De olho nas exportações de gás para o Chile, argentina CGC avalia projetos de midstream

Em meio ao aumento do interesse da Argentina em reforçar as exportações de gás natural para o Chile, a empresa de hidrocarbonetos CGC disse que está avaliando projetos associados.

A produção da indústria de gás da Argentina está aumentando e o setor trabalha para conquistar gradualmente exportações firmes durante todo o ano para o Chile, ao mesmo tempo em que vislumbra a possibilidade de exportar GNL, com uma opção envolvendo a conversão da infraestrutura de GNL chilena.

GASODUTO GASANDES

Ocupando a sexta posição em produção de hidrocarbonetos na Argentina, a CGC está entre as empresas de olho nas oportunidades do gás. Entre outros ativos de midstream, a CGC conta com uma participação operacional de 43% no principal gasoduto de exportação de gás, o GasAndes, que transporta a produção da formação de Vaca Muerta para a região metropolitana de Santiago, no Chile.

A CGC está considerando a instalação da infraestrutura de compressão no GasAndes, disse a gerente comercial de gás, energia e midstream da empresa, Victoria Sabbioni.

“Temos a possibilidade de aumentar a oferta que hoje vai para a região central do Chile. Você pode dobrar a capacidade de exportação disponível atualmente, não só para atender toda a demanda de Santiago, mas também para gerar fluxos de gás que possam chegar ao mercado asiático pelo fornecimento de GNL”, explicou Sabbioni durante um seminário organizado pela plataforma de comercialização do mercado de gás natural Megasa.

A compressão aumentaria a capacidade de transporte do GasAndes dos 10,5 MMm³/d de hoje para 17 MMm³/d. A capacidade real de transporte é de cerca de 5 MMm³/d no inverno e 9 MMm³/d no verão devido à capacidade disponível da infraestrutura de alimentação operada pela TGN, concessionária de midstream na qual a CGC detém 28% de participação.

“Instalar uma planta de compressão é um grande desafio, porque ela precisa ser instalada no ponto mais alto da serra, mas estamos analisando um projeto para essa capacidade”, contou Sabbioni. “É claro que, em paralelo a isso, seria necessário realizar obras de infraestrutura na TGN, para que esses 17 MMm³/d possam fluir para o GasAndes.”

Com a demanda doméstica de gás no centro do Chile em torno de 10 MMm³/d, volumes acima disso poderiam ser convertidos em GNL no Chile – onde a infraestrutura existente precisaria ser convertida – e enviados para a Ásia, foi informado ao webcast.

As exportações argentinas via GasAndes foram de 3,25 MMm³/d em julho, um aumento de 80% em relação ao ano anterior, segundo dados do regulador de gás Enargas. As exportações aumentam à medida que a demanda local cai na Argentina, com os envios atingindo, por exemplo, 6,13 MMm³/d em fevereiro, um aumento de 24%.

GASODUTO DO PACÍFICO

A Argentina tem outro gasoduto de exportação da região central para o Chile, o Gasoducto del Pacífico, de 5,2 MMm³/d, que percorre o campo de gás da bacia de Neuquén Loma La Lata – onde a empresa estatal de hidrocarbonetos YPF tem ativos de produção – e a região chilena de Biobío. As exportações associadas foram de 370.000 m³/d em julho, ante zero no ano anterior e 310.000 m³/d no mês anterior. As exportações em fevereiro deste ano foram de 190.000 m³/d, um aumento de 29% em relação ao ano anterior.

Este ano, Chile e Argentina fecharam um acordo de exportação firme, envolvendo 300.000 m³/d via Gasoducto del Pacífico.

ARMAZENAMENTO SUBTERRÂNEO

Em 2020, a CGC inaugurou uma unidade de armazenamento subterrâneo de gás, a Sur Río Chico, na província de Santa Cruz, onde a empresa é a maior produtora de gás natural. A instalação foi projetada para receber 1 MMm³/d no verão e bombear 2 MMm³/d no inverno, quando a demanda aumenta.

A CGC tem em vista oportunidades de armazenamento “muito promissoras”, ao sul da capital homônima da província de Mendoza, perto de centros de demanda, disse Sabbioni.

O gás armazenado pode ajudar a atender os picos de demanda do inverno, liberando outra produção para exportação.

PRODUÇÃO DA CGC E NACIONAL

A produção da CGC subiu cerca de 60% no ano passado, após a aquisição da chinesa Sinopec Argentina, obtendo mais de 4.600 km de ativos, principalmente nas bacias do Golfo San Jorge e Cuyana. A produção ultrapassa 50.000 boe/d.

Trabalhando para aumentar a produção – esforços que agora rendem frutos na bacia do Golfo San Jorge –, a produção de gás da CGC ficou em média cerca de 1 MMm³/d acima do seu compromisso de injeção de 3,6 MMm³/d no programa de incentivos à produção Plan Gas.

Nacionalmente, a produção de gás natural foi de 139 MMm³/d em junho, um aumento de 9,6% ano a ano, de acordo com um relatório do instituto de pesquisa de energia General Mosconi. A produção de Vaca Muerta foi de 53,4 MMm³/d, um aumento de 38,7%.

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