Setor privado impulsiona investimento na infraestrutura tecnológica do Equador

Dos US$ 900 milhões investidos na infraestrutura tecnológica do Equador no ano passado, cerca de 90% vieram do setor privado “em coordenação com o governo”, segundo o Ministério de Telecomunicações e da Sociedade da Informação (Mintel).

A pasta não divulgou números comparativos anuais nem detalhes específicos sobre os investimentos.

Em uma declaração em que elogia os resultados de um estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sobre a conectividade digital do Equador, o ministério afirmou que o país está bem posicionado na região em termos de conectividade e está avançando em áreas importantes da transformação digital.

O Equador é uma nação “que quer reduzir a exclusão digital para que os cidadãos tenham acesso ilimitado à Internet e a novos conhecimentos, que proporcionam oportunidades econômicas e sociais”, destacou a ministra Vianna Maino.

Apesar das observações de Maino, o governo vem enfrentando uma forte reação do setor móvel privado e sua câmara empresarial depois que a agência reguladora Arcotel suspendeu a renovação das licenças de espectro das operadoras locais.

“A interrupção deste processo, por motivos não imputáveis às operadoras, tão perto do fim das concessões e sem que [a Arcotel] tenha optado por mecanismos legais que permitam a continuidade das negociações em um período maior, causa incerteza e instabilidade no setor”, disse a GSMA em um comunicado em julho.

A associação internacional destacou que a suspensão prejudica a segurança jurídica e a previsibilidade, necessárias para garantir a continuidade dos “investimentos intensivos” exigidos pelo mercado local de telecomunicações.

Uma recente análise de mercado realizada pela 5G Americas coloca o Equador no final da lista de mercados latino-americanos com maior espectro atribuído para serviços móveis, com 280 MHz.

O investimento privado e os esforços para reduzir a exclusão digital estão travados por conta da situação política da nação andina.

“As questões de desenvolvimento digital não estão entre as prioridades diante de uma situação política e social muito deteriorada, com o candidato a presidente Fernando Villavicencio assassinado em plena campanha e, menos de um mês antes, o crime relacionado ao prefeito da cidade de Manta, Agustín Intriago”, disse Andrés Piazza, codiretor do centro de estudos de desenvolvimento digital IDD-LAC, em entrevista à BNamericas em agosto.

O Equador realizará o segundo turno das eleições em 15 de outubro, entre Luisa González e Álvaro Noboa.

Nas eleições presidenciais de 20 de agosto, a ex-deputada González, aliada do ex-presidente de esquerda Rafael Correa, e Noboa, filho do empresário e cinco vezes candidato à presidência Álvaro Noboa, ficaram em primeiro e segundo lugar, respectivamente.

“Uma vez que o governo consiga se firmar, e a atual situação de extrema fragilidade seja resolvida, é de se esperar que o desenvolvimento digital comece a estar na ordem do dia”, concluiu Piazza.