Telefónica preocupada com incertezas sobre concessões no Equador e Argentina

A Telefónica está preocupada com os processos de renovação de concessões no Equador e negociações de licitação de espectro na Argentina, e como ambos se comportariam em termos de custos de suas operações no restante do ano.

“Não tenho certeza se acontecerá em 2023”, disse Laura Abasolo, diretora de operações da América hispânica (HispAm), em uma teleconferência na quinta-feira (27) sobre a redução desses custos extras no ano atual.

“Na HispAm, estamos sendo muito pragmáticos e orientados financeiramente em relação ao espectro”, ela afirmou, mas “temos incertezas sobre a renovação da concessão do Equador, pois pode ser adiada por conta das mudanças políticas”.

Em maio, o regulador Arcotel decidiu suspender por 120 dias as negociações de renovações de espectro com a Telefónica, cuja licença expiraria em novembro, bem como com a América Móvil, cuja licença expira no próximo mês.

A GSMA, que representa as duas operadoras afetadas – Movistar e Claro – criticou fortemente a decisão, classificando-a como “um dos eventos mais significativos no portfólio nacional de telecomunicações nos últimos anos”, de acordo com um comunicado.

Quanto à Argentina, “há 3,5 GHz, mas não temos certeza se será [até] o final deste ano ou talvez daqui a um ano”, comentou Abasolo.

O país planeja uma licitação de 5G em meio à crise econômica e às tensões com as operadoras em relação aos controles de preços impostos durante a pandemia.

Embora a aprovação do caderno de encargos fosse esperada para o primeiro semestre, a falta de acordo está causando atrasos e o leilão pode ser adiado para 2024.

COLÔMBIA E URUGUAI

A Colômbia é outra fonte potencial de preocupação, embora menor. A Telefónica está solicitando que seu espectro AWS seja renovado apenas por um curto período devido “ao acordo que vamos assinar com a Millicom porque precisamos de menos espectro nesse cenário”, disse Abasolo.

Movistar e Tigo, subsidiárias colombianas da Telefónica e da Millicom, anunciaram em junho um acordo para o desenvolvimento de uma rede compartilhada de acesso móvel.

A BNamericas informou em fevereiro que a Movistar estava de olho em um acordo de compartilhamento na Colômbia.

Enquanto isso, no Uruguai, onde a unidade local da Movistar garantiu blocos na banda de 3,5 GHz em uma licitação de 5G em maio, a Telefónica já pagou 25% da taxa de licenciamento, segundo Abasolo.

Os resultados da HispAm foram sólidos e estáveis, apesar do difícil ambiente competitivo, disse ela. Os ventos favoráveis incluíram câmbio mais favorável e taxas de juros em queda, inclusive no Brasil.

MONETIZANDO REDE DE FIBRA E AI

A Telefónica HispAm anunciou duas importantes transações nas últimas semanas.

Além do memorando de entendimento sobre compartilhamento com a Tigo Colômbia, a empresa se associou novamente ao fundo norte-americano KKR, além da Entel Chile, para criar a empresa atacadista de fibra neutra On Net no Peru. A unidade pretende passar 5,2 milhões de instalações com fibra no final de 2026, dobrando a pegada atual.

“Continuamos com a execução de nossa estratégia para reduzir a exposição à região e tornar o negócio mais rentável”, explicou  Abasolo.

Ambos os negócios se somam ao projeto de corte de custos e alienação de ativos de longa data da Telefónica.

“Em termos de grupo, a Telefónica Tech continua superando seu mercado com sólido crescimento de receita e continua sendo uma fonte de valor, enquanto a Telefónica Infra desenvolve ainda mais nossos veículos de fibra e busca oportunidades de consolidação”, afirmou o CEO José-María Álvarez-Pallete.

Em todo o mundo, a Telefónica afirma ter passado 90 milhões de instalações em áreas mal atendidas e/ou de baixa densidade com fibra.

Em nível global, Álvarez-Pallete também explicou que 32 telcos já aderiram à Open Gateway Initiative e que o grupo está “promovendo o desenvolvimento de casos de uso baseados em inteligência artificial”.