Bolívia promove estratégia para industrializar lítio e fabricar baterias

A Bolívia oficializou convênios com duas gigantes da cadeia mundial do lítio: a chinesa Citic Guoan e a russa Uranium One, que se unem ao acordo com o consórcio asiático Catl Brunp & Cmoc (CBC).

As três iniciativas envolvem um investimento de US$ 2,8 bilhões e fortalecerão a estratégia boliviana de entrar nos mercados de baterias de íon de lítio e eletromobilidade, segundo uma nota do governo.

Os novos parceiros produzirão em conjunto 100.000 t/ano de carbonato de lítio equivalente (LCE) a partir de 2025 nos salares de Uyuni, Coipasa e Pastos Grandes. A chegada das empresas à Bolívia abre as portas para negócios relacionados com a transformação energética global.

Citic, Uranium e CBC são líderes tecnológicos e fabricantes de baterias para veículos elétricos. Já a CATL, parte do conglomerado chinês CBC, é a principal fornecedora de baterias para o setor automotivo e responde por 34,8% do mercado mundial, segundo a consultoria SNE Research.

A estratégia do lítio começou com uma fase de investigação, comentou Carlos Ramos, presidente da estatal Yacimientos del Litio Bolivianos (YLB), em entrevista a um programa do governo. Esta etapa incluiu uma licitação internacional para validar opções de tecnologia de extração direta [EDL] e acelerar a produção.

A EDL supera a técnica de evaporação em aspectos como melhor recuperação do conteúdo das salmouras, economia de água e a não dependência das condições climáticas.

CBC, Citic e Uranium, esta última parte da estatal russa de energia nuclear Rosatom, foram selecionadas na chamada e começarão a operar em aliança com a YLB.

A produção industrial seria a segunda fase da estratégia, acrescentou Ramos.

A Citic e a Uranium instalarão um complexo cada uma nos salares de Uyuni e Pastos Grandes, respectivamente, no departamento de Potosí. Os investimentos totalizarão cerca de US$ 1,4 bilhão e, juntos, produzirão 50.000 t/ano de LCE.

A empresa russa, por sua vez, contribuirá com 25.000 t/ano a partir de 2027, segundo informações de seu site.

A CBC construirá duas usinas, uma no salar de Uyuni e outra no salar Coipasa, disse no início do ano o ministro de Hidrocarbonetos e Energia, Franklin Molina. O investimento ultrapassa US$ 1,4 bilhão.

A política do lítio boliviano também faz parte da própria transição energética nacional. Até 2025, está estabelecido que o país deve ter uma matriz composta principalmente por projetos hidrelétricos e de energias renováveis, onde a produção de baterias de lítio para armazenamento será fundamental. A estratégia, segundo o Ministério de Hidrocarbonetos e Energia, define o seguinte cenário para 2025:

Fonte: Ministério de Hidrocarbonetos e Energia

O governo boliviano estima gastar US$ 35 milhões nesses projetos e, embora ainda precise identificar quais empresas serão responsáveis pelas unidades que faltam no esquema, a terceira parte da estratégia visa produzir cátodos e folhas de eletrodos para baterias, contou Ramos.

A Bolívia possui os maiores recursos de lítio do mundo, que, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos chega a 21 milhões de toneladas, mas sua produção ainda é baixa.

A Bolívia faz parte do triângulo do lítio, junto com Chile e Argentina, e está na mira das grandes potências.

Imagem: Salar Coipasa visto do espaço (Jacobs/ESCG NASA).