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O estado da corrida pelo hidrogênio verde na América Latina

Bnamericas

Os países latino-americanos estão disputando uma posição no futuro mercado internacional de hidrogênio verde, que deve decolar a partir de 2025.

Segundo diversos especialistas e participantes do setor, os países mais bem posicionados atualmente são Chile, Brasil e Uruguai, seguidos pela Colômbia.

“No nível de pequenos projetos, a Europa vai avançar e ter geração local de hidrogênio para consumo específico”, disse à BNamericas Nora Castañeda, gerente de negócios de hidrogênio da Sener Energy.

“A partir daí, para obter grandes volumes de hidrogênio a preços razoáveis, o desenvolvimento na Europa estará em sintonia com o desenvolvimento na América Latina ou em outras áreas, como o Oriente Médio”, acrescentou

Desenvolvedores locais já estão avançando com projetos-piloto para testar a tecnologia e suas cadeias de suprimentos interligadas. O banco de dados BNamericas acompanha 30 projetos com investimento de pelo menos US$ 50 milhões na região. Chile e Brasil têm 11 desses projetos cada, enquanto Argentina, Paraguai e México têm dois, e Uruguai e Colômbia um.

Apenas um dos projetos está em fase de construção – Haru Oni, da HIF – um piloto de US$ 50 no extremo sul do Chile que deverá entrar em operação antes do final do ano e produzirá 3,9 toneladas por dia de metanol bruto, combinando dióxido de carbono capturado e hidrogênio verde. Se o piloto for bem-sucedido, o projeto será ampliado em parceria com a Enel Green Power, visando uma startup em 2026.

Enquanto isso, o piloto da Engie HyEx, de US$ 47 milhões no norte do Chile, teve sua declaração de impacto ambiental aprovada pela agência de avaliação SEA e agora aguarda uma decisão final de construção. Os projetos restantes estão em diferentes estágios de trabalhos iniciais, incluindo projeto inicial e viabilidade.

Com a região ainda longe da produção de hidrogênio verde em larga escala, os avanços na regulamentação, planejamento e programas de incentivos estão desempenhando o papel fundamental de atrair a atenção dos desenvolvedores e fornecer uma perspectiva de longo prazo.

“Os países precisam se concentrar em ser claros com os investidores sobre o tamanho e o escopo da oportunidade”, afirmou Gabriel Salinas, advogado de práticas de private equity e desenvolvimento de projetos do escritório de advocacia Shearman & Sterling.

“Você precisa pensar em recursos, geografia e apoio do governo. O Chile tem estado na vanguarda devido a esses três recursos. Você também pode notar o Brasil fazendo grandes avanços. O México tem grandes recursos, mas o governo precisa ser mais favorável.”

O Chile desenvolveu um plano de hidrogênio verde e estabeleceu metas, como ter 5 GW de capacidade de eletrolisador em desenvolvimento até 2030 e atingir um preço de US$ 1,50 por quilo até 2030. Os incentivos incluem uma rodada de financiamento de US$ 50 milhões para projetos-piloto privados por meio da agência de desenvolvimento Corfo.

A esperança é que, por meio de um plano claro, segurança regulatória e alguns incentivos econômicos, os recursos do país atraiam o interesse de desenvolvedores internacionais e locais.

Seguindo um modelo semelhante, o Uruguai se comprometeu a ter 20 GW instalados até 2040. Por meio de seu programa H2U, o país está trabalhando em um planejamento de longo prazo que inclui esquemas de regulamentação e incentivos. Também está conduzindo uma rodada de financiamento de pesquisa e desenvolvimento de US$ 10 milhões e rodadas de licitações de longo prazo para explorar a energia eólica offshore e o potencial de hidrogênio verde.

No Brasil, onde a demanda local por hidrogênio é forte nas indústrias de fertilizantes, refino e petroquímica, o apoio vem de seus grandes portos: Suape, Pécem e Açu, que buscam descarbonizar as operações. O país aprovou seu plano nacional de hidrogênio em agosto e há um forte interesse da indústria.

A Argentina está desenvolvendo seu plano de hidrogênio 2030, que ainda não foi publicado. Embora o país enfrente profundas adversidades macroeconômicas, atrai o interesse de alguns desenvolvedores como MMEX-Siemens e Fortescue, devido à qualidade de seus recursos renováveis.

Na América Central, o Panamá está elaborando planos para tornar-se mercado, centro de armazenamento e transporte voltado ao hidrogênio verde, por meio de seu projeto H2UB. Embora o país não tenha vantagens comparativas para ser um produtor em larga escala, planeja passar pelo Canal do Panamá 82 Mtpa de hidrogênio e derivados até 2030, e 190 Mtpa até 2050.

Na vizinha Costa Rica, o Congresso debate um projeto de lei para implementar uma “economia do hidrogênio”, visando estimular a descarbonização, incluindo a produção de equipamentos e peças. O país também está elaborando uma estratégia nacional de hidrogênio verde.

Outros países da região que deram passos significativos para desenvolver uma indústria de hidrogênio verde incluem Trinidad e Tobago, Barbados, Guatemala, Honduras, Paraguai, Colômbia e El Salvador.

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