Siderúrgicas anunciam planos de investir R$ 100 bi no Brasil até 2028

As siderúrgicas que atuam no Brasil delinearam planos para investir R$ 100 bilhões (US$ 19,6 bi) em suas operações, à medida que tentam afastar o que descrevem como concorrência desleal das empresas chinesas.

Os investimentos serão feitos até 2028 e foram anunciados por representantes do setor durante reunião com autoridades do governo federal.

O anúncio ocorre poucas semanas após o governo brasileiro ter aumentado as tarifas sobre as importações de aço chinês – em resposta às exigências das siderúrgicas locais –, além de ter implantado cotas de importação para 11 produtos siderúrgicos da China por um período de 12 meses.

“Há uma concorrência desleal dos produtos chineses. O que a China está tentando fazer é exportar desemprego e há pouco o que se fazer contra isso, mesmo com imposição de tarifas”, disse à BNamericas Fernando Del Roy, diretor de marketing, suprimentos e inteligência de mercado do Grupo Açotubo, um dos maiores distribuidores de aço do Brasil.

“Acredito que uma solução só aconteça quando a China, por motivos domésticos, decidir terminar com as práticas que estão provocando excesso de produção de aço por lá”, acrescentou.

Além do aço, as importações de outros produtos produzidos na China, como veículos elétricos, também sofreram aumentos significativos, impactando a balança comercial do Brasil. Após registrar um superávit comercial recorde de US$ 98,8 bilhões no ano passado, espera-se que o montante diminua substancialmente em 2024.

“Este ano o superávit comercial deverá ficar entre 80 e 85 bilhões de dólares, não repetindo o recorde do ano passado, entre outros fatores, porque as importações vão ganhar força, principalmente com um aumento agressivo de produtos importados da China”, comentou à BNamericas José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).