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Como as grandes empresas de dados da América Latina estão lidando com condições climáticas extremas

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Como as grandes empresas de dados da América Latina estão lidando com condições climáticas extremas

As alterações climáticas, marcadas por novos extremos de precipitação, ventos e calor, representaram um desafio adicional para os grandes centros de processamento de dados.

Atualmente, essas empresas estão entre os maiores consumidores de sistemas de energia e refrigeração. Com o crescimento previsto à medida que a IA ganha força globalmente, seus sites devem garantir operações ininterruptas para garantir o funcionamento contínuo da Internet, bem como o fornecimento de serviços.

Os datacenters consomem muita energia, com instalações grandes que geralmente consomem mais de 30 GWh por ano.

“Tem duas coisas acontecendo: temperaturas mais elevadas, e na sequência disso, grandes temporais, com ventos e uma enorme quantidade de raios. Tudo isso são riscos para os datacenters e para as empresas de tecnologia como um todo”, disse Marcos Siqueira, COO da Ascenty, à BNamericas.

“O que temos feito mais do que nunca é, em primeiro lugar, aumentar o foco em manutenção preventiva”, destacou.

A Ascenty, maior empresa de colocation da América Latina em quantidade de sites, com 34 projetos, incluindo datacenters em operação ou em desenvolvimento, criou uma força-tarefa para lidar com essas questões e está realizando manutenções preventivas com maior frequência, acrescentou o executivo.

A empresa tem investido em ferramentas de automação para gerenciar seus sistemas e está reaproveitando a água da chuva para resfriar a parte externa de suas tubulações de ar-condicionado, que estão mais expostas a altas temperaturas.

Os sistemas de ar-condicionado da Ascenty são baseados em circuitos fechados de água, isso significa que não há aumento no consumo de água, ressaltou Siqueira. No entanto, o calor extremo no exterior de um edifício pode aumentar a temperatura da água e afetar o sistema de refrigeração nas salas de dados, sendo necessário o arrefecimento com água da chuva.

A empresa também implementou novas tecnologias de medição e Sistemas de Gestão Predial (BMS) mais eficientes, além de contratar consultores especializados para inspeção de para-raios. A Panduit é uma das principais fornecedoras de BMS e cabeamento estruturado da Ascenty.

EFICIÊNCIA E SUSTENTABILIDADE

A Schneider Electric, uma das maiores fornecedoras de equipamentos industriais para datacenters, verificou um aumento na demanda de clientes por soluções mais resilientes e eficientes em toda a região.

“Esse é um tema que se tornou bastante urgente, e não somente no que diz respeito ao resfriamento dos servidores que estão dentro das datacenters. É uma questão ambiental e de sustentabilidade também”, avaliou Marcio Kenji, gerente do segmento de nuvem e provedores de serviços para a América do Sul da empresa, à BNamericas.

Justamente por serem essenciais no mundo moderno, os datacenters em geral, e aqueles destinados a grandes clientes de Internet e nuvem em particular, são atualmente projetados para continuar funcionando mesmo com interrupções no fornecimento de energia.

Além disso, os principais sites tendem a estar conectados a redes de alta tensão e não a redes de baixa e média tensão das distribuidoras que atendem as residências, que são mais suscetíveis a incidentes como quedas de árvores, por exemplo.

De qualquer forma, uma mera oscilação na carga total de energia do sistema pode acionar geradores, o que implica aumento nas despesas operacionais, mais emissões poluentes e aumento na métrica de eficácia no uso de energia (PUE).

DO AR À ÁGUA

Atualmente, os datacenters suportam requisitos de potência de rack superiores a 20 kW, mas o mercado caminha para 50 kW ou mais. Ao mesmo tempo, mais de 40% do consumo atual de energia em um datacenter já provém do ar-condicionado, segundo a Schneider Electric.

De acordo com a Vertiv, outra grande fornecedora de equipamentos para datacenters, o resfriamento tradicional a ar demonstrou seus limites para resfriar grandes estruturas de dados.

As unidades centrais de processamento (CPUs) e as unidades de processamento gráfico (GPUs) de geração mais recente, como aquelas usadas para inteligência artificial degenerativa, têm propriedades de densidade térmica mais alta do que as arquiteturas da geração anterior.

Como resultado, os operadores de datacenters estão duplicando a aposta em diferentes tipos de aplicações de tecnologias de refrigeração líquida. Elas podem ser mais complexas e caras do que os sistemas de refrigeração tradicionais, mas também são mais eficientes em termos energéticos.

De acordo com o grupo Dell'Oro, as receitas no mercado de refrigeração líquida deverão atingir US$ 2 bilhões até 2027, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 60% para 2020 a 2027.

Este mês, a fornecedora global de infraestrutura digital Equinix anunciou suporte para esses modelos de refrigeração, por meio dos seus parceiros, em mais de 100 dos seus datacenters, em 45 regiões de nuvem, incluindo Brasil, México e Colômbia.

“O resfriamento líquido permite que as empresas operem sua infraestrutura de TI com densidades mais altas de energia e obtenham desempenho mais eficiente. Cenário ideal para as aplicações de IA, que estão evoluindo rapidamente”, analisou Victor Arnaud, diretor administrativo da Equinix no Brasil.

A Equinix oferecerá suporte a tecnologias de refrigeração líquida, incluindo trocadores de calor direto no chip e na porta traseira. A empresa também oferece uma abordagem neutra em relação ao fornecedor para permitir que os clientes usem seu fornecedor de hardware preferido em suas implantações, afirmou.

Direct-to-chip é uma abordagem que envolve uma placa fria colocada em cima do chip dentro do servidor. Essa placa é equipada com canais de fornecimento e retorno de líquido, retirando o calor do chip.

Isso permite que servidores habilitados diretamente para chip sejam instalados em um gabinete de TI padrão, assim como equipamentos legados refrigerados a ar, mesmo sendo resfriados de maneira inovadora, pontuou a Equinix.

“O resfriamento líquido não é algo novo, já estava sendo desenvolvido há alguns anos. Mas a verdade é que nunca houve um aumento tão grande na procura deste tipo de aplicação. Existem projetos em andamento por todos os hiperscaladores globais, e eles incluem aqueles com presença na região”, afirmou Kenji, executivo da Schneider.

A Scala é outro fornecedor de hiperescala que aposta na refrigeração líquida, além de modelos de refrigeração ainda mais inovadores que devem chegar ao mercado em breve, como o resfriamento radiante, segundo o CTO da empresa, Agostinho Villela.

“Nossos clientes hiperescaladores estão cientes dessas questões – elas são uma prioridade. Eles querem estruturas mais resilientes para os climas mais adversos, mas também com um forte foco na sustentabilidade”, disse ele à BNamericas.

Diante das novas exigências de densidade de dados e as condições climáticas, estes players estariam agora dispostos a aceitar que os seus servidores operem em salas de dados com temperaturas ligeiramente mais elevadas, observou Villela, acrescentando que os fabricantes de equipamentos desenvolveram um hardware que é "perfeitamente capaz" de operar em temperaturas de até 70ºC.

“Em suma, há uma necessidade, por conta do calor, de se preocupar com eficiência energética, dos coolers e dos geradores. Além do mais, os sistemas de contingência vão ter que estar muito bem alinhados”, destacou Vilela.

Kenji de Schneider confirmou essas observações.

“Estamos em um ponto de inflexão, com uma alta demanda por datacenters, para suprir toda essa demanda de inteligência artificial, junto com a crise e a transição energética e o problema climático”, afirmou.

"Com o perdão do trocadilho, é quase uma tempestade perfeita."

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