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Como a inteligência artificial pode prevenir acidentes na mineração

Bnamericas Publicado: quinta-feira, 10 novembro, 2022
Como a inteligência artificial pode prevenir acidentes na mineração

A indústria de mineração chilena registrou 58 acidentes e 68 mortes entre 2017 e 2021, segundo dados do serviço de geologia e mineração Sernageomin, uma realidade que poderia ser controlada com o auxílio da internet das coisas e da inteligência artificial através de métricas e modelos preditivos que se encarreguem dos erros humanos e possibilitem salvar vidas.

Essa é a opção tecnológica da startup local Gauss Control, que em 2020 recebeu o reconhecimento da revista MIT Technology Review como uma das principais inovadoras da América Latina. Hoje, a companhia monitora mais de 20 mil trabalhadores, muitos deles no setor de mineração, onde o maior número de acidentes é causado pela operação de equipamentos móveis como caminhões, ônibus, vans e pás mecânicas.

Para descobrir como novos dispositivos tecnológicos podem ajudar a reduzir acidentes e os índices de mortalidade no setor de mineração, a BNamericas conversou com o fundador e CEO da Gauss Control, José Rafael Campino.

BNamericas: Como a inteligência artificial pode prevenir e reduzir acidentes?

Campino: Através de duas dimensões. Por um lado, com um dispositivo chamado “cognus”, que utiliza um sensor para realizar uma série de testes psicomotores e cognitivos, além de identificar riscos e medir se o trabalhador está apto para o trabalho. Por outro lado, há o “gauss alert”, que usa uma câmera na cabine [do veículo] para detectar se o operador está dormindo, distraído ou fumando, etc. Na parte preventiva, são utilizados modelos matemáticos analíticos para prever riscos, indicando se um trabalhador pode sofrer algum acidente. Se um trabalhador já passou por muitos eventos ou problemas operacionais, o dispositivo sugere um novo treinamento. Os dois tipos de hardware preveem riscos em veículos móveis de mineração.

BNamericas: Que outros componentes tecnológicos estão envolvidos?

Campino: Na linha de previsão, temos software que estimam que horas o trabalhador ficará cansado, quando vai adormecer ou quem tem maior probabilidade de sofrer um acidente. Na linha de prevenção, identificamos quantas vezes o trabalhador adormeceu, incluindo seus testes de velocidade e outros aspectos. Com essas ferramentas, é possível traçar o perfil do trabalhador de alto risco e tomar as medidas necessárias. Talvez essa pessoa tenha problemas de qualidade de vida, de conduta ou de conhecimento. Com base nesses riscos, é possível criar programas de prevenção e motivar uma mudança de comportamento.

BNamericas: Como funciona o sistema operacional?

Campino: Com a informação dos sensores, que incluem um GPS, podemos observar as velocidades dos operadores e sua posição geográfica. É aí que entra o “cognus”, que mede a aptidão para operar, avaliando aspectos como fadiga, saúde, álcool, drogas, se a pessoa está olhando para o celular, se está com o cinto de segurança e até condições cognitivas. Ele usa um sistema de vigilância que filma o motorista para detectar se há distração ou fadiga, com capacidade para captar saídas da pista, posições de colisão frontal, acelerações, curvas bruscas ou rotações por minuto. É possível até parar o motor com a frenagem para evitar um acidente. Tudo isso se traduz em mais proteção, mais capacitação, melhores programas e novos projetos operacionais. Falamos dos três “Ps”: previsão, proteção e prevenção.

BNamericas: Que resultados vocês já alcançaram?

Campino: Temos mais de 20.000 trabalhadores monitorados no Chile, Colômbia e México, com mais de 30 projetos, incluindo grandes operações de mineração. Há nove anos salvamos vidas. Temos casos de sucesso como a Copec, que reduziu seus acidentes em mais da metade. O mesmo acontece com a Enap e a SQM. Estamos atendendo Anglo American, BHP, Codelco, Antofagasta Minerals e outras mineradoras.

BNamericas: Em quais projetos específicos de mineração no Chile vocês estão trabalhando?

Campino: Em Chuquicamata, da Codelco, monitoramos cerca de 300 operadores. Estamos em todos os ativos da Antofagasta Minerals monitorando o transporte de cargas perigosas. Na SQM, vemos a frota de transporte de produtos acabados de cerca de 700 caminhões. Também estamos na Orica e na Enaex, no transporte de explosivos para mineração. Agora estamos fechando contratos com Collahuasi e Glencore.

BNamericas: Vocês avaliaram a redução de acidentes na mineração?

Campino: Na Copec, a redução da taxa de acidentes chegou a 70% nas operações de transporte de combustíveis de mineração com 300 caminhões. É uma frota pequena se compararmos com a mineração, onde as frotas ultrapassam 3.000 a 4.000 veículos por local. Agora, na Anglo American, estamos monitorando 3.000 veículos. No final do ano esperamos analisar a diminuição dos acidentes no setor.

BNamericas: Qual é o modelo de negócios e quanto custa?

Campino: Cobramos uma licença mensal por motorista ou trabalhador monitorado, à qual se soma o percentual dos produtos contratados. O cliente pode escolher entre cognus, gauss alert, business intelligence, consultoria, entre outros. O valor varia de 0,7 UF [índice vinculado à inflação, equivalente a cerca de US$ 40] e 3 UF por mês por trabalhador monitorado.

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