As negociações para capitalizar a siderúrgica mexicana Ahmsa podem incluir sua aquisição

As negociações para capitalizar a siderúrgica Altos Hornos de México (Ahmsa), que passa por uma situação financeira delicada, podem incluir a aquisição da empresa.

As conversas com os investidores continuam, embora um tribunal regional tenha ordenado recentemente que a empresa iniciasse processos de falência e suspensão de pagamentos, em um momento em que enfrenta o risco de uma greve para revisar o acordo coletivo.

No final de janeiro, a Ahmsa confirmou à BNamericas que estava em andamento um processo de negociação, sem dar detalhes, depois que o presidente Andrés Manuel López Obrador propôs ao dono da siderúrgica, Alonso Ancira, que vendesse suas ações a empresários mexicanos e apresentasse uma plano de pagamento da dívida em troca de apoio do governo.

“Existe um processo de negociação multilateral muito avançado para realizar uma associação ou aquisição da empresa por grupos interessados”, disse o coordenador de comunicação social da Ahmsa, Francisco Orduña, à BNamericas nesta quarta-feira (8), quando questionado novamente sobre o assunto.

Orduña acrescentou que o motivo das negociações é que a “Ahmsa, após pagar a segunda parcela do acordo imposto pelo governo por meio da [petroleira estatal] Pemex (US$ 200 milhões e uma segunda parcela de US$ 54 milhões), ficará sem capital de giro, porque o mesmo governo cancelou os créditos operacionais que tinha com a Pemex e com a CFE [estatal de energia elétrica].”

A siderúrgica já havia feito um primeiro pagamento de US$ 52 milhões em novembro de 2021 como parte do acordo de reparação, segundo o qual foi obrigada a reembolsar US$ 216 milhões que a Pemex teria pago a mais em 2014 para a Agronitrogenous – subsidiária de fertilizantes da siderúrgica –, disse o porta-voz.

A siderúrgica, cuja sede fica no estado de Coahuila, também sofreu cortes de energia por parte da CFE, que afetaram suas operações e paralisaram a produção de aço por mais de um mês.

Em janeiro, sua subsidiária Minera del Norte (Minosa) informou que teve que entrar com pedido de recuperação judicial nos termos da legislação mexicana vigente, o que implicou a suspensão de pagamentos, embora tenha declarado na época que as operações de extração de minério de ferro e carvão continuavam normalmente e a decisão não afetou a Ahmsa.

NOVAS FRENTES

Na semana passada, a mídia do estado de Coahuila noticiou que um tribunal civil de Monclova, a pedido de um credor interessado, decidiu iniciar um processo de falência contra a Ahmsa pelo suposto descumprimento de obrigações acordadas em 2016 para concluir um processo de suspensão anterior de pagamentos iniciados em lei de falências anterior à atual.

Esse processo anterior de conversão de falência teve origem em 1999, quando a Ahmsa reestruturou sua dívida como resultado do colapso dos preços internacionais do aço e da crise financeira global iniciada na Ásia, segundo a página da siderúrgica.

A juíza Mónica Rodríguez também indicou que deixaria a nomeação do síndico do novo processo nas mãos da câmara mexicana da siderurgia (Canacero).

No entanto, o diretor de comunicação da Canacero, Isidoro Guerson, disse à BNamericas que a entidade “foi intimada por nenhum juiz de qualquer foro ou instância para exercer as funções de síndico”.

“As decisões da Canacero, especialmente uma tão relevante quanto a que está em questão, são tomadas por consenso da mesa executiva da câmara, corpo executivo e decisão da instituição”, afirmou o porta-voz, acrescentando que a decisão sobre o tema será compartilhada em momento oportuno.

A BNamericas confirmou separadamente a decisão do tribunal civil de entrar com o processo de falência da Ahmsa, somando-se a outros arquivados no passado.

Para piorar a situação, em meio às negociações com potenciais investidores e ao novo processo judicial de conversão à falência, o jornal El Siglo de Torreón noticiou na quarta-feira (8) que o artigo 147 da União Democrática Mineira convocou uma greve na usina 1 de Ahmsa, visando a revisão do acordo coletivo de trabalho, enquanto a seção 288 integra uma comissão que fará o mesmo para a planta 2.

Cerca de 17 mil empregos em Monclova dependem destas duas fábricas. O porta-voz do sindicato mineiro, Gerardo Flores Escobedo, afirmou ao jornal local que o processo judicial que corre no tribunal cível de Monclova “não irá fechar a empresa”, acrescentando que o dever do sindicato é “proteger os trabalhadores”.

A convocação de greve é um ato jurídico rotineiro que o sindicato realiza anualmente para iniciar o processo de negociação salarial e a cada dois anos, visando revisar o próprio contrato.

O Grupo Acerero del Norte tem uma participação de 64% na Ahmsa, enquanto o público investidor controla 34% dos títulos e os conselheiros e os diretores 2%, segundo informações corporativas.