A demanda por novas soluções energéticas em Fernando de Noronha

Energia solar e eólica, biocombustíveis, gás natural liquefeito (GNL) e sistemas de armazenamento de energia estão entre as opções que podem substituir parcial ou totalmente o óleo diesel na matriz energética do arquipélago brasileiro de Fernando de Noronha.

Essa é a conclusão de um estudo recentemente divulgado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

No estudo, a EPE destaca que uma Lei Estadual (16.810/2020) resultará no crescimento da frota de veículos elétricos plug-in no arquipélago localizado no litoral de Pernambuco, o qual utilizará energia gerada pelo óleo diesel termelétrica de Tubarão (5 MW).

A substituição da frota de veículos por alternativas elétricas contribuirá para o aumento da demanda local de energia, resultando na necessidade de ampliação do parque gerador existente.

Outra razão para o crescimento do consumo de energia é o plano de expansão da capacidade do sistema de dessalinização de água do arquipélago, que triplicará o processamento de água do mar, de 130 para 360 m³/h. O sistema atual é responsável por 10% do consumo de energia da ilha.

Entre 2023 e 2031, o consumo de energia em Fernando de Noronha deverá saltar cerca de 40%.

Fernando de Noronha prevê crescimento do consumo de energia. Fonte: EPE

Diante desse cenário, a EPE analisou diversas tecnologias para identificar as melhores opções de geração de energia elétrica no arquipélago nos próximos anos em substituição ao uso do óleo diesel, já que Fernando de Noronha é um patrimônio natural que precisa ser preservado.

O estudo identificou que as tecnologias eólica e solar fotovoltaica, principalmente offshore, são as alternativas mais promissoras devido à disponibilidade dessas fontes. No entanto, a falta de área disponível nas ilhas e questões ambientais podem dificultar a implantação desse tipo de geração.

Os combustíveis líquidos para geração de energia podem ser transportados do continente para as ilhas, seguindo a mesma logística atualmente utilizada para o diesel. Neste sentido, o etanol e o biodiesel parecem promissores, com destaque para o segundo, devido à diversidade de insumos e rotas tecnológicas que podem ser utilizadas para sua produção.

A EPE também verificou que o GNL pode ser uma alternativa para abastecer o arquipélago Para viabilizar essa solução, questões relacionadas à implantação de um terminal de regaseificação, além de questões ambientais, teriam que ser consideradas.

Os sistemas de armazenamento a bateria também seriam uma alternativa viável, podendo atender a demanda de forma flexível, sem ocupar muito espaço e com baixo impacto. Esta solução pode ser usada em conjunto com renováveis que fornecem geração variável.

A EPE destacou que existem várias dificuldades para ligar o arquipélago à rede elétrica nacional, de modo que Fernando de Noronha irá continuar com um sistema isolado durante muito anos.

VISÃO GERAL

A concessão para distribuição e geração de energia em Fernando de Noronha pertence à Neoenergia Celpe. Sua concessão de geração é válida até março de 2030.

Além da usina termelétrica de Tubarão, o arquipélago conta com duas usinas solares: Noronha I (402 kWp) e II (550 kWp), que entraram em operação em 2014 e 2015, respectivamente.

Ambos foram doados, o primeiro ao comando aeronáutico da Aeronáutica e o segundo à administração da ilha. A geração dessas usinas é, portanto, deduzida da demanda a ser suprida pela distribuidora.