Bloqueio de petrolífera estatal reafirma necessidade do Chile de descarbonizar o transporte

O Chile está sob crescente pressão para descarbonizar seu sistema de transporte, não apenas para ajudar a combater as mudanças climáticas, mas também para enfrentar possíveis emergências, como o bloqueio que afetou a distribuição de combustíveis pela estatal de petróleo ENAP.

O bloqueio da refinaria da empresa na região de Biobío ameaçou a distribuição de combustíveis no sul do país, com longas filas registradas em postos de gasolina nas principais cidades do sul do Chile no fim de semana.

“[A transição energética] nos torna mais robustos para enfrentar problemas de abastecimento como o que estamos enfrentando agora. Acredito que o país deve avançar com energias alternativas e é isso que vamos promover”, disse à BNamericas o ministro dos Transportes, Juan Carlos Muñoz, quando questionado se o conflito da ENAP seria um incentivo para a transição energética no setor de transportes.

Desde a semana passada, funcionários terceirizados liderados pela federação nacional de trabalhadores (Fenatrasub) bloquearam o acesso à refinaria da ENAP e ao terminal portuário de San Vicente, como parte das demandas de negociações para diminuir a diferença salarial entre terceirizados e funcionários da empresa.

Na sexta-feira, a ENAP disse que seria forçada a interromper todas as operações de distribuição no sul do Chile e que só tinha reservas suficientes para durar cinco dias, embora mais tarde naquele dia a Fenatrasub tenha dito que permitiria a retomada de algumas operações.

Muñoz destacou que o principal fator de descarbonização do transporte no Chile são as mudanças climáticas e a redução das emissões de gases de efeito estufa, e que esse compromisso é anterior ao atual governo, mas destacou que as questões da ENAP podem funcionar como um novo incentivo.

O ministro fez esses comentários durante uma visita às obras do projeto ferroviário Melipilla-Santiago (US$ 1,55 bilhão), que faz parte dos esforços do governo para aumentar o uso de ferrovias em um país onde as rodovias continuam sendo a espinha dorsal do sistema de transporte.

Nesta frente, a empresa ferroviária estatal EFE planeja iniciar as obras da ferrovia Batuco-Santiago (US$ 650 milhões) este ano, enquanto as obras de uma nova ponte ferroviária sobre o rio Biobío (US$ 220 milhões) devem começar nos próximos dias.

Enquanto isso, o Ministério dos Transportes (MTT) também integra ônibus elétricos nos sistemas de transporte público desde 2018 e estabeleceu um prazo de 2035 para eliminar gradualmente as vendas de veículos leves, de transporte público e de mineração com motores de combustão interna.