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Perguntas e Respostas

A aposta da Hughes em um satélite poderoso para transformar os negócios

Bnamericas Publicado: terça-feira, 20 dezembro, 2022
A aposta da Hughes em um satélite poderoso para transformar os negócios

A Hughes Network Systems, controlada pela Echostar, está otimista enquanto espera pela decolagem do Jupiter 3, inovador satélite focado nas Américas, no ano que vem.

A empresa sediada em Maryland, que fornece equipamentos e serviços de banda larga via satélite, serviços gerenciados por meio de rede definida por software e operação geral de rede via satélite para consumidores, empresas, governos e comunidades, enfrentou uma intensa concorrência e condições macroeconômicas adversas, especialmente no serviço de internet HughesNet, o carro-chefe da companhia.

Os assinantes de banda larga da Hughes chegavam a 1,28 milhão no final do terceiro trimestre, uma queda de 61.000 em relação ao número registrado em 30 de junho, informou a Echostar.

As atuais limitações de capacidade, bem como as pressões da concorrência, impactaram as assinaturas dos consumidores. Na América Latina, onde está a maior parte dos clientes do HughesNet, os níveis de assinantes foram afetados por condições econômicas adversas, uma triagem mais seletiva dos clientes e a alocação de capacidade para aplicações corporativas e governamentais de maior valor econômico, de acordo com a Echostar.

Porém, as perspectivas para 2023 são boas, no geral, já que a Hughes se prepara para lançar um dos mais poderosos satélites no ano que vem, com extensa cobertura dedicada à América Latina.

Este mês, a empresa de comunicações via satélite de baixa órbita (LEO) OneWeb encomendou 10.000 terminais Hughes LEO para atender a clientes corporativos e governamentais. A Hughes também está preparando novos planos para os clientes e avançou com sucesso no backhaul para 5G via satélite, que será fundamental à medida que a tecnologia evoluir na América Latina.

Nesta entrevista, Daniel Losada, vice-presidente de vendas internacionais da Hughes, fala sobre pressões competitivas, perspectivas para 2023, oportunidades na América Latina e muito mais.

BNamericas: Como foi 2022 para a Hughes na América Latina e quais são as primeiras expectativas para 2023?

Losada: Como empresa, 2022 foi um ano muito bom para nós. Nosso maior desafio foi certamente no segmento de consumo. Estamos esperando que nosso novo satélite, Jupiter 3, entre em operação no próximo ano e nos leve de volta a uma trajetória de crescimento na parte de consumidores individuais.

[Nota do editor: a Hughes deve lançar o Jupiter 3 no primeiro semestre de 2023. Ele cobrirá as Américas e atenderá aos setores de consumo, pequenas empresas, corporações, governo, provedores de serviços e mobilidade. Com 2 a 3 vezes a capacidade de banda Ka do Jupiter 2, a expectativa é que o Jupiter 3 seja o maior satélite de comunicações comerciais do mundo quando for lançado.]

Em 2021, começamos a traçar uma visão que tínhamos para equilibrar nossos negócios entre o segmento residencial e o segmento empresarial, para que pudéssemos ter um fluxo de caixa mais equilibrado entre os dois segmentos. O ano de 2022 foi a consolidação desse plano. No final de setembro, aproximadamente 60% da receita da Hughes vinha de consumidores e 40% de empresas.

Estamos reformulando o negócio de consumo para focar em assinaturas de melhor qualidade, pessoas que ficam mais tempo e têm melhores ARPUs [receita média por usuário], ao mesmo tempo em que reequilibramos o fluxo de caixa com o aumento [da ponderação] dentro do [segmento] empresarial, em especial na nossa área de serviços gerenciados.

A maior parte dos nossos serviços gerenciados via satélite está nas Américas, onde temos nosso próprio segmento espacial, com satélites próprios.

Outras partes do setor corporativo, como SD-Wan e outras redes gerenciadas que podem ser meio independentes de transporte, continuamos desenvolvendo produtos, conquistando novos logotipos [clientes] e reforçando nossa posição. Entramos no Quadrante Mágico [serviço de recomendação de tecnologia do Gartner] por alguns anos consecutivos.

Então, 2022 foi um ano de transição para a empresa. Não só em termos de foco, do segmento residencial versus o empresarial, mas também de liderança. Nossa reestruturação está focada no crescimento e em novas oportunidades, orgânicas e inorgânicas.

[Nota do editor: o CEO da Hughes, Pradman Kaul, vai se aposentar no final do ano.]

BNamericas: E para 2023?

Losada: Para 2023, esperamos uma certa pressão porque, de novo, esperamos que Jupiter 3 corresponda em termos de faturamento.

Mas, devido ao trabalho que estamos fazendo no controle de custos, de continuar focando na geração de fluxo de caixa e olhar para novas ou melhores linhas de produtos, incluindo a expansão para novos mercados, as perspectivas são boas.

Temos duas partes no negócio de satélites: o segmento de hardware e o de serviços gerenciados, onde somos o provedor do espaço de satélite.

No negócio de hardware, capturamos algumas das maiores oportunidades e, portanto, veremos agora a consolidação disso no crescimento usando terminais e outros tipos de equipamentos à medida que essas redes amadurecem. Agora estamos vendo mais receitas recorrentes vindo daí.

No segmento de serviços gerenciados ou espaço para satélite, ao longo de 2023, no que diz respeito à venda de capacidade de satélite, veremos a entrada de novos concorrentes no mercado e, claro, com isso, uma certa pressão tanto em preço quanto em qualidade.

Mas estamos bastante comprometidos com nosso plano, estamos conectando novas interfaces para implantações de 5G, lançando nossos produtos, nossas soluções, basicamente prontos para implantações de 5G.

Não somos apenas um provedor de conectividade, mas uma plataforma de otimização para essas empresas de telecomunicações implantarem o 5G nas cidades e também estenderem os limites do 4G. Enfrentaremos a concorrência focando em tecnologia e inovação e trazendo novos produtos para o mercado.

BNamericas: Falando sobre ARPU, como vocês estão trabalhando para manter e elevar esses indicadores, considerando o cenário macroeconômico desafiador?

Losada: Em princípio, todo mundo quer mais conectividade e mais dados. Partimos desse ponto. Existem mais plataformas, novos conteúdos sendo lançados, então as pessoas precisam de mais serviços. Se você começar por aí, vai querer ter a certeza de que seu produto cumpre aquilo que propõe e se concentra nas pessoas que dão o valor adequado para, basicamente, os bits que você está entregando.

Estamos focando em pessoas que possam cobrir o nível de ARPU que queremos atingir, que ficarão conosco, e basicamente vamos “recompensá-las” por continuarem conosco de diferentes maneiras, com diferentes planos.

Na área corporativa, temos alguns planos de ponta que aumentam a ARPU geral, porque são aplicações que consomem muitos dados. Minas, hospitalidade, escolas, programas governamentais, coisas que tendem a consumir muita largura de banda, o que também nos ajuda a aumentar o rendimento geral da capacidade que temos.

Temos um ativo que é a nossa capacidade e estamos tentando tirar o máximo proveito disso, com consumidores ou empresas.

Com certeza, com a entrada do Jupiter 3 em operação e os novos planos com maior rendimento e mais capacidade, coisas assim, você verá naturalmente que nossos registros de ARPU aumentarão, porque as pessoas querem consumir mais.

BNamericas: Os satélites são fundamentais para levar conectividade a regiões de difícil acesso, ou seja, aquelas com topologia difícil e grandes áreas remotas como a América Latina. Ao mesmo tempo, muitos ainda consideram o satélite mais caro e com largura de banda limitada, em oposição à conectividade móvel terrestre. Como vocês respondem a isso?

Losada: Essa é a visão antiga das comunicações via satélite. Já está muito bem documentado e demonstrado que as comunicações por satélite absorverão grande parte do financiamento das telecomunicações no futuro.

Por quê? Porque com essa tecnologia você é onipresente, chega a todos os lugares, tem acesso imediato para fornecer conectividade a esses lugares que precisam. Através da inovação, você está vendo satélites muito poderosos entrando em serviço. O Jupiter 3, por exemplo. Satélites com mais de 500 Gbps de capacidade, com imensa densidade de capacidade em determinadas áreas.

Também vemos a conectividade terrestre como algo complementar às comunicações via satélite. Existem lugares que não necessariamente não têm cobertura, mas têm pouca cobertura. Muitos lugares que ainda usam fiação de cobre e têm suas limitações, passagem de poste, etc.

E, para as empresas, há um nicho muito interessante de satélites capazes de trazer essa segurança, que é um aspecto fundamental das topologias de rede hoje. Você chega aos lugares mais conectados do mundo e também terá antenas parabólicas nesses locais. Porque não é possível igualar a confiabilidade e a segurança proporcionadas pela conectividade via satélite.

Parceiros nossos, como OneWeb e outros, também estão lançando satélites LEO, que são complementares aos satélites GEO [de órbita geoestacionária]. Portanto, agora não existe apenas uma solução de baixa latência, mas também uma solução de baixo custo por bit, tudo em uma única plataforma.

Acho que o satélite agora é muito competitivo em relação a outras conectividades terrestres. Claro, se você pode levar uma fibra ótica a um local, não dá para igualar isso. Mas com certeza existem lugares onde você simplesmente não pode chegar com cabeamento.

BNamericas: O que vocês estão fazendo em termos de backhaul para 5G e 4G com satélite na América Latina?

Losada: Como o 5G tem essa visão de computação de borda, você só envia de volta [em termos de dados] o que é preciso enviar. Apenas os dados que precisam estar disponíveis para o usuário, que vêm do site remoto, devem ser enviados, o que é uma nova arquitetura em relação ao 4G ou 3G tradicional. Nesses casos, tudo precisa voltar para o núcleo [da rede]. Com o 5G, de novo, você envia apenas o que precisa enviar. É uma forma muito eficaz. Por isso, o 5G pode ser otimizado por meio de transferência via satélite.

Na maioria das vezes, você verá essas implantações de 5G em áreas urbanas ou talvez suburbanas. Todo aquele equipamento que foi implantado como 4G terá de encontrar um lugar, e então você começará a ver mais atualizações em outros lugares – de 2G e 3G para 4G. Eles vão exigir muito mais capacidade. E adivinha? A conectividade via satélite já está lá.

Acabei de colocar uma antena ali e aquele lugar já pode ter 20, 30, 100 mbps de conectividade. Talvez depois eles consigam colocar fibra, mas isso vai demorar muito. E pode não acontecer nunca. Enquanto isso, esse local recebe conectividade 4G, sem esperar por esse grande e longo avanço de infraestrutura.

Basicamente, todos os equipamentos de 4G serão movidos para áreas rurais, e faremos backhaul de conectividade para eles.

Cavar uma trincheira só por cavar para a última milha [de cabeamento] em todos esses lugares, quando há soluções de capacidade equivalente ou melhor usando satélite, não seria o melhor uso do orçamento.

LEIA TAMBÉM: O caminho da América Latina para o 5G

BNamericas: No segmento corporativo, o que está impulsionando a Hughes na América Latina?

Losada: Obviamente, programas governamentais de combate à exclusão digital são uma grande parte do que fazemos na região. Ganhamos esses grandes programas de conectividade escolar na Colômbia, Peru, México.

Estamos cobrindo a expansão do backhaul de celular. As empresas de telecomunicações que adquiriram espectro nos leilões têm como requisito alcançar todos esses locais. Então essa é outra maneira.

E depois vêm os outros grupos empresariais, das áreas de hotelaria, mineração, petróleo e gás. Upstream e downstream. Postos de gasolina, por exemplo.

O satélite nessas áreas é relevante para backup, com certeza, mas não só isso.

Então você verá o crescimento do satélite em hotelaria, em ecoturismo, por exemplo, em áreas remotas. Também há muitas oportunidades na mineração, e não só na mineração em si.

BNamericas: O que você quer dizer?

Losada: No Peru, por exemplo, para instalar uma mina em um determinado local, as mineradoras também devem oferecer serviços para as áreas vizinhas, de conectividade.

E, como eu disse, o satélite é uma forma muito segura de comunicação. Você nunca, ou quase nunca, vê incidentes de segurança em satélite, ao contrário de outras redes.

Acho que haverá algumas aplicações muito interessantes para executarmos tráfego seguro em transações bancárias e outros.

Uma das áreas em que nos saímos muito bem nos EUA é o varejo, as redes de supermercados. Essa é uma indústria que não acho que exploramos muito bem nas Américas e na qual quero trabalhar no próximo ano.

BNamericas: Como a empresa está se saindo com as petroleiras nacionais na América Latina? Empresas como a Petrobras estão usando Gilat e Sencinet para suas operações.

Losada: Toda a rede da Pemex é nossa. Eles usam nossa tecnologia para plataformas, sites, etc.

Em outros lugares, todas as comunicações por satélite da Saudi Aramco são atendidas com nossa tecnologia, por exemplo. Há uma série de empresas de petróleo em todo o mundo que usam nossa tecnologia, principalmente redes privadas próprias, por causa dos recursos que oferecemos.

A Ecopetrol e a Petrobras optaram por terceirizar muito disso. Elas não administram diretamente, mas terceirizam para a Sencinet, ou a Ecopetrol, na Colômbia, que usa a Claro para a maior parte.

No que diz respeito aos serviços gerenciados nessas empresas estatais de petróleo, claro, estamos conversando muito com elas sobre isso. Algumas estão bastante preocupadas com a terceirização da conectividade de gerenciamento.

Também temos negociações com os fornecedores. Muitos dos empreiteiros que atendem a essas empresas, como Halliburton e Schlumberger, usam nossos serviços para essas soluções de conectividade.

BNamericas: Para você, quais são as principais regiões em termos de negócios na América Latina?

Losada: O México tem o programa Internet para Todos para conectar as pessoas por meio da CFE. No início deste ano, a CFE implantou 6.000 sites e agora há outros 6.000 que estão tentando conectar. E a CFE, e como você sabe, também assumiu a Altán. Já temos sites com a Altán.

E há uma grande solicitação de proposta que será lançada em breve pela CFE para outros 1.000 ou 2.000 locais de backhaul. Portanto, o México será um mercado muito ativo para nós no ano que vem, com certeza.

No Brasil, embora eu não trate disso diretamente, sei que há muitas oportunidades de backhaul que entrarão em jogo com o 5G. O Chile também cresceu com a expansão das redes 5G.

Vai haver um forte crescimento na Colômbia no próximo ano, por causa do leilão de 5G programado para aquele país.

O Peru é um mercado incrível, temos muita capacidade lá. Mas tem enfrentado, como vocês devem saber, alguns problemas em relação à continuidade de alguns programas do governo. Provavelmente vamos focar no segmento corporativo.

O novo satélite Jupiter 3 tem muita capacidade, especialmente na Argentina, que tem sido um mercado que não conseguimos atender muito bem, porque nosso satélite atual só tem cobertura na parte ocidental do país.

Mas agora vamos ter cobertura em todo o país. Temos uma parceria com a Arsat para monetizar e realmente aumentar essa capacidade, para fazer algumas coisas interessantes na Argentina.

Eles estão lançando seus próprios satélites e estamos trabalhando com eles de maneira provisória. O país poderá usar nosso novo satélite nos próximos cinco anos ou mais, até que os novos satélites entrem em operação. Quando o satélite deles for lançado, esperamos que seja complementar ao nosso – desde que usem nossa tecnologia.

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