
Bank of America para Peru: ‘Em condições normais, o investimento privado não cresceria menos de 10%’

A agência nacional de estatísticas peruana, INEI, divulgará nos próximos dias os resultados da produção nacional de junho e, nesta linha, há dois pontos importantes que devem ser observados: os bons preços dos metais — com o desenvolvimento de projetos e maior produção – e a arrecadação de impostos que traz consigo.
Por isso, o Estado tem capacidade para gastar este segundo semestre e espera-se uma recuperação do investimento público.
No entanto, existem obstáculos que têm prejudicado o crescimento econômico e as perspectivas. No final de agosto, entrará em vigor o decreto que limita a terceirização de mão de obra e estão sendo discutidas mudanças na lei de negociação coletiva, que coloca em alerta muitas empresas e setores, como o de mineração.
A BNamericas conversou com Alexander Müller, diretor e economista-chefe para a região andina, América Central e Caribe do Bank of America, para conhecer sua perspectiva sobre a realidade peruana, os fundamentos que mantêm o país atrativo e as projeções de crescimento para 2022 e 2023.
BNamericas: Qual é o seu balanço da economia peruana no primeiro semestre?
Müller: Chegou muito melhor do que o previsto. No início do ano, esperava-se uma retração do investimento privado, o que não aconteceu. Se olharmos em termos dessazonalizados, o investimento privado cresceu mais de 10% no primeiro trimestre.
A razão pela qual este cenário não ocorreu é porque os preços dos metais estavam subindo. Um preço de cobre acima de US$ 4 [por libra] – quase US$ 5 mesmo – é como o preço de um barril de petróleo acima de US$ 100. Os preços das commodities não apenas estimulam a economia por meio de investimentos em mineração, mas também por meio da renda disponível, preços de exportação e arrecadação de impostos.
BNamericas: O que os melhores preços significaram para o estado?
Müller: Se você comparar o primeiro semestre de 2022 com o mesmo período de 2021, as receitas do governo cresceram quase 30%, enquanto os gastos cresceram 5%.
O governo tem um enorme espaço para gastar e ainda cumprir a meta orçamentária. O déficit fiscal (dos últimos 12 meses) até junho foi de 1,0 ponto do PIB; o orçamento aprovado para 2022 é de 3,7 pontos [do PIB]. A alta de preços deu munição para o governo gastar e acredito que veremos mais no segundo semestre. Já existe uma recuperação do investimento público.
BNamericas: Quais são as perspectivas de crescimento da economia peruana e do investimento privado?
Müller: Para 2022, tenho uma projeção de 2,9% para o PIB e um leve crescimento do investimento privado. Minha projeção [PIB] era de 3,2% há um mês, mas ajustamos para a queda nos preços do cobre.
Sem dúvida, a instabilidade política contraria as possibilidades de investimento. Acredito que em condições normais, e com preços dos metais um pouco mais altos, o investimento privado cresceria nada menos que 10%.
BNamericas: Há uma deterioração percebida na competitividade do Peru e danos a setores como mineração devido a toda a incerteza?
Müller: Enquanto a Constituição política não mudar, não há danos irreversíveis no setor de mineração. Tem uma disposição de não discriminação, que diz que o investimento estrangeiro deve ser tratado da mesma forma que o investimento doméstico. Outros países da região têm isso, mas por meio de acordos de livre comércio. O fato de tê-lo na Constituição é um claro ponto forte, que também proíbe a desapropriação de empresas.
Outra coisa que sustenta o Peru é o custo da energia, abaixo da média latino-americana. Também possui recursos hídricos, custos trabalhistas abaixo dos pares regionais e mineração a céu aberto. Tudo isso foi mantido e, do que se deteriorou, acredito que um próximo governo possa reverter isso.
BNamericas: Que oportunidades setoriais estamos perdendo?
Müller: O principal é o portfólio de projetos de mineração. Isso equivale a cerca de US$ 50 bilhões, quase 20 pontos do PIB, o que poderia impulsionar o crescimento peruano por décadas.
O agronegócio também tem um grande potencial. Há 10 anos foi exportado cerca de US$ 500 milhões, no ano passado foi perto de US$ 7,0 bilhões e em 2022 será próximo de US$ 10,0 bilhões. Se somarmos ao setor os grandes projetos de irrigação pendentes – Chavimochic e Majes Siguas –, a fronteira de produção vai aumentar muito.
BNamericas: Após um crescimento de 2,9% para este ano, qual é sua projeção inicial para 2023?
Müller: Esperamos uma leve desaceleração e que o PIB peruano cresça 2,5%. A economia dos Estados Unidos vai se contrair um pouco e as taxas de juros no Peru subiram – estimadas em 7% no final deste ano. Por outro lado, o preço dos metais não será tão atrativo quanto em 2022.
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