Destaque: os projetos de transformação digital da EDP no Brasil

A empresa energética portuguesa EDP está acelerando seus processos de transformação digital e automação no Brasil, com novas subestações digitais, redes inteligentes e um software de gestão mais avançado.

Uma das frentes onde o grupo de energia atua no momento é a expansão de uma rede LTE privada na faixa de 250 MHz, em parceria com a consultoria e integradora CelPlan, disse à BNamericas Gabriel Barbosa, engenheiro de controle e automação da EDP Brasil.

A CelPlan, que conta com cabeamento estruturado fornecido pela Furukawa para o projeto, é responsável pela gestão da rede da EDP junto à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A integradora foi responsável pela obtenção de uma licença de rede privada, conhecida como SLP, em nome da EDP. A licença foi concedida em 2023, inicialmente para sua concessão no estado do Espírito Santo (EDP Espírito Santo).

Falando durante o Furukawa LatAm Summit 2024, realizado em Goiás na semana passada, Barbosa comentou que a segunda fase do projeto – que abrange outros municípios e áreas de concessão – deverá começar em breve. Ele também comentou que, por enquanto, as necessidades da empresa não exigem conectividade de transmissão de dados de alta capacidade, como o 5G.

Por ser uma frequência mais baixa, a faixa de 250 MHz tem alcance de cobertura maior do que as utilizadas para 5G, como 3,7 GHz, o que facilita a conectividade no campo.

A REDE

Como o interior do Espírito Santo possui relevo acidentado, o que dificulta a implantação de antenas pelas operadoras, a solução buscada pela EDP foi instalar uma rede própria. A conectividade foi necessária devido à elevada concentração de religadores e equipamentos relacionados que a EDP possui na área.

Inicialmente, a rede LTE foi implantada nos municípios de Cachoeiro de Itapemirim e Nova Venécia, conforme apresentação da empresa durante o evento da Furukawa. Não foram divulgados valores de investimento relacionados ao projeto.

Em 2022, último disponível com resultados anuais, a EDP Brasil investiu 1,6% de sua receita operacional líquida em inovação, ou R$ 256 milhões (US$ 49,7 mi). Um quarto desse montante foi alocado para projetos de P&D aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

No geral, a matriz portuguesa planeja investir US$ 6,75 bilhões este ano, superando os US$ 4,4 bilhões de 2023. O plano de negócios da empresa para 2023 a 2026 prevê um investimento bruto de US$ 27 bilhões, dos quais 52% são destinados à energia solar, 45% à energia eólica e 3% ao armazenamento.

Do investimento projetado para o período, US$ 4,05 bilhões estão alocados para a América do Sul (Brasil, Chile e Colômbia), onde espera adicionar 2,5 GW de capacidade.

O plano também inclui cerca de € 3 bilhões (US$ 3,25 bi) para iniciativas digitais e de inovação.

PROJETOS

Jefferson Alberto, engenheiro de telecomunicações da EDP São Paulo, disse que a empresa foi a primeira do setor elétrico do Brasil a alcançar a transformação 100% digital de suas subestações.

Em termos de concessões de distribuição, o grupo opera a EDP Espírito Santo e a EDP São Paulo. No Espírito Santo, possui 111 subestações, além de mais de 2,3 mil religadores e 800 km de fibra óptica, abrangendo 70 municípios e mais de 1,7 milhão de clientes. Em São Paulo, há 74 subestações, 3,3 mil religadores e 400 km de fibra, atendendo 28 municípios e mais de 2 milhões de residentes.

PROGRAMAS

O centro de operações da EDP está localizado em São José dos Campos, no interior de São Paulo, e é responsável pela gestão das áreas de geração, transmissão e distribuição do grupo.

O projeto foi desenvolvido com tecnologias Furukawa e Green4T e concluído em 2020. No local, a empresa opera seu próprio datacenter, uma instalação certificada de nível 3 para armazenamento e processamento de dados.

Na frente de software, o próximo passo do grupo envolve a migração de um sistema supervisório de controle e aquisição de dados (Scada) para um sistema avançado de gerenciamento de distribuição (ADMS), considerado o mais avançado do setor de distribuição de energia.

A migração, cujo desenho começou este ano, deverá arrancar em 2025, segundo Alberto.

EMPREENDIMENTOS

Outro pilar do impulso de digitalização e inovação da EDP envolve investimentos diretos em startups por meio de seu braço EDP Ventures.

Ao final de 2023, a unidade havia investido cerca de R$ 56 milhões em nove startups, com 300 profissionais e mais de R$ 20 milhões em faturamento, segundo o último relatório ESG da empresa.

As startups estão focadas na inovação tecnológica nas áreas de energias renováveis, geração distribuída, hidrogênio verde, armazenamento de energia, mobilidade elétrica, descarbonização e redes do futuro, entre outras.