Leilões podem atrair mais de R$ 4 bi para projetos de transformação de resíduos em energia

A Orizon Valorização de Resíduos, proprietária da Usina de Recuperação Energética (URE) de Barueri, no estado de São Paulo, investirá R$ 800 milhões este ano para concluir a construção.

Com capacidade instalada de 20 MW, o projeto venceu o leilão A-5 realizado pela Aneel em setembro de 2021 e está previsto para entrar em operação no primeiro semestre de 2025.

De acordo com a Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (Abren), outros R$ 4 bilhões (US$ 791 milhões) poderiam ser investidos nas UREs de Mauá (80 MW), Caju (31 MW) e Consimares (20 MW) este ano, se esses projetos vencerem as próximas licitações A-5 ou A -6 propostas.

“São 10 projetos em andamento no Brasil que vão gerar R$ 10 bilhões em capex. Se seguirmos as metas do Planares [plano de resíduos sólidos], com 1 GW de potência instalada até 2040, teremos investimentos totais de R$ 40 bilhões no período”, disse o diretor da Abren, Yuri Schmitke, à BNamericas.

Caso os investimentos se concretizem e essas usinas entrem em operação em 2027 e 2028, terão capacidade para tratar mais de 5 mil t/d de resíduos urbanos.

Nenhuma usina de conversão de resíduos em energia (WTE) está operando no Brasil até agora, apenas usinas de captura de biogás de aterro com dois biodigestores no estado do Paraná.

Para conter os investimentos necessários, Abren defende a aprovação de um projeto de lei federal, criando um programa de valorização energética de resíduos, atualmente em análise na Câmara dos Deputados. O projeto de lei oferece incentivos para acelerar o  desenvolvimento de WTE, desviando os resíduos urbanos dos aterros para gerar energia limpa e renovável.

IMBROGLIO AMBIENTAL

O Instituto Pólis do Brasil entrou com pedidos nos Ministérios Públicos Federal e Estadual de São Paulo questionando o licenciamento ambiental da URE Barueri.

A entidade alega que as obras foram iniciadas com base em uma licença de instalação vencida.

“O instituto defende a instauração de inquérito civil e a adoção das medidas cabíveis, incluindo a suspensão das obras e a contratação de energia da usina”, afirmou Clauber Leite, coordenador de energia da Pólis, em nota.

Procurada pela BNamericas, a assessoria de imprensa da Orizon disse que a empresa não tinha conhecimento prévio das denúncias.

A Orizon destacou que segue todos os procedimentos exigidos, cumpre os protocolos ambientais e possui autorização de todos os órgãos competentes.