Chile e América do Norte estão nos planos da Semantix após IPO na Nasdaq

A brasileira Semantix, fornecedora de soluções de big data, IA e analytics, abriu seu capital com um IPO na Nasdaq em 5 de agosto, após sua fusão com a empresa de aquisição de propósito específico (SPAC) Alpha Capital.

A operação, o primeiro IPO liderado por SPAC de uma empresa brasileira de tecnologia no mercado norte-americano, ocorre em um momento relativamente desfavorável para empresas de tecnologia em geral, com um declínio nas ações e no valuation de muitos desses players e em um período difícil para listagens e financiamento.

Mesmo assim, e após nove meses de intensa negociação, a Semantix não só conseguiu levar adiante o acordo com a Alpha Capital e realizar sua listagem, como também obteve a garantia de financiamentos importantes da Innova Capital, Bradesco e Crescera. Com o IPO, a empresa alcançou um valuation de cerca de US$ 1 bilhão.

O acordo também traz US$ 230 milhões para a Semantix na conta fiduciária da Alpha e outros US$ 100 milhões em uma colocação privada por esses investidores.

O capital será usado para ampliar a equipe de dados e engenharia da empresa, expandir seu portfólio de produtos, realizar uma expansão geográfica, principalmente na América Latina e nos EUA, e financiar possíveis aquisições.

A Semantix, fundada em 2010, informa que possui 300 clientes em 15 países em busca de suas soluções.

Nesta entrevista, a diretora de estratégia da Semantix, Marcela Bretas, fala sobre o processo de IPO e os planos da empresa para o futuro.

BNamericas: Que mudanças virão com o IPO? Quais são as expectativas da Semantix com os novos recursos?

Bretas: Depois do IPO, a Semantix ficou capitalizada e com recursos mais do que suficientes para financiar seu plano de crescimento no futuro próximo, que inclui tanto iniciativas orgânicas, como investimento em P&D, marca e time, quanto aquisições que completarão nossa oferta de produtos e apoiarão nosso plano de expansão geográfica.

Além disso, ser uma empresa listada na Nasdaq nos proporciona uma moeda para aquisição nos EUA e abre uma nova possibilidade de atrair, reter e motivar nossos funcionários, com planos de remuneração em ações, além de fortalecer nossa marca globalmente.

BNamericas: A SPAC e a aquisição constituem uma das primeiras do setor na região, mas ocorrem em um contexto em que o mercado de capitais em geral não parece bom para investimentos em tecnologia. Além disso, as negociações com a Alpha levaram vários meses para serem aprovadas. Como você vê o cenário?

Bretas: A transação entre Alpha Capital e Semantix foi materializada em um cenário mais desafiador, tanto do ponto de vista das avaliações de mercado das empresas de tecnologia quanto do ponto de vista regulatório das próprias SPACs.

No entanto, o comprometimento de longo prazo dos nossos principais acionistas, tanto os já existentes, Bradesco e Crescera, quanto os que agora se juntaram, como a investidora-âncora da SPAC, Innova Capital, foi essencial para mantermos a empresa e garantirmos os recursos que buscávamos para financiar nosso plano de crescimento para o futuro próximo.

BNamericas: Em que parte da América Latina a Semantix viu mais oportunidades? Quais são os maiores mercados para operações na região e onde vocês pretendem chegar com os novos recursos?

Bretas: Nosso principal mercado é e continuará sendo o Brasil. Mas também vemos oportunidades relevantes em mercados como México e Colômbia, onde abrimos recentemente escritórios locais, e no Chile, mercado que está nos nossos planos.

Além da nossa liderança em dados e inteligência artificial na América Latina, estamos construindo nossa plataforma para atender também o mercado norte-americano.

BNamericas: As aquisições também estão no radar?

Bretas: Sim. Buscamos empresas que complementem nossa oferta de soluções no Semantix Data Platform (SDP), nossa plataforma de dados principal, e que possam acelerar nosso desenvolvimento de novas tecnologias e ajudar a construir presença em novos mercados.