Quem está comprando petróleo venezuelano?

As exportações venezuelanas de petróleo bruto mais do que duplicaram desde 2021, impulsionadas por uma aliança com o Irã, maiores swaps de reembolso de petróleo por empréstimos, e também pelo regresso parcial da Chevron ao país, de acordo com a Administração de Informação sobre Energia dos EUA (EIA).

Em seu último resumo de análise do país sobre a Venezuela, a EIA informou que as remessas do combustível fóssil aumentaram para cerca de 621 mil b/d em 2023, ante 263 mil b/d em 2021 e 442 mil b/d em 2022.

A entidade acrescentou que a cooperação com o Irã de 2020 a 2023 resultou em maiores importações de diluentes, aumentando a disponibilidade de petróleo bruto pesado para exportação.

“Além disso, a partir de 2022, o Irã e a Venezuela aceleraram os swaps de petróleo bruto, trocando o petróleo bruto pesado do Orinoco venezuelano por condensados, que podem ser usados para misturar e diluir o petróleo bruto do Orinoco para exportação”, explicou a entidade norte-americana.

A EIA também avalia que os swaps permitiram à Venezuela utilizar petróleo bruto iraniano para as suas próprias refinarias, aumentando assim os volumes de petróleo leve disponíveis para exportação.

Além disso, a italiana Eni e a empresa espanhola Repsol retomaram o petróleo para swaps de empréstimos, enquanto a Chevron beneficiou de uma licença temporária para reiniciar as operações nas suas quatro joint ventures com a estatal venezuelana PDVSA.

EXPORTAÇÕES EM DETALHES

A China foi o maior comprador de petróleo venezuelano em 2023, respondendo por 68% das suas exportações, segundo a EIA. Seguiram-se Estados Unidos (23%), Espanha (4%), Cuba (4%) e Singapura (1%).

Fonte: Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA)

“Desde as sanções de 2019, uma parte significativa das exportações de petróleo bruto da Venezuela tem feito parte de acordos de petróleo por empréstimos, que consistem em reembolsos de dívidas, em vez de a PDVSA receber pagamentos reais pelas entregas de petróleo bruto”, afirmou a EIA.

“É notável que uma parte significativa das exportações da Venezuela foi fornecida à China como parte dos seus acordos de petróleo por empréstimos, nos quais a China emprestou cerca de US$ 50 bilhões à Venezuela em troca de entregas de petróleo bruto ao longo da última década.”

"A isenção anterior da Chevron aumentou a sua produção para 135 mil b/d em 2023, e esperamos que a produção da Chevron na Venezuela atinja 200 mil b/d até ao final de 2024."

PERSPECTIVAS DE PRODUÇÃO

Como parte da sua análise, a EIA afirmou que o crescimento da produção petroleira venezuelana seria limitado neste ano, sem mencionar a decisão de Washington, em janeiro, de restabelecer as sanções que foram temporariamente levantadas em outubro de 2023.

“Grande parte da capacidade e infraestrutura de produção de petróleo bruto da Venezuela sofreu com uma falta de capital e manutenção regular que durou uma década”, conclui a entidade.