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‘A grande discussão sobre edge computing é como tornar esse negócio viável financeiramente’

Bnamericas Publicado: quinta-feira, 29 dezembro, 2022
‘A grande discussão sobre edge computing é como tornar esse negócio viável financeiramente’

A brasileira V.tal está prestes a ter seis datacenters de borda em operação em dois países da América do Sul.

Atualmente, o provedor neutro de fibra e conectividade criado pela empresa de telecomunicações Oi e BTG Pactual/GlobeNet possui três desses sites em operação, localizados em Fortaleza, no Rio de Janeiro, e em Barranquilla, na Colômbia.

Outros dois, um em Fortaleza e outro em Barranquilla, estão sendo finalizados. E a empresa também comprou um terreno em Porto Alegre, Brasil, para um futuro edge site.

Além disso, a V.tal vê potencial em transformar centenas, ou mesmo milhares, de seus pontos de presença (PoPs, pontos de interconexão e troca de tráfego de rede) em edge sites menores, conhecidos como micro-edge ou far-edge.

Ao todo, a empresa possui 430 mil km de fibra terrestre, herdados da Oi, que conectam mais de 2.380 municípios no Brasil. Esta rede compreende atualmente 18 milhões de casas passadas com fibra, e está se expandindo a uma taxa de 500 mil casas passadas por mês, com meta de chegar a 34 milhões até 2025.

O grupo também possui 26 mil quilômetros de cabos submarinos, pertencentes à GlobeNet, que ligam o Brasil à Argentina, Chile, Venezuela, Colômbia, Bermudas e Estados Unidos.

Nesta entrevista, o CTO e vice-presidente de engenharia da V.tal, Cicero Olivieri (na foto), e o vice-presidente de atacado, Bento Louro, falam sobre a estratégia de edge datacenter da empresa.

BNamericas: A V.tal disse que um segundo datacenter de ponta em Fortaleza estava 90% pronto. O que está pendente?

Olivieri: Estamos finalizando os testes de comissionamento. Do ponto de vista técnico, o site está sendo entregue [esta semana]. Toda a parte do data hall, os equipamentos, estão prontos. No início de janeiro, nos primeiros dias do mês, entrará em operação.

Já temos vários clientes. Estamos entregando o canteiro com a gaiola [a estrutura] liberada para um primeiro cliente.

BNamericas: Quem são esses clientes?

Louro: Entre nossos principais clientes estão os OTTs [over-the-top internet and content provider]. Não podemos comentar nomes devido a acordos de confidencialidade. Mas todos os principais que você pode imaginar são nossos clientes, seja para nossos sites existentes, em Barranquilla e no Brasil, ou para nossos novos.

O primeiro site [em Fortaleza] está totalmente esgotado, com muitos contratos assinados ao longo deste ano. Para o segundo site, alguns clientes já começaram a instalar infraestrutura passiva, e já energizamos parte dos serviços.

Até o final de janeiro, pelo menos um OTT, senão mais, estará operando lá.

Também estamos interagindo com ISPs. Alguns já fecharam contratos, outros não.

A região de Fortaleza, no Nordeste, é muito prolífica com esses players. Os maiores ISPs dessa região são nossos clientes ou clientes em potencial.

Por fim, há também operadoras de telecomunicações, nacionais e internacionais, de diversos ramos de atividade. Seja operando pontos de interconexão internacional, seja oferecendo aplicativos e conteúdos próprios.

BNamericas: Qual a capacidade do primeiro datacenter de Fortaleza, que já está esgotado?

Olivieri: Cerca de 1 MW.

Nosso total lá em Fortaleza é de quatro data halls. Temos um esgotado, estamos com outro em andamento e já iniciamos a instalação de equipamentos em um terceiro data hall, que ficará pronto no segundo semestre do ano que vem.

BNamericas: A Hurricane Electric é um desses clientes, certo? Eles anunciaram a instalação de um quarto PoP na estrutura da V.tal em Fortaleza.

Louro: Eles usam muito a nossa estrutura, tanto na América Latina quanto para a América Latina – desde os Estados Unidos, através dos nossos cabos submarinos, até a Colômbia e Brasil.

BNamericas: E qual é a estimativa de entrada em operação do segundo site em Barranquilla? Houve algum atraso neste projeto?

Olivieri: Estamos planejando lançar no final de maio, início de junho. Esse canteiro de Barranquilla já está com toda a alvenaria pronta.

LEIA TAMBÉM: V.tal abrirá novo datacenter em Barranquilla até junho

Estamos de acordo com o plano. A ideia era entregar o datacenter até o final de março. Como muitos players, estamos enfrentando atrasos nas cadeias logísticas globais, especialmente em relação a geradores, eletricidade, energia CC.

Felizmente, temos um processo de compra bem estruturado. Com isso estamos entregando os sites em geral dentro do esperado, com um pequeno atraso, e alinhados com os clientes.

BNamericas: Como está a situação logística agora?

Olivieri: Tivemos muitos atrasos. A V.tal tem um volume muito grande de compras com esses provedores de infraestrutura. Além dos datacenters, temos 3.700 PoPs de telecomunicações, com geradores etc. Meu orçamento é bastante grande, somos bem importantes nas negociações.

E, mesmo assim, há dificuldades. Mas tem melhorado. Acho que a fase mais grave da situação já passou, mas ainda é ponto de atenção no planejamento geral das empresas.

BNamericas: E quanto a Porto Alegre? Qual é a perspectiva para isso?

Louro: Estamos fazendo estudos internos para contratar um projeto e depois começar a construção. Ainda estamos em processo de aprovações internas, anteprojetos etc. Fazer uma previsão agora ainda é prematuro.

Estamos conversando com clientes que, eventualmente, podem apressar nossas decisões de investimento.

Acreditamos muito no potencial do sul do país, geograficamente, como ponto de interligação até mesmo para o Cone Sul, além do Brasil.

Já temos dois desses pontos no norte da América do Sul, na Colômbia e em Fortaleza, e isso tem se mostrado uma estratégia muito acertada, inclusive para os clientes, pois há uma interligação entre eles [os sites].

BNamericas: Bem, se pensarmos em pontos estratégicos de interligação, Valparaíso, no Chile, também possui importantes cabos submarinos internacionais e comporia quatro “cantos” da América do Sul para a V.tal. Faz sentido ter um datacenter de borda lá também?

Louro: Onde quer que nossos clientes peçam, nós vamos. Dito isso, também estendemos nosso cabo da Argentina ao Chile, até Santiago.

Olivieri: Neste ponto, é difícil comentar para onde estamos indo. Teve essa expansão do cabo, essa abertura como atacadista no Chile. A estratégia de edge é complementa à estratégia global da V.tal, no sentido de que edge vem como mais um pilar de infraestrutura.

Nosso diferencial é toda essa rede, uma estrutura de 3.700 PoPs de telecomunicações que estão sendo reformulados para operar no conceito de micro edge e far-edge computing. Com pouco investimento, inclusive, já que a estrutura está praticamente pronta.

No próximo ano vocês verão que estaremos trabalhando em outras cidades, com busca de terreno, avaliação técnica, alinhamento de toda a parte de transmissão de energia etc. para expandir essa rede.

BNamericas: Isso é uma vantagem da V.tal em relação aos concorrentes, na sua opinião?

Olivieri: Com certeza. A grande discussão sobre edge computing é como viabilizar financeiramente esse negócio. Toda a discussão do 5G é sobre viabilizar essa descentralização.

Começar do zero, construir canteiros, sem ter operadoras de telecomunicações engajadas, fontes de receita, é muito complexo. A menos que você já tenha uma infraestrutura pré-instalada.

Em algumas cidades, estamos apostando que haverá demanda por um datacenter de borda de 4 MW. Se essa aposta der certo, vamos começar a fazer land banking, aquisição de terrenos, nos preparando para atender a demanda quando ela chegar.

Mas já temos toda essa estrutura de PoPs, todos esses PoPs interligados em uma rede de fibra robusta, com redundância e baixa latência. A adaptação é muito mais rápida. E, além disso, trazemos para a equação todos os acordos de fiber-to-the-site e FTTH que já temos com as principais operadoras.

BNamericas: Há vários sites de ponta que você está segmentando?

Olivieri: Não. Estamos conversando com as operadoras para qualificar, de nossos 3.700 PoPs, quais são relevantes para o edge. É meio que um dilema do ovo e da galinha. O que vem primeiro: o contrato para construir o terreno ou o terreno para ter o contrato?

Estamos mapeando a demanda. Queremos ter esses sites qualificados e, a partir daí, prepará-los para que o operador venha quando for importante para o seu negócio

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