
Empresa chinesa aposta em energia solar e mobilidade elétrica no Brasil

A chinesa BYD tem planos ousados de crescimento para as áreas de energia solar e mobilidade elétrica no Brasil, onde pretende investir R$ 10 bilhões (US$ 1,92 bilhão) nos próximos três anos.
A empresa anunciou recentemente que apoiará a construção do primeiro laboratório do tipo BIPV (sistema fotovoltaico integrado a edifícios) do país, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
No modelo BIPV, os módulos fotovoltaicos atuam como telhas nas coberturas e elementos de sombreamento em fachadas, além de gerar energia.
Enquanto isso, a BYD prevê o aumento das vendas de placas solares para projetos de geração centralizada e distribuída, inclusive associados a sistemas de baterias, assim como de veículos elétricos.
A BNamericas conversou com o diretor de vendas da BYD Energy, Marcelo Taborda (na foto, à esquerda), e o engenheiro e líder do projeto com a UFSC, Gustavo Carvalho (à direita), sobre os negócios no Brasil.
BNamericas: O que levou a BYD a fazer o investimento na UFSC?
Taborda: Temos uma parceria de longa data com a UFSC, pelo menos desde 2018, quando levamos para a universidade a tecnologia do módulo [fotovoltaico] double glass. Esse é um módulo com 50 anos de vida útil, bem diferente do que o mercado oferecia na época, que tinha de 25 a 30 anos de vida útil.
Mas por que levamos essa parceria para lá? Bom, a BYD é uma empresa essencialmente focada em tecnologia, nosso DNA é P&D. Temos mais de 40.000 engenheiros e pesquisadores pelo mundo, dos quais mais de 80% com doutorado e pós-doutorados. Então, faz todo o sentido levar nossas tecnologias para grandes centros tecnológicos e universidades, unindo o fabricante à instituição que dissemina esse conhecimento.
BNamericas: Assim os dois lados saem ganhando, já que alunos de graduação e pós-graduação podem se interessar por pesquisas ligadas às áreas em que a BYD atua?
Taborda: Com certeza. Isso implica ter universitários com bacharelado em física, química ou engenharia fazendo doutorado ou mestrado em novas tecnologias que só são viáveis graças a fabricantes como a BYD que estão presentes no Brasil. Isso estimula o desenvolvimento do mercado.
BNamericas: Quais são os diferenciais da nova tecnologia desenvolvida em parceria com a UFSC?
Taborda: Nós tínhamos um módulo com um design atraente que percebemos que poderia ser usado para o design de fachadas. Então surgiu o conceito BIPV, que desenvolvemos com a UFSC, cujo objetivo é ir além de um módulo no telhado. Hoje, quase todos os projetos residenciais envolvem um módulo convencional, single frame, para instalar no telhado, com até 670 watts de potência. Esse novo módulo feito com a UFSC vai além disso.
Significa ter uma fachada ou um estacionamento, por exemplo, melhor ambientados com o painel solar.
Carvalho: O laboratório da UFSC é voltado para o hidrogênio verde, cuja produção depende de uma fonte de energia renovável. Por isso escolheram a energia solar para essa função. E, em vez de fazer geração centralizada, eles tentaram fazer a aplicação desse laboratório com a BIPV, que é a tecnologia fotovoltaica aplicada à construção civil.
Uma placa será o próprio telhado, com elementos de vedação para evitar a passagem de água e com backsheet transparente para permitir alguma passagem luz, a fim de reduzir o consumo de energia, além de módulos com double glass para gerar sombreamento.
Essa integração com a construção civil reduz parte da geração de energia para complementar com design e cobertura. Está otimizado em termos de temperatura e iluminação, e o balanço geral do prédio é positivo, gerando mais do que consome, permitindo a injeção de energia excedente na rede.
BNamericas: A tecnologia está pronta para ser comercializada?
Carvalho: Estamos usando o laboratório para validar a tecnologia. Fizemos os testes mecânicos no laboratório. Agora também temos que obedecer a normas civis. A ideia é ter esse laboratório como uma vitrine para o produto e sair na frente no mercado.
BNamericas: Como vai o negócio de módulos fotovoltaicos da empresa, de modo geral?
Taborda: Abrimos nossa primeira fábrica em 2017, muito em função de projetos de geração centralizada. Quando entramos na geração distribuída, com módulos nacionais, fomentamos a venda de módulos nacionais no Brasil, com recursos do Finame [programa de financiamento do BNDES]. Hoje a BYD tem mais de 2 milhões de módulos instalados no país, somos a principal fabricante nacional. Já trouxemos mais de 5 milhões de módulos importados também.
Nosso plano agora, com a solução que integra geração solar ao armazenamento em baterias de lítio e mobilidade elétrica, é crescer ainda mais. As perspectivas são muito boas.
BNamericas: Quais são as projeções de vendas para 2022 e 2023?
Taborda: Nossa previsão para 2023 é de 1 GW de vendas, ante 800 MW previstos para este ano, considerando módulos nacionais e importados. É uma previsão conservadora. Poderíamos chegar a 1,5 GW ou 1,6 GW, pois existem alguns projetos que estamos participando com capacidade de 60 MW a 100 MW e alguns de até 500 MW ou 600 MW, cujo tempo de maturação é maior.
BNamericas: Quais são as perspectivas para o mercado de veículos elétricos?
Taborda: Somos uma empresa integrada, fabricamos 100% dos nossos produtos. Produzimos ônibus, caminhões e veículos leves, e também temos joint ventures com empresas como Toyota e Tesla para fornecer baterias.
Em relação ao Brasil, nossas perspectivas são as melhores. Entramos no país com posicionamento em veículos de luxo, mas também temos produtos mais acessíveis em nosso portfólio, como uma SUV 100% elétrica ou híbrida plug-in, e até o final do ano que vem pretendemos ter pelo menos 200 concessionárias vendendo nossos veículos.
Além disso, já pensamos em ter montadoras aqui. O Brasil pode ser um hub para a América Latina, exportando para a região.
Fora da China, o Brasil é de longe o lugar onde a BYD mais investe no mundo. Aqui temos fábricas de veículos elétricos, módulos fotovoltaicos e baterias. E, ao que tudo indica, novas fábricas virão para cá.
A Stella [Li], nossa vice-presidente global, já anunciou investimentos de R$ 10 bilhões no país nos próximos dois a três anos. Isso se deve ao crescimento do mercado solar, olhando para baterias, veículos, tudo o que realmente sabemos fazer como ninguém, investindo em tecnologias e aproveitando oportunidades de mercado.
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