Brasil intensifica combate ao garimpo ilegal de ouro

Os stakeholders da mineração brasileira estão trabalhando juntos para intensificar a luta contra o garimpo ilegal de ouro, uma atividade que está prejudicando a reputação do setor em todo o mundo.

A produção ilegal de ouro no maior país da América Latina é um problema crônico há décadas e combatê-lo é difícil devido ao tamanho do país e ao fato de que muitas vezes ocorre em áreas remotas da floresta amazônica.

No entanto, agora as autoridades estão mais engajadas e possuem mais mecanismos de rastreabilidade que podem ajudar no combate a essas atividades criminosas, as quais também trazem sérios impactos ambientais, como desmatamento, perda de biodiversidade e poluição da água, do ar e do solo.

Como parte desses esforços, o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) realizou uma série de reuniões com autoridades nos últimos dias, pedindo mais para ser feito dentro e fora do país e pedindo ao Itamaraty que reforce os esforços para quebrar a cadeia de produção e venda de ouro de operações ilegais.

“A comercialização de ouro ilegal alimenta uma aliança do crime no Brasil, que é responsável por parte da devastação que vemos na Amazônia, algo que o mundo está observando. Um dos países que mais compram ouro do Brasil é a Suíça. Recentemente, estive em Genebra para debater esta questão do comércio e sobre a adoção da certificação das importações do minério, com rastreamento da origem”, disse em comunicado o diretor-presidente do Ibram, Raul Jungmann.

Já o presidente da Comissão de Valores Monetários (CVM), João Pedro Barroso do Nascimento, afirmou que a comissão irá considerar prioritário intensificar a fiscalização de certificados e corretoras de valores mobiliários (DTVMs), por meio dos quais se acredita que o ouro extraído seja ilegalmente lavado.

De acordo com um estudo da ONG de sustentabilidade Instituto Escolhas, 52,8 toneladas de ouro foram produzidas em operações clandestinas em 2021, o número mais recente disponível, para um aumento de 25% em relação a 2020.

O garimpo ilegal aumentou exponencialmente nos últimos anos graças à demanda internacional. Os preços do ouro subiram de cerca de US$ 400/oz antes da pandemia para mais de US$ 1.900/oz, o que alimentou literalmente milhares de operações de pequena escala no Brasil, bem como muitos empreendimentos maiores.

O Brasil é agora um dos 10 maiores exportadores de ouro do mundo. Segundo dados do Ibram, em 2021 a produção nacional de ouro atingiu 194 toneladas, gerando uma receita de R$ 27 bilhões (US$ 5,3 bi), um aumento de 8% em relação a 2020. Estima-se que cerca de um terço desse ouro seja produzido ilegalmente.