Dentro do projeto de cabo América Latina-Ásia-Pacífico de US$ 650 milhões no Chile

O Chile está avançando em seu projeto de cabo submarino internacional Humboldt, de US$ 650 milhões, com o qual pretende se tornar o centro digital entre a América Latina e a Ásia-Pacífico.

Como parte desse processo, o fundo chileno de infraestrutura Desarrollo País, controlado pela maioria do estado, selecionou a H2 Cable de Cingapura como parceira estratégica do sistema.

De acordo com o regulador de telecomunicações do Chile, Subtel, tanto a Desarollo quanto a H2 contrataram a International Connectivity Services, pertencente ao Hawaiki Group, para “finalizar o projeto do sistema, dar início ao processo de recrutamento e conectar-se com clientes-chave em potencial”.

Previsto para estender 14.810 km, Humboldt deve fornecer conectividade ponta a ponta entre Valparaíso (Chile) e Sydney (Austrália), onde se interconectará com outros sistemas que chegam à Ásia.

Também terá filiais para a possível conexão de outros países e territórios, como Juan Fernández e Iha de Páscoa, além da Nova Zelândia, segundo Subtel.

Rota hábil de Humboldt. Fonte: Subtel

Em seu projeto preliminar, o cabo Humboldt foi planejado para conectar Chile e China, e depois foi alterado para Austrália, devido às pressões diplomáticas dos EUA para conter a crescente influência da China, segundo especialistas.

“Os japoneses então chegaram [por meio de um memorando de entendimento] e, de uma forma ou de outra, nos bastidores e também abertamente, o cabo agora só chegará à Austrália. Assim, os EUA podem fazer coisas nos bastidores para manobrar e pressionar”, disse Barbara Stallings, professora de relações internacionais da Brown University, durante um webinar sobre financiamento chinês do Wilson Center em setembro.

Além disso, a H2 Cable também possui um projeto de cabo homônimo que conecta a Austrália e Hong Kong. Anunciado em 2019, o sistema H2 está planejado para ser lançado em 2022. O fornecimento e a instalação do cabo foram comissionados para o desenvolvedor de sistemas submarinos dos Estados Unidos, a SubCom.

As filiais da H2 incluem conexões com ilhas e regiões que a chinesa Huawei havia concordado em instalar antes que a Austrália bloqueasse seu projeto lá, em 2018, por motivos de segurança, como informou a Reuters na época.

O sistema de cabo H2 é projetado para várias unidades de ramificação que podem ser implantadas em locais como Taiwan, Papua Nova Guiné, Ilha Salomão, Guam, Queensland, Havaí e Los Angeles.

Fonte da imagem: SubCom

Com o contrato com o Desarollo País do Chile, a H2 operaria direta ou indiretamente uma rede submarina mais ampla de internet que uniria Chile-Oceania-China e potencialmente os EUA.

Contratado pela H2 Cable e Desarollo País do Chile, a International Connectivity Services está registrada na Nova Zelândia.

Foi constituída em dezembro de 2014, mas apenas esparsas informações estão disponíveis sobre a empresa, que nem mesmo possui um site na Internet.

As informações disponíveis mostram que Remi Galasso é um de seus diretores. Galasso também é CEO da Hawaiki Cable, controladora da International Connectivity.

Mas Subtel também se refere a Galasso como diretor da H2 Cable.

“Vemos este projeto [Humboldt] como uma oportunidade de estabelecer uma nova ligação transpacífica totalmente diversa e, além disso, de expandir as capacidades de comunicação do Chile e dos países vizinhos. Esperamos trabalhar com a Desarrollo País na construção deste projeto de infraestrutura crítica, que irá melhorar as economias digitais da América Latina e da APAC”, disse Galasso, em um comunicado à imprensa da Subtel.

A Hawaiki Cable é proprietária de um cabo homônimo de 15.000 km que liga Austrália, Nova Zelândia, Samoa Americana, Ilha do Pacífico, Havaí e Oregon na costa oeste dos Estados Unidos.

Em outubro de 2016, a AWS adquiriu capacidade no sistema Hawaiki, tornando-se o primeiro investimento da AWS em um sistema de cabo submarino internacional, de acordo com a Submarine Networks.

O cabo Hawaiki foi lançado em julho de 2018. A SubCom era sua fornecedora.

Fonte da imagem: Hawaiki

Em seu site, a Hawaiki disse que o cabo conecta 356 milhões de consumidores e é “o maior e mais rápido link entre a Australásia e os EUA”.

Em julho deste ano, a Hawaiki Cable anunciou sua venda para a BW Digital Pte., uma afiliada do BW Group, com sede em Cingapura.