
Diversidade é o nome do jogo nas operações de project finance do Banco Santander

A unidade brasileira do gigante bancário espanhol Banco Santander espera expandir o financiamento de projetos de telecomunicações nos próximos anos.
O banco também está vendo as operações de financiamento de projetos no Brasil se tornarem mais diversificadas.
Edson Ogawa, responsável pela área de project finance do Banco Santander Brasil, conversou com a BNamericas sobre os planos do banco, o cenário de negócios e as expectativas para o novo governo, entre outros assuntos.
BNamericas: Quais são os setores que mais movimentam a área de project finance do Banco Santander no Brasil?
Ogawa: Este ano tivemos um volume de operações mais positivo do que o esperado e com uma diversidade setorial muito grande.
No setor de energia elétrica, atuamos em operações de geração de todos os tipos de fontes, renováveis, termelétricas, PCHs [pequenas centrais hidrelétricas].
No setor de transportes também fomos muito ativos, financiando operações em todos os modais, linha 6 do metrô de São Paulo, aeroportos, portos, rodovias, ferrovias.
Até o final deste ano, esperamos concluir novas transações, ligadas ao setor de saneamento.
Outro setor que foi positivo para nós e onde tradicionalmente não estávamos tão presentes é o de telecomunicações. Com a chegada do 5G, vimos sinais de um boom de investimentos.
BNamericas: Por que as telecomunicações estão ganhando escala nas operações de project finance?
Ogawa: Se você olhar o nosso histórico de atuação nesse setor, vai ver que não tivemos muita demanda de operações para nós na área de project finance. Esse setor sempre investiu muito, mas antes essas operações eram feitas com perfil de crédito corporativo.
Agora estamos vendo uma mudança de perfil, com muito investimento sendo feito em fibra ótica e também muito investimento feito por operadoras independentes de telecomunicações, que são empresas que oferecem infraestrutura para grandes empresas.
Antes as grandes empresas tomavam conta de tudo, não compartilhavam infraestrutura, agora isso mudou e essas empresas independentes buscam financiamentos mais atrelados ao fluxo de caixa dos projetos e não usando seu balanço.
Neste ano, uma de nossas operações de destaque no setor foi com a V.tal.
Diante disso, temos interesse em trabalhar mais operações em telecomunicações no próximo ano.
BNamericas: Qual é o cenário esperado para o próximo ano em geral?
Ogawa: 2023 pode ser semelhante a este ano porque o financiamento de infraestrutura tem algumas particularidades.
Os financiamentos que serão concluídos no próximo ano referem-se a projetos leiloados em anos anteriores.
Se o [novo] governo eleito promover uma mudança na agenda de concessões, isso só será sentido na área de project finance de forma mais forte em 2024, 2025. Sempre há um atraso entre os leilões e os financiamentos e esse atraso é de cerca de dois anos em geral.
Mas, além da mudança de governo, vejo que estamos vivendo um momento econômico difícil para as empresas em todo o mundo, porque as taxas básicas estão altas, em um patamar muito superior ao que as empresas previam quando venceram os leilões.
BNamericas: Quais estratégias o senhor tem recomendado aos clientes para mitigar os efeitos das altas taxas de juros?
Ogawa: Depende muito do perfil do investidor. Para algumas empresas, existe a possibilidade de buscar financiamento de longo prazo junto a bancos de desenvolvimento e bancos multilaterais.
A segunda opção é a contratação de empréstimos-ponte na tentativa de aguardar a melhora do cenário. Antigamente, os empréstimos-ponte venciam em poucos meses, hoje já vemos empréstimos-ponte de até três anos, com as empresas tentando esperar um momento melhor para se financiar no prazo mais longo. Mas essa não é uma estratégia garantida, não dá para saber quando e quanto as condições vão melhorar.
As previsões de mercado em relação às taxas de juros são bastante voláteis e estamos em um momento de mercado em que as coisas podem ficar muito ruins de um dia para o outro.
BNamericas: Em um cenário em que o novo governo federal [do Partido dos Trabalhadores de Lula] está incerto sobre a continuidade ou não dos planos de concessões, você acha que as agendas de concessões dos governos estaduais no Brasil, com um perfil mais liberal, poderiam assumir um papel maior?
Ogawa: O pipeline de projetos de infraestrutura por estados e municípios é mais limitado do que o do governo federal, mas pode haver uma mudança de foco [por parte dos investidores] a princípio.
Os estados de São Paulo e Minas Gerais sempre tiveram projetos importantes na área de rodovias, assim como o Paraná, mas no caso das rodovias paranaenses, as concessões para avançar dependem da aprovação do governo federal, já que muitas das rodovias ali estão em gestão federal, então há uma dependência do governo federal.
As áreas mais vinculadas aos governos estaduais e municipais são as de mobilidade urbana, mas os projetos mais importantes estão muito concentrados em São Paulo, enquanto na área de saneamento essa agenda está nas mãos dos governos locais.
Mas se olharmos para a história, não acho que o governo federal vá interromper a agenda de infraestrutura. Se olharmos o que foi investido anualmente em infraestrutura, esse patamar continua igual; o que diferencia as gestões anteriores do PT dos governos de outros partidos é que houve mais investimento público do que privado.
Mas sempre temos que lembrar que as gestões anteriores do PT deram continuidade aos planos de concessão iniciados durante o governo FHC [Fernando Henrique Cardoso, presidente entre 1995 e 2022].
Há um aspecto que limita uma reversão total do cenário, para muito mais investimento público. No passado, por exemplo, o maior investidor no setor de energia era a Eletrobras, que era estatal. Agora a empresa está privatizada, então o governo tem um veículo a menos para fazer investimentos.
BNamericas: Quais são as principais dúvidas que persistem em relação ao novo governo?
Ogawa: A outra mudança que pode acontecer é sobre a participação dos bancos estatais no financiamento.
Nos últimos anos, vimos uma redução desse financiamento, mas pode haver uma reviravolta. Bancos estatais podem sim ser um veículo a ser usado pelo governo para acelerar investimentos, mas só teremos uma visão clara disso depois que o novo governo nomear pessoas para liderar a economia e os bancos públicos.
BNamericas: O senhor teme que o banco de fomento BNDES abandone o papel de estruturador de projetos que assumiu nos últimos anos?
Ogawa: Uma das grandes novidades do mercado de infraestrutura do país nos últimos anos foi a utilização do BNDES como veículo para acelerar os processos de estruturação de projetos, antes bastante dispersos.
Os estudos realizados pelo BNDES têm um perfil altamente técnico, com pessoas muito preparadas, que avaliaram todo o histórico das concessões no país para que os erros do passado não se repitam.
Por exemplo, o BNDES encerrou uma discussão que existia sobre o modelo de leilão de concessões, se era mais interessante um leilão baseado na maior taxa ofertada, na menor tarifa ou uma mistura de ambos. No passado, vários contratos apresentavam problemas porque havia uma preferência dos governos por modelos tarifários mais baixos e ao longo do tempo, e com variações de cenários econômicos, esses modelos não eram sustentáveis e os contratos apresentavam problemas.
Se o BNDES se tornar mais ativo no financiamento, pode perder o foco nessa área de estruturação de projetos e isso seria negativo.
Assine a plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina. Deixe-nos mostrar nossas soluções para Fornecedores, Empreiteiros, Operadores, Governo, Jurídico, Financeiro e Seguros.
Notícias em: Energia Elétrica (Brasil)

Brasil analisa situação de térmicas flutuantes da Karpowership
Os quatro empreendimentos que venderam energia em licitação emergencial em 2021 tiveram seus contratos rescindidos.

Associações do setor de energia no Brasil preocupadas com projeto de lei sobre agências reguladoras
Representantes de petróleo e gás, e energia elétrica afirmam que as mudanças propostas podem gerar insegurança jurídica e afugentar investimentos.
Assine a plataforma de inteligência de negócios mais confiável da América Latina.
Outros projetos em: Energia Elétrica (Brasil)
Tenha informações cruciais sobre milhares de Energia Elétrica projetos na América Latina: em que etapas estão, capex, empresas relacionadas, contatos e mais.
- Projeto: UFV Barreiro XXVIII (Complexo Solar Barreiro)
- Estágio atual:
- Atualizado:
14 horas atrás
- Projeto: Planta Fotovoltaica Barreiro XXVII (Complejo Solar Barreiro)
- Estágio atual:
- Atualizado:
17 horas atrás
- Projeto: Parque híbrido eólico e solar fotovoltaico Feijão
- Estágio atual:
- Atualizado:
16 horas atrás
- Projeto: EOL Chafariz 3
- Estágio atual:
- Atualizado:
2 dias atrás
- Projeto: UFV Barreiro XXVI (Complexo Solar Barreiro)
- Estágio atual:
- Atualizado:
4 dias atrás
- Projeto: Central Fotovoltaica do Barreiro XXV (Complexo Solar do Barreiro)
- Estágio atual:
- Atualizado:
4 dias atrás
- Projeto: Usina Termelétrica Rio de Janeiro
- Estágio atual:
- Atualizado:
4 dias atrás
- Projeto: UTE Santa Maria
- Estágio atual:
- Atualizado:
4 dias atrás
- Projeto: EOL Oitis 9 (Complexo Eólico Oitis)
- Estágio atual:
- Atualizado:
1 semana atrás
- Projeto: EOL Oitis 3 (Complexo Eólico Oitis)
- Estágio atual:
- Atualizado:
1 semana atrás
Outras companhias em: Energia Elétrica (Brasil)
Tenha informações cruciais sobre milhares de Energia Elétrica companhias na América Latina: seus projetos, contatos, acionistas, notícias relacionadas e muito mais.
- Companhia: Monex Consultoria e Participações Ltda.  (Monexpar)
-
A descrição contida neste perfil foi extraída diretamente de uma fonte oficial e não foi editada ou modificada pelos pesquisadores da BNamericas, mas pode ter sido traduzida aut...
- Companhia: Grupo Tucano de Comunicação Ltda.  (Grupo Tucano)
-
A descrição contida neste perfil foi extraída diretamente de uma fonte oficial e não foi editada ou modificada pelos pesquisadores da BNamericas, mas pode ter sido traduzida aut...
- Companhia: CSN Energia S.A.  (CSN Energia)
- Companhia: Consórcio GPO-Geocompany-Geotec
- Companhia: Almeida & Fleury Consultoria Econômica
- Companhia: Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A.  (Taesa)
-
A Transmissora Aliança de Energia Elétrica SA (Taesa) é uma empresa pública dedicada à operação de concessões de transmissão de energia elétrica, incluindo a implantação, operaç...
- Companhia: Calter - Brasil
- Companhia: Energisa S.A.  (Grupo Energisa)
-
A Energisa é uma holding de energia elétrica brasileira que controla 13 distribuidoras de energia elétrica nos estados da Paraíba, Sergipe, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Mato Gr...