Como a tecnologia de gêmeos digitais está moldando o setor de mineração

A tecnologia de gêmeos digitais está ajudando as mineradoras latino-americanas a enfrentar os desafios de processar grandes quantidades de dados ou acessar e gerenciar fontes e sistemas em todas as operações.

Com uma réplica digital de ativos ou processos reais, é possível realizar um grande número de simulações para identificar o risco e o potencial de equipamentos, comunicações, sistemas de manutenção e gestão de frotas, entre outros.

Para saber mais sobre essa tecnologia, a BNamericas conversou com José Fuentealba, gerente de vendas para a América Latina do provedor chileno de tecnologia de dados InterSystems.

BNamericas: Como funciona a tecnologia de gêmeos digitais?

Fuentealba: Uma tecnologia altamente especializada que conecta o mundo digital com o mundo real. Por exemplo, analisar na mineração tudo o que acontece em uma britadeira e poder levar para um modelo digital significa passar por todos os dados, tanto de entrada quanto de saída, para observar seus resultados e aplicar soluções. Lá, os gêmeos digitais desempenham um papel interoperacional entre o mundo digital e o mundo real dos ativos, mantendo os dois lados juntos e favorecendo uma interação que gere valor e aprendizado.

Seu objetivo é gerar uma réplica de uma máquina, um ativo ou um processo real e, ao mesmo tempo, gerar estratégias e modelos. Permite submetê-los a certas condições para observar como reagem, se melhoram seu desempenho, se geram problemas de segurança etc. Com esse aprendizado, melhores decisões podem ser tomadas e ativos reais ou máquinas, ou qualquer área de mineração ou equipamento onde a otimização é desejada podem ser mais bem-gerenciados.

BNamericas: Qual é o potencial do software de mineração InterSystems?

Fuentealba: Nosso software permite conectar, integrar, transformar dados e capturar sinais em tempo real de equipamentos e aplicativos de mineração para fornecer uma visão precisa do que está acontecendo no setor. Também permite que você tenha conhecimento de todos os principais indicadores de desempenho. Ele facilita o monitoramento da eficácia da equipe e a execução de uma ampla variedade de análises, incluindo business intelligence, estratégia, análise preditiva e muito mais.

BNamericas: Como você tem visto o nível de investimento da mineração na adoção de tecnologias?  

Fuentealba: A mineração possui grandes fontes de investimento tecnológico, como caminhões de mineração que podem ser operados remotamente, sistemas de segurança, sistemas de monitoramento antissonolência dos trabalhadores, controle de velocidade etc. No entanto, ainda há uma desconexão entre as tecnologias e muita diferenciação entre o sistema de gerenciamento de frota e o sistema de britagem, por exemplo.

É necessário gerar um padrão para incorporar novas tecnologias e obter maior integração. Acredito que ainda falta essa visão na mineração chilena. Por exemplo, os centros de operação remotos tornaram possível digitalizar a operação. Os centros podem ser em Santiago, sem a necessidade de estar na mina. Mas eles têm o mesmo erro. Embora tenham telas diferentes e possam observar de longe, cada tela é diferente e cada sistema é diferente. Ou seja, eles não são integrados.

BNamericas: Como é o modelo de negócios de Intersistemas?

Fuentealba: Nossos softwares podem ser vendidos ou alugados. Crescemos muito no modelo de leasing, em que ajudamos as mineradoras a operarem com equipe própria, o que significa treinamento, assessoria e suporte. No nosso modelo, você só paga se usar.

BNamericas: Quais inovações você está gerenciando para mineração?

Fuentealba: Estamos unindo informações do modelo de bloco ao britador, usando o conceito Mine to Mill [M2M], conectando todos os sistemas entre eles. Incluímos o sistema de expedição de frota, os sistemas de carregamento, os sistemas que medem a granulometria no britador. Fornecemos rastreabilidade e permitimos que os clientes façam um acompanhamento completo. Se você deseja gerar uma descoberta automática, identificar problemas ou acertos na granulometria, com este aplicativo isso pode ser feito automaticamente.

Também estamos realizando um piloto para a gestão da água. Pegamos informações da gestão da água para entender coisas básicas como quanta água está sendo usada, para que ela está sendo usada e analisamos seu desempenho do início ao fim. Com os gêmeos digitais, podemos contribuir para a produção sustentável, por meio da transparência e precisão dos dados.

BNamericas: Que outros benefícios a rastreabilidade traz para as operações de mineração?

Fuentealba: Com a rastreabilidade, uma pessoa que recebe um cátodo de cobre do Chile em Singapura [por exemplo], poderia pinçar­ a informação e saber onde foi produzido, qual empresa produziu, de qual mina, que tipo de aproveitamento foi utilizado, se foi produzido de forma sustentável.

As tecnologias facilitam o rastreamento, identificando cada ponto por onde aquele cátodo passou. Isso poderia ser usado para fazer um monitoramento real e prevenir situações como roubos de cobre no norte do Chile.