Empresa de energia listada em Londres planeja sair da Argentina

A Molecular Energies UK, listada na bolsa de valores de Londres, revelou que planeja vender sua unidade de negócios argentina de petróleo e gás, citando um ambiente operacional desfavorável.

A notícia chega pouco depois de a norte-americana ExxonMobil ter anunciado que estava avaliando a transferência de ativos de xisto na bacia de Neuquén.

As dificuldades para as empresas têm crescido na Argentina, que enfrenta um cenário de inflação galopante, risco político elevado e acesso a dólares limitado.

“A Argentina é econômica e politicamente volátil e instável, e a situação se degradou substancialmente desde que a empresa começou a investir lá, em especial este ano”, declarou a Molecular Energies em um comunicado.

A transação, que envolve até US$ 40 milhões, faria com que a Molecular Energies se desfizesse da President Energy Holding UK, proprietária beneficiária da unidade argentina President Petroleum. Peter Levine, diretor e acionista da Molecular Energies, fecharia a aquisição por meio de sua empresa PLLG Investments Limited.

A venda, afirma o comunicado, proporcionaria à Molecular Energies “potencial para crescer significativamente como empresa pública, sem o peso de estar envolvida em um país que, infelizmente, é considerado por muitos investidores, tanto nos mercados de Londres como nos internacionais, como ‘ininvestível’ no momento”.

Citando o impacto dos controles de capital, a empresa disse que era “desaconselhável” que a Molecular Energies continuasse injetando recursos para a expansão da unidade, já que “não há garantia de quando ou se esse dinheiro poderá ser recuperado e os dividendos pagos”. 

A President possui campos maduros convencionais nas províncias de Río Negro e Salta. A produção líquida média no segundo trimestre de 2023 caiu para 1.514 boe/d de 1.650 boe/d em 2022. As reservas registradas de hidrocarbonetos 2P em 31 de dezembro de 2022 eram de cerca de 19 MMboe (milhões de barris de óleo equivalente).

O negócio é rentável, adianta o comunicado, gerando um Ebitda de cerca de US$ 3,5 milhões no primeiro semestre de 2023, dinheiro utilizado principalmente para pagar aproximadamente US$ 33 milhões em dívidas financeiras de terceiros.

A Molecular Energies também possui uma licença de exploração no Paraguai – onde a perfuração deve começar este mês – e duas subdivisões focadas no segmento de hidrogênio verde.

A empresa argentina de energia Pampa Energía disse recentemente que estava analisando a potencial compra dos ativos de óleo de xisto da ExxonMobil. A norte-americana está envolvida em diversas áreas da formação, com quase toda a produção de cerca de 1.170 m³/d (7.359 b/d) correspondendo ao bloco principal Bajo del Choique-La Invernada, de acordo com dados da operadora publicados pelo departamento federal de energia.

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Ainda sobre a Argentina, a perfuradora local Tecpetrol, uma unidade do grupo ítalo-argentino Techint, informou que registrou uma produção recorde de gás em sua licença Fortín de Piedra, na formação de hidrocarbonetos não convencionais de Vaca Muerta.

A produção disparou para 24 MMm³/d no mês passado, com a empresa citando o impacto dos compromissos do esquema de promoção da produção Plan Gas e o comissionamento da primeira fase do gasoduto de Vaca Muerta, um grande projeto para reduzir os gargalos.

A Tecpetrol gastou US$ 3,5 bilhões na área desde 2017, segundo a agência de notícias estatal Télam.

A empresa espera exportar uma média de 1,1 MMm³/d este ano, gerando receitas previstas de US$ 100 milhões.

As autoridades pretendem iniciar dentro de alguns dias um processo de licitação para a segunda fase do duto de Vaca Muerta, relatou a imprensa local.

Em junho, de acordo com o último relatório mensal publicado pelo think tank local de energia Instituto General Mosconi, a produção nacional de gás foi de 138 MMm³/d, uma queda de 1% em termos anuais e um aumento de 2,4% no comparativo mensal.

A produção de gás na província de Neuquén, onde fica a maior parte de Vaca Muerta, foi de 91,4 MMm³/d em julho, alta de 0,29% em relação ao ano anterior, disse o governo provincial. As autoridades estimaram que os produtores da província estavam injetando 100 MMm³/d no sistema em agosto.