Argentina , Chile e China
Perguntas e Respostas

‘A desaceleração econômica da China pode diminuir a demanda do país por cobre e lítio’

Bnamericas Publicado: segunda-feira, 30 janeiro, 2023
‘A desaceleração econômica da China pode diminuir a demanda do país por cobre e lítio’

Os investimentos chineses são essenciais para o desenvolvimento dos negócios de mineração no Chile e na Argentina, mas nos dois países há uma preocupação com a economia do gigante asiático, que deve passar por uma contração no primeiro trimestre depois dos três anos de restrições governamentais para conter o avanço da Covid-19.

No Chile, o país compra uma proporção significativa do cobre produzido pela estatal Codelco e investiu em projetos de lítio, como a participação de 22% da Tianqi Lithium Corporation na SQM. Além disso, pode injetar outros bilhões em um empreendimento da empresa chinesa de eletromobilidade BYD para usar o metal branco para desenvolver uma cadeia de suprimentos de materiais para baterias.

Na Argentina, seu papel é ainda maior. As iniciativas apoiadas pela China incluem um acordo entre a fabricante de baterias Gotion High Tech e a estatal Jemse para construir duas usinas de produção de carbonato de lítio para baterias e a participação de 49,9% da Tsingshan Holdings no projeto Centenario Ratones, na província de Salta. A empresa anunciou no final de 2022 que dobrará o investimento inicial planejado com o objetivo de exportar US$ 4 bilhões de lítio anualmente a partir de 2024.

Deborah Tan, vice-presidente adjunta e analista de estratégia de crédito e pesquisa da Moody’s Investors Service de Singapura, conversou com a BNamericas sobre o que esperar da China.

BNamericas: Como você vê os investimentos chineses em projetos de mineração no Chile e na Argentina? Haverá mais investimentos do país asiático em 2023 e daqui até 2030?

Tan: Considerando que a Iniciativa do Cinturão e da Rota [BRI, na sigla em inglês] continua sendo uma estratégia econômica e geopolítica de longo prazo para o governo chinês, esperamos uma retomada dos investimentos no exterior nos próximos anos, apesar de algumas flutuações devido às mudanças nas condições globais. Na verdade, o valor do investimento direto chinês e dos contratos de construção liderados pela China se manteve estável, de modo geral, na América Latina desde o início da BRI até 2022.

BNamericas: Como a desaceleração econômica da China pode afetar seu domínio na importação de minerais essenciais para a transição energética, como lítio e cobre, da Argentina e do Chile?

Tan: A desaceleração econômica da China pode diminuir a demanda do país por cobre e lítio. No entanto, isso será contrabalançado pela forte demanda global por metais usados em tecnologia para energias renováveis. A China processa uma parcela significativa de metais de energia limpa usados no mundo, provocando uma forte demanda externa por produtos chineses.

Pensando em como isso pode afetar a Argentina e o Chile, a forte demanda global por baterias de íon-lítio, um dos principais componentes dos veículos elétricos, continuará sustentando os preços e a demanda por lítio proveniente da América Latina. A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que a demanda por baterias de lítio crescerá pelo menos 30 vezes em relação aos níveis atuais até 2040.

O crescimento econômico global mais fraco, vindo da China, dos EUA e da UE, pesaria sobre os preços do cobre. A oferta, por sua vez, continuará restrita, desafiada pela agitação social em algumas minas no Peru e incertezas no Chile, com a nova Constituição e a proposta de aumento dos impostos de mineração afetando as decisões de investimento.

Ao mesmo tempo, os teores de minério em declínio estão limitando o crescimento da produção de cobre no Chile. Portanto, as restrições de oferta e o crescimento adicional da demanda relacionada à transição energética sustentarão os preços do cobre acima das médias históricas.

BNamericas: Quais empresas chinesas têm maior presença no Chile e na Argentina?

Tan: Na Argentina, as empresas com presença significativa incluem CNOOC [China National Offshore Oil Corporation], Sinopec e China Energy Engineering. Já no Chile, são State Grid e China Minmetals (investimentos) e China Railway Construction.

BNamericas: A lei de redução da inflação nos EUA reduzirá o domínio da China como principal parceiro comercial do Chile?

Tan: O aumento dos incentivos para encorajar a adoção de tecnologia de energia limpa, tanto no nível do consumidor quanto no nível corporativo, provocará uma maior demanda dos Estados Unidos por metais de energia limpa. Mas ainda é muito cedo para dizer se a lei reduziria a posição atual da China como o maior parceiro comercial do Chile, e isso parece improvável no momento.

A China processa uma parte significativa desses metais extraídos, tem, de longe, a maior concentração de fundições de cobre e as principais refinarias de cobre também estão localizadas lá. Esses fatores sustentam a demanda por cobre extraído da China e levam o país a continuar importando minerais do Chile, mesmo que a produção chinesa para consumo próprio seja menor do que antes.

BNamericas: O acordo assinado entre a UE e o Chile é um risco para a participação chinesa no país?

Tan: A remoção de tarifas sobre quase todas as exportações da UE e o melhor acesso aos mercados europeus para as empresas chilenas certamente ajudarão o Chile a diversificar suas parcerias comerciais.

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