Colômbia e Peru são principais mercados da região para o 5G FWA, aponta Ericsson
Por conta da penetração ainda baixa dos serviços de banda larga de fibra em comparação com outros países da região, a Colômbia e o Peru são os dois principais mercados potenciais para o desenvolvimento do 5G FWA na América Latina, de acordo com o presidente da Ericsson para o Cone Sul, Rodrigo Dienstmann.
O FWA, que consiste basicamente em ter um “modem” 5G como conectividade de última milha para redes domésticas, é uma das grandes apostas do fornecedor sueco.
“A Colômbia ainda tem uma oportunidade muito importante para crescer em banda larga fixa. Ao contrário do Brasil, que tem milhares de provedores de fibra, a Colômbia ainda não tem grande penetração e possui muitas áreas remotas. As apostas para FWA na Colômbia, na minha visão, estão entre as mais promissoras”, disse Dienstmann, em resposta a uma pergunta da BNamericas em uma entrevista coletiva nesta sexta-feira (8).
A novata Telecall, provedora brasileira que arrematou uma das licenças nacionais no leilão do 5G da Colômbia, é uma das empresas que aposta abertamente na tecnologia FWA para seu plano de negócios local do 5G.
Conforme relatado anteriormente pela BNamericas, a Telecall realizou reuniões após o leilão com vários fornecedores de rede, inclusive a Ericsson.
No Peru, o cenário é semelhante: a penetração de FTTH é ainda menor que na Colômbia, há pouca diversidade de fornecedores de fibra, um bom mercado consumidor e áreas remotas e rurais não conectadas.
O país, porém, ainda não definiu data para o leilão do 5G, como observa Dienstmann.
Esta semana, as autoridades de telecomunicações peruanas apresentaram diretrizes à agência local de promoção de investimentos ProInversión para preparar um leilão envolvendo as faixas do espectro de 3,5 GHz e 26 GHz.
Na melhor das hipóteses, o certame ocorreria antes do final do ano.
PERSPECTIVAS DE MERCADO
Apesar da desaceleração do mercado global de infraestrutura móvel em geral e de uma certa fraqueza sentida também na América Latina, Dienstmann afirma estar otimista em relação ao Brasil e à região como um todo.
A fabricante registrou uma queda de 3% nas vendas líquidas em 2023 em sua área de mercado que compreende Europa e América Latina. Em termos ajustados ao câmbio, as vendas caíram 9%.
“As vendas na Europa e na América Latina diminuíram após níveis elevados de investimento em 2022. O declínio das vendas na Europa foi parcialmente compensado por ganhos de participação de mercado. As vendas reportadas registraram queda de -8%”, afirmou a empresa em seu relatório financeiro do quarto trimestre.
No Brasil, a troca dos pagamentos do espectro por investimentos plurianuais obrigatórios em 5G deve manter a demanda forte por um tempo, segundo o executivo.
O Brasil é responsável por quase 70% de todos os acessos 5G atuais na América Latina, destacou.
“O que ouvimos dos nossos clientes na região em geral é que se eles puderem deixar de investir em 4G para investir em 5G, eles o farão. Não é possível fazer isso totalmente, já que a base de 5G ainda é relativamente baixa e ainda há cobertura para se fazer em 4G, mas há uma perspectiva positiva em termos de demanda”, afirmou Dienstmann em resposta à BNamericas.
Além disso, novas tecnologias e arquiteturas de rede em torno do 5G, entre elas a FWA, também são oportunidades no Brasil, destacou.
A empresa também comemorou reatribuição da frequência de 700 MHz devolvida pela Winity por parte da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o interesse dos provedores regionais nesta faixa. A frequência tem bom alcance e é vista como útil tanto para 4G quanto como complemento de cobertura para 5G.
Dienstmann considera, porém, que o ideal é que a Anatel realize um novo leilão para essa frequência, em vez de concedê-la para uso secundário ou temporário.
Em outras partes da região, os leilões de espectro recentes no Uruguai, Argentina e Colômbia, bem como o segundo leilão de espectro 5G do Chile, são vistos como boas oportunidades para a empresa.
Questionada sobre negócios, a Ericsson renovou praticamente todos os seus contratos existentes para fornecimento de antenas e equipamentos relacionados a operadoras de países latino-americanos que já realizaram leilões e começaram a lançar redes 5G, pontuou Dienstmann.
No entanto, a empresa não dá detalhes sobre a quantidade de contratos que possui.
IA, SATÉLITES E MAIS
Outras alavancas de crescimento vistas como promissoras pela Ericsson são inteligência artificial (IA), redes privadas e conexões de telefonia celular diretamente via satélite.
Na área de IA, o vice-presidente de software e serviços de nuvem da Ericsson, Andrea Faustino, aponta quatro áreas de uso principais: melhorar a gestão das redes 5G, melhorar os sistemas de faturamento e cobrança das operadoras, melhorar a gestão de energia dos equipamentos de rede e melhorar a automação das redes das operadoras em geral.
Nas redes privadas, a Ericsson não divulga quantos projetos possui regionalmente. Até o momento, a empresa anunciou apenas alguns deles. Os casos da Ericsson incluem Nestlé e WEG no Brasil.
Dienstmann disse que acaba de ser assinado um contrato com uma grande empresa do estado de Minas Gerais para um projeto de rede privada.
Por fim, a Ericsson afirma que várias operadoras abordaram a companhia para discutir modelos de integração entre as novas tecnologias satellite-to-device, ou direct-to-satellite, e tecnologias de rede terrestre.
Basicamente, o celular do usuário mudaria automaticamente para satélite na ausência de rede 4G ou 5G. Na visão do executivo, o serviço tem sinergias e funciona como complemento às antenas terrestres em locais onde não há essa infraestrutura.
Ele descarta a ideia de concorrência direta com empresas de satélite, embora, em última análise, se as operadoras pudessem optar pela conexão via satélite em vez de instalar uma nova antena em uma área isolada, isso significaria concorrência para os fornecedores de rede.
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