, Luis Fernando Camacho, por acusações relacionadas aos protestos de 2019 que levaram à renúncia do então presidente Evo Morales.

Em março, o país também foi afetado por uma ação semelhante no Peru, quando uma importante passagem de fronteira foi fechada em meio à instabilidade política no país vizinho, causando perdas de cerca de US$ 350 milhões em termos de importações e exportações interrompidas.

O FMI espera que a economia boliviana cresça 1,8% este ano.