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O plano da Kapsch para conquistar as rodovias da América Latina com pedágios de livre passagem

Bnamericas Publicado: sexta-feira, 03 fevereiro, 2023
O plano da Kapsch para conquistar as rodovias da América Latina com pedágios de livre passagem

A fornecedora austríaca de soluções inteligentes de transporte (ITS) Kapsch iniciou o primeiro contrato para pedágio de livre passagem, ou free flow, multipistas do Brasil.

O serviço, implantado pela concessionária CCR em um trecho da rodovia BR101 entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, começou a operar neste mês.

A empresa está otimista e acredita que este será apenas o primeiro de muitos outros contratos de rodovias no país, pois já recebeu interesse de concessionárias de outros estados, destacou o vice-presidente sênior da empresa para a América Latina, Samuel Kapsch, nesta entrevista à BNamericas.

O Brasil já contava com sistemas eletrônicos de cobrança de pedágio, por meio de etiquetas afixadas nos veículos e implantadas por empresas como Sem Parar, ConectCar e Veloe, mas que ainda obrigam os veículos a passar pelas cabines rápidas do pedágio. A tecnologia da Kapsch, no entanto, cria um “pedágio virtual” em uma rodovia, ou seja, um pedágio que não exige barreiras ou cabines.

Emissores de radiofrequência posicionados ao longo da via fazem a leitura da placa dos veículos e da tag de pagamento automático, um adesivo digital de pagamento instalado no para-brisa, que permite calcular o valor a ser pago com base na distância percorrida pelo veículo.

Novas regras do Código de Trânsito Brasileiro e do regulador de transporte terrestre ANTT permitiram a instalação desses sistemas a partir de 2023.

O primeiro projeto de tecnologia free flow do grupo na América Latina foi implantado no Chile há cerca de 20 anos, seguido pelo Equador. Agora a empresa está em negociações para levar seu sistema de pedágio para as estradas argentinas.

Considerando todos os tipos de soluções tecnológicas para transporte e trânsito, a Kapsch, que existe há 130 anos, afirma ter cerca de 70 projetos na América Latina em termos de implementação, desenvolvimento de software, operação e suporte. No mundo, opera em mais de 80 países.

BNamericas: Qual a importância da América Latina para a empresa e qual foi a importância de fechar esse contrato com a CCR?

Kapsch: Somos uma empresa com 130 anos e já passamos por muitos produtos diferentes. Passamos por TVs, baterias, telecomunicações. Por volta do ano 2000, decidimos partir para sistemas de pedágio e soluções free flow em várias pistas, portanto, sem barreiras. De lá para cá, o próximo passo lógico foi o gerenciamento de tráfego em geral.

Há 20 anos entramos no Chile com nossa solução free flow. O Chile foi, na verdade, um dos primeiros países do mundo onde implementamos isso. Atualmente, na região, temos essas soluções no Chile, no Equador e agora estamos entrando também no Brasil.

Até cerca de um ano atrás seria muito difícil alguém imaginar que isso chegaria tão rápido ao Brasil. É emocionante para nós estarmos no país.

Trazer esse tipo de tecnologia de pedágio para o Brasil para, antes de tudo, ajudar muitas pessoas em seus deslocamentos diários, gastando menos tempo no carro e tendo um trânsito mais eficiente e limpo. Com menos paradas em praças de pedágio, é claro, você produz menos CO2.

BNamericas: Por que você diz que seria difícil imaginar o Brasil com esse sistema?

Kapsch: Porque a estrutura legal ainda não estava 100% preparada. E também não houve, de fato, uma grande pressão pública do nosso lado.

O governo em algum momento teria publicado alguma resolução nesse sentido, mas não se esperava que fosse tão rápido. E foi emocionante podermos instalar a solução em tempo recorde.

Já temos isso no Chile há mais de 20 anos, mas agora que estamos implementando o primeiro free flow multipista no Brasil, estamos recebendo interesse de outros países da região que desejam explorar as possibilidades.

Levar esse projeto adiante foi um grande esforço internacional, o que também mostra a importância do Brasil para a Kapsch como empresa. Isso mostra que todos os olhos da empresa estão voltados para o Brasil.

BNamericas: Como é o acesso de vocês ao mercado? Vocês trabalham diretamente com concessionárias, reguladores? Como fazem para que seu sistema seja implantado nas rodovias?

Kapsch: Nosso cliente é sempre a concessionária. Trabalhamos com reguladores, mas vendemos apenas para as operadoras de rodovias. Dependendo do escopo do projeto, vamos direto ou com parceiros.

Agora, saindo da tecnologia de pedágio, é importante dizer que estamos em mais de 11 cidades do Brasil com nossas tecnologias de tráfego urbano.

E muitas vezes trabalhamos com parceiros ou temos contratados externos para tarefas muito específicas de curto prazo.

BNamericas: Quando o sistema da Kapsch estará totalmente operacional na BR-101?

Kapsch: A inauguração do sistema foi no dia 27 de janeiro. Agora temos um mês nesta fase de testes com a ATT para garantir que tudo corra bem.

Em 1º de março, eles iniciarão as cobranças.

BNamericas: Vocês estão em negociações para levar o sistema para outras rodovias do Brasil?

Kapsch: Já recebemos manifestações de interesse de outros clientes e também há conversas com o mesmo cliente [CCR], claro.

A primeira coisa que deve ser feita é a entrega desse projeto em nossa capacidade total. Não queremos nos adiantar. Temos uma grande visão para o free flow multipistas no Brasil, e esse é o primeiro projeto. É algo muito novo para o país. Agora todos os esforços estão voltados para essa entrega, da melhor maneira possível – e para usarmos isso como uma espécie de vitrine, um case de sucesso.

BNamericas: E na América Latina? Você mencionou o interesse de outros países da região.

Kapsch: Tivemos interesse, por exemplo, na Argentina. Existem, se não me engano, duas implementações de free flow multipista no país feitas por nós. Agora há mais uma parte interessada.

Depois do projeto no Brasil, muitas concessionárias estão tentando ver como isso funcionaria na situação atual de seus respectivos países.

BNamericas: E quanto ao resto do seu portfólio? Como ele está posicionado na região?

Kapsch: A gestão do tráfego urbano é um segmento muito forte para nós. Na América Latina, estamos em 19 cidades no momento, e Buenos Aires é nosso carro-chefe.

Também estamos em uma posição muito boa para integrar as duas frentes, sistemas inteligentes de transporte e sistemas de pedágio, porque, com a pandemia, muita gente deixou as grandes cidades para viver em regiões ou vilarejos próximos menores, e essas pessoas vêm e vão trabalhar todos os dias.

Uma cidade sem informações sobre o que vem das rodovias é uma cidade cega.

Também estamos vendo muitas iniciativas em torno de cidades inteligentes e, definitivamente, queremos ter uma participação importante nesse segmento.

BNamericas: Vocês estão investindo na expansão do quadro de funcionários e da tecnologia? Qual é o capex previsto para o ano para a região?

Kapsch: Temos cerca de 600 pessoas em nossa equipe na América Latina. Uma parte relevante disso é a nossa equipe de desenvolvimento que trabalha conosco em nível global.

Então, parte dos nossos centros de aplicação, responsáveis pelos projetos, estão na América Latina, na Argentina. O talento não nos ajuda só na região latino-americana, mas também dá a esses profissionais a chance de trabalhar conosco em nível global.

Os planos de capex sempre dependem do crescimento. Temos crescido de maneira muito constante nos últimos três ou quatro anos. Esperamos um crescimento de 25% no próximo ano. Então, definitivamente teremos mais adições [de funcionários].

Temos uma equipe grande. Fabricamos alguns componentes de câmeras, de controladores de semáforos para cidades e de tags, mas não os que são usados no Brasil. São de outra tecnologia, DSRC, que usamos no Chile.

E nós temos custos de material. Mas não temos produção na América Latina. Nossa fábrica fica na Áustria e temos outra nos Estados Unidos.

BNamericas: Há planos de produzir na região?

Kapsch: Definitivamente seria interessante. Há muito potencial. Não vou comentar sobre os planos exatos, mas acho que o Brasil, particularmente, seria um mercado interessante para a manufatura.

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