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Alstom foca em oportunidades no Brasil, México e Chile

Bnamericas Publicado: segunda-feira, 12 dezembro, 2022
Alstom foca em oportunidades no Brasil, México e Chile

A gigante francesa de transportes Alstom está expandindo sua fábrica de material rodante de Taubaté, no estado de São Paulo, para atender o mercado local e internacional, com foco no Brasil, México e Chile.

Michel Boccaccio, vice-presidente da Alstom para a América Latina e chefe da operação brasileira da empresa, conversa com a BNamericas sobre os planos para a região e as perspectivas para o setor.

BNamericas: Por que a Alstom decidiu investir na expansão da fábrica de Taubaté, no estado de São Paulo?

Boccaccio: O que está por trás dessa decisão é o fato de que, nos últimos anos, ganhamos seis contratos de fornecimento de trens para diferentes projetos, e essa fábrica será nossa base de produção.

Esses contratos referem-se a projetos para a cidade de São Paulo, aqui no Brasil; Santiago, no Chile; Taipei, em Taiwan; e Bucareste, na Romênia.

Em São Paulo, especificamente, vamos fornecer trens para a linha 6 do metrô, que é um projeto da Acciona, e para as linhas 8 e 9 da CPTM, que são projetos da CCR. No Chile, o contrato de venda refere-se à linha 7 do metrô de Santiago.

A unidade de Taubaté foi inaugurada em 2015 para fabricar os VLTs que seriam enviados para o Rio de Janeiro, e na época fizemos projeções que apontavam para um grande volume de VLTs. No entanto, essas projeções não se materializaram e até chegamos a suspender as atividades [na fábrica] por um período.

Agora, com essas encomendas recentes, projetamos a entrega de 939 vagões nos próximos cinco anos. Desde nossa inauguração, já produzimos 4.500 vagões, então estamos falando hoje em um total a ser produzido de cerca de 20% do volume que produzimos aqui desde o início das operações.

Diante disso, vamos contratar 650 pessoas para a fábrica e recontratar pessoas que haviam sido demitidas no passado.

BNamericas: O que precisa ser feito no setor de mobilidade para que as encomendas continuem e os erros do passado sejam evitados?

Boccaccio: O que aconteceu no Brasil nos últimos anos foi a falta de recursos públicos para realizar obras no setor, e o cenário foi mudando.

Os dois contratos [recentes] que assinamos aqui no Brasil são contratos de concessão, PPPs, e empresas privadas, como Acciona e CCR, estão captando os recursos. Graças a isso, os projetos foram viabilizados.

No passado, o problema era a falta de recursos públicos, mas agora, para que os investimentos no setor ganhem fôlego, espero que esse modelo de concessões continue.

BNamericas: Por que o modelo de VLTs não é tão usado no Brasil?

Boccaccio: Primeiro, vale dizer que os VLTs já existem no Rio de Janeiro e são um sucesso no atendimento ao público, reformulando o centro da cidade.

Mas o que acontece com o VLT no Brasil é um aspecto específico e semelhante ao cenário da América Latina, em que os governos locais dão preferência aos ônibus elétricos sobre os VLTs, que são mais aceitos na Europa, Estados Unidos e Ásia.

Um projeto de VLT leva pelo menos três anos para ser implantado, e as prefeituras não gostam de esperar tanto para o início das operações. Mas o VLT é uma boa solução. No longo prazo, os custos do VLT são mais baratos do que os ônibus elétricos.

BNamericas: Quais países da América Latina apresentam as maiores oportunidades de negócios para a Alstom?

Boccaccio: Três países da região são relevantes para nossas operações agora e nos próximos anos: Brasil, México e Chile.

No Chile, em média, uma linha de metrô é construída a cada seis anos. O próximo projeto do país, das linhas 7 e 8, não deve ser concluído em quatro ou cinco anos.

No México, ganhamos um grande contrato para fornecer trens para o projeto do Trem Maia. Por lá, os projetos estão muito ligados aos ciclos políticos. A expectativa é que depois das próximas eleições no México, vejamos uma nova onda de investimentos, mas os principais projetos já foram licitados, então novos projetos vão demorar para acontecer.

No Brasil, o trem Intercidades é muito interessante e deve sair no primeiro semestre de 2023. Trata-se de um projeto muito importante para ajudar o setor de mobilidade de São Paulo.

Levando em consideração esse cenário, posso afirmar que, na região, em 2023, o Brasil será o mercado mais importante.

BNamericas: Vocês têm interesse na concessão do metrô de Belo Horizonte?

Boccaccio: Não vamos entrar como investidores, mas estamos conversando com interessados para serem fornecedores. Acho que esse modelo de concessão do metrô de Belo Horizonte tem que ser aprimorado. Não sei se o leilão vai acontecer [ainda este mês], mas, se acontecer, também será positivo, pois vai gerar mais demanda por vagões e trens.

BNamericas: Quais são as sinalizações dos novos governos federal e estadual em relação à agenda de concessões?

Boccaccio: A falta de recursos públicos é um cenário óbvio, e não vejo perspectiva de melhora, então os modelos de concessões e PPPs vão continuar.

BNamericas: O setor de mobilidade urbana no Brasil e na região já recuperou os níveis de passageiros de antes da pandemia?

Boccaccio: Fazemos um acompanhamento global sobre isso na Alstom e posso dizer que ainda não atingimos o nível pré-pandemia.

Além da queda na demanda de passageiros, há outro problema na região. Os governos da América Latina não socorreram as empresas do setor como fizeram os governos da Europa e dos EUA, então a estrutura financeira de muitas empresas está enfraquecida.

BNamericas: Qual será o papel do BNDES no setor de mobilidade urbana?

Boccaccio: Eu advogo para que o BNDES continue como adviser da estruturação de PPPs e concessões, como tem feito, mas que também que volte a ser um financiador de projetos, promovendo recursos de longo prazo para o setor.

BNamericas: E qual é a tendência em relação ao uso de energias renováveis?

Boccaccio: A Alstom está presente no setor de mobilidade urbana sobre trilhos e nosso grande foco de atuação é a chamada mobilidade verde, que são trens movidos a hidrogênio. Esse movimento já é forte na Europa e está começando a ganhar força nos Estados Unidos.

Achamos que em algum momento ele também vai ganhar força na América Latina, mas ainda vai demorar. Esse processo aqui na região deve começar primeiro com a conversão de locomotivas movidas a diesel, que poluem muito, e depois seguir com a expansão para o segmento de trens de passageiros.

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