Os desafios da Telefónica no Peru

A Telefónica del Perú enfrenta complicações derivadas da pressão competitiva, inflação e decisões desfavoráveis da Suprema Corte em uma série de disputas fiscais.

Na segunda-feira (30), a agência de classificação de risco Fitch rebaixou o rating da empresa de BB+ para BB e estimou que sua posição no mercado se deteriorará com as decisões judiciais.

A Suprema Corte também concedeu o favor à autoridade tributária Sunat. A mídia local informou que as decisões implicam obrigações de cerca de US$ 854 milhões, enquanto a Fitch observou que o balanço da empresa incluía provisões totais de imposto de renda de 2,8 bilhões de soles (US$ 726 mi) em 30 de setembro.

Em comunicado, a Telefónica indicou que “embora a empresa tenha feito provisões suficientes ao longo do tempo em relação a esses processos, o impacto das decisões ainda é uma questão de avaliação e deve ser objeto de liquidação pela Sunat”.

Além disso, salientou que o montante dos litígios “tem aumentado exponencialmente devido aos juros gerados pela demora, não imputável à empresa, de quase 20 anos na tramitação dos litígios”. Isto faz com que o valor reclamado seja constituído por mais de 80% de juros e multas.

A Fitch estima que a Telefónica terá que buscar financiamento adicional e aportes de capital para cumprir suas obrigações de pagamento, o que afetará seu perfil financeiro.

Além disso, a forte concorrência obriga a aumentar o investimento, enquanto em paralelo a instabilidade política e a inflação continuam a atingir a economia. A concorrência se intensificou depois que Entel e Bitel entraram no mercado. Com uma participação próxima a 30%, a Telefónica mantém um empate técnico com a Claro .

A decisão da Telefónica de reduzir sua exposição na região também aumentou as pressões de custos em suas operações na América Latina.

A receita de janeiro a setembro de 2022 atingiu 5,4 bilhões de soles, o equivalente a 36,7% de sua receita total de telecomunicações. No entanto, as vendas de seus principais concorrentes cresceram em ritmo mais acelerado, segundo os últimos dados do regulador Osiptel.

A agência estatal Proinversión retomou uma licitação de 4G que teve que suspender no ano passado, processo para o qual a Telefónica já havia se pré-qualificado.

Embora continue sendo um player dominante, a participação da Telefónica no mercado fixo peruano vem diminuindo nas mãos dos provedores de fibra ótica. Em setembro, a Telefónica representava 54% das linhas fixas.

Os investimentos em fibra vêm se acelerando para acelerar a migração de clientes conectados por cabo de cobre. A empresa espera atingir 4 milhões de casas passadas em três anos.

A Fitch prevê um crescimento de ARPU de um dígito no mercado fixo, além de um mercado móvel mais estável, com maior demanda por banda larga. “Os esforços de contenção de custos devem resultar em uma modesta expansão do Ebitda”, diz a agência.

A Telefónica reduziu suas despesas operacionais principalmente por meio de menores gastos com reestruturação de pessoal e alcançou um Ebitda de 18,9% no terceiro trimestre de 2022, ante 12,8% no período homólogo de 2021, segundo o Osiptel.