
Como a colombiana Argos pretende conquistar o mercado centro-americano

A colombiana Argos, quarta maior produtora de cimento da América Latina, está renovando os planos de expansão que foram prejudicados pela pandemia.
A estratégia de crescimento da companhia na América Central inclui projetos no Panamá e em Honduras.
O gerente da Argos para a região, Gustavo Uribe, explica à BNamericas quais obstáculos precisam ser superados, quais são os desafios legislativos e muito mais.
BNamericas: O que os projetos de infraestrutura na América Central representam para a empresa?
Uribe: Queremos ser uma empresa que ajude a orientar os sonhos habitacionais e de infraestrutura das sociedades em que atuamos e, claramente, os projetos de infraestrutura são a ponte para construir o bem-estar das sociedades. Então eu diria que os projetos de infraestrutura são importantes para nós, nós acreditamos que essa é a forma de reduzir as desigualdades sociais e conseguir uma melhor distribuição de riquezas.
Em termos empresariais, o fato de haver investimento nesses projetos tem dois efeitos fundamentais: gera um consumo significativo de cimento e agregados, mas também tem um efeito multiplicador muito importante na Colômbia. O investimento em infraestrutura e habitação movimenta mais ou menos 35 setores da economia e atinge cerca de 50% do PIB, porque gera um conjunto de empregos estáveis para um número significativo de pessoas. A ativação da demanda primária gerada pelos projetos em termos de consumo acaba sendo a mais importante.
BNamericas: Quais são os projetos de infraestrutura mais importantes para vocês na América Central?
Uribe: Vamos dividi-los em dois: o Panamá é o mercado que mais caiu com a covid no mundo, e é um dos países que mais demoraram para sair da pandemia, porque ficamos fechados cerca de seis meses a mais que os outros, mas, além disso, todos os projetos de infraestrutura também foram paralisados.
Por enquanto, os únicos relevantes (dos quais participamos) estão associados ao metrô: o maior projeto é a Linha 3, um projeto onde entregaríamos cerca de 165.000 m³ ao longo de dois anos, e uma pequena extensão da Linha 1, que é mais ou menos um terço do outro, cerca de 75.000 m³ de concreto. São os dois únicos projetos ativos e que estão consumindo materiais de construção.
Em Honduras também temos dois muito importantes: o primeiro é a conclusão das obras do Aeroporto Internacional de Palmerola e o outro projeto em construção é a barragem de San José, em Tegucigalpa, onde colocaríamos cerca de 23.000 m³ de concreto, e é fundamental para fornecer água potável para a população de Tegucigalpa, que nos últimos 5 ou até 10 anos sofreu com as secas e o racionamento na temporada de verão.
BNamericas: Só existem projetos no Panamá e em Honduras?
Uribe: Também temos na Guatemala, mas é uma operação pequena, nova, e que ainda não tem escala para trabalhar direto com grandes projetos.
BNamericas: Como tem sido sua experiência trabalhando nesses países?
Uribe: A primeira coisa que eu diria é que existe uma realidade que é um desafio, mas também a principal oportunidade: os projetos de infraestrutura nesses países são financiados em um percentual muito alto com investimento público, 100% com a carteira do Estado. Todos esses países foram afetados pela alta dos preços dos combustíveis, porque são todos importadores líquidos, então ficaram apertados, e os custos dos combustíveis dobraram, o que afetou muito sua situação fiscal. Por isso, o custo de investimento foi menor e, consequentemente, a capacidade de executar a infraestrutura foi muito menor.
É por isso que demorou tanto para iniciar esses projetos. Esses países têm um inventário de projetos importante porque sabem o que precisam construir e qual é a infraestrutura prioritária, mas não têm meios para financiá-la.
Acredito que a implementação estruturada de parcerias público-privadas [PPPs] é o mecanismo correto para que os fluxos de investimentos estrangeiros cheguem a esses países para resolver um problema que é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento, mas eles não têm como fazer isso. Também é necessário ter uma plataforma de “estado de direito”, ou seja, segurança jurídica e programas bem estruturados, além de trabalhar em questões como corrupção.
Tem sido difícil voltar ao caminho dos projetos por conta das dificuldades econômicas dos países, e acredito que a grande oportunidade está do lado das PPPs e da promoção dessas parcerias para atrair investimentos que gerem esse efeito multiplicador.
BNamericas: Existem projetos na América Central, mas não há como financiá-los?
Uribe: Os sonhos nunca são uma limitação para as pessoas, a grande limitação é como transformá-los em realidade, e acho que o mesmo acontece com os países. A “carta para o Papai Noel” é gigantesca, mas não há como financiar esses projetos. É preciso criar mecanismos sustentáveis como as PPPs, e blindá-los com contratos estatais com segurança jurídica.
O Chile tem um case de muito sucesso, e acho que a Colômbia vem aprendendo com sua quinta geração de concessões. Os dois países têm muito a compartilhar com a América Central para viabilizar essa possibilidade de gerar infraestrutura massiva.
BNamericas: Essa mudança a favor das PPPs seria em nível legislativo?
Uribe: São necessárias leis para permitir a criação de PPPs, bem como a regulamentação dessas leis. Além disso, é preciso enviar os sinais corretos de respeito à propriedade privada, como os incentivos corretos.
Por exemplo, Honduras precisa de um investimento gigantesco em infraestrutura elétrica. Eles estão passando por uma grande crise e, infelizmente, estão enviando os sinais errados. Antes, o país havia feito um progresso muito positivo criando um mercado, um órgão regulador e a separação entre geração, distribuição e comercialização, mas agora o governo retomou um modelo de controle dos ativos.
Ao lado se vê a Guatemala, que tomou certas decisões há 15 anos e hoje tem energia barata, uma rede elétrica supercompetitiva e exporta energia, então, é definitivamente uma questão a ser trabalhada no nível das leis, no nível do Estado, para pensar em um ciclo que transcenda o do governante no cargo.
BNamericas: Existe alguma razão para terem escolhido Panamá e Honduras como os primeiros pontos para a expansão?
Uribe: A resposta é sim, e é um processo entre natural e escolhido. Entramos primeiro no Panamá. Os maiores investidores no Panamá, talvez atrás dos Estados Unidos, não sei se acima deles, são as empresas colombianas. O Panamá e parecido com a Colômbia: a cultura é parecida, a comida é parecida e também é um país que tem uma situação econômica que o torna atrativo para investimentos.
Sobre Honduras eu poderia dizer quase todos os itens acima, exceto a força econômica. No entanto, para uma empresa sediada na Colômbia, a América Central faz parte de seu mercado natural. Até por isso a chegada à Guatemala e a ambição de continuar ampliando nossa presença na América Central: temos como aproveitar conhecimentos e habilidades e construir sinergias entre essa região.
No ano 2000, a Argos assumiu o compromisso de diversificar seu mercado. Passamos de oito empresas concentradas na Colômbia para uma grande empresa, mas com risco de mercado por estar 100% concentrada na Colômbia. Entramos em um caminho semelhante ao da Bimbo ou da Cemex e dissemos: vamos reciclar esses fluxos de caixa ou essa capacidade financeira para expandir o mercado.
Tomamos duas decisões: ir aos Estados Unidos de forma importante para investir em moeda forte, e em um mercado ligado ao Caribe colombiano. Temos uma rede de ativos marítimos e portuários nos dois lados. Também por meio da bacia do Caribe, criamos uma rede de ativos no Panamá, Honduras, Haiti, República Dominicana e Guiana. Todo o conjunto de ativos da Argos é projetado através da conectividade na bacia do Caribe, e essa foi a estratégia de expansão.
BNamericas: O que vem a seguir nessa estratégia?
Uribe: Estamos em um processo de separação da nossa operação dos Estados Unidos para transformá-la em uma empresa independente listada Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Já havíamos adiantado esse processo. A empresa está indo muito bem e estamos esperando o momento certo para que essa listagem aconteça. Isso deve permitir que a empresa voe sozinha, que atraia investidores qualificados e comuns do mercado norte-americano, além de permitir uma capacidade de financiamento às custas das empresas americanas. Isso dará à Argos USA um poder muito importante.
A listagem também permitirá que a empresa restante tenha flexibilidade financeira para empreender um novo ciclo de crescimento, e estamos neste exercício para ver qual caminho seguir para uma nova fase. O que posso antecipar é que será muito focado nos valores dessa empresa: na sustentabilidade, para que o crescimento seja realmente uma alavanca para a construção de habitação e infraestrutura, porque queremos ser esse aliado para ajudar a reduzir os déficits que existem na habitação, tanto quantitativa como qualitativamente.
BNamericas: Quando teremos notícias desse processo para a NYSE?
Uribe: Esses movimentos serão feitos quando o mercado de ações mostrar seu apetite, mas como empresa estamos preparados.
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