Os 2 pontos de discórdia que impedem um acordo comercial entre Mercosul e UE

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, lançou dúvidas sobre uma rápida conclusão do acordo comercial Mercosul-UE.

“Não podemos concordar com punições impostas na área do meio ambiente. Temos uma parceria estratégica com a União Europeia. Não pode haver imposições e punições, mas sim negociação”, declarou Lula após encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que está visitando diversos países na região.

Lula se referia à possibilidade de sanções da UE contra o Brasil se o desmatamento avançar.

Uma fonte do governo brasileiro, pedindo anonimato, disse à BNamericas que a proposta de sanção é ambígua e pode ser armada pelo setor agrícola da UE para prejudicar as exportações sul-americanas.

“Gostaria muito que esse acordo avançasse, mas não vejo essa chance de avançar antes do final deste ano. Esperamos por isso há anos, no entanto, quando uma barreira é vencida, outras surgem nessa discussão”, afirmou à BNamericas José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

“Minha impressão é que o segmento agrícola europeu não quer esse acordo porque teme a concorrência do agronegócio do Mercosul”, acrescentou.

Outro ponto de discórdia diz respeito aos esforços do Brasil para não incluir as compras governamentais no acordo, já que o governo Lula quer fortalecer a indústria local, mas a atual proposta permitiria que as empresas da UE superassem as brasileiras.

Os principais membros do Mercosul são Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. As negociações com a UE começaram em 1999 e um acordo preliminar – ainda a ser ratificado por todos os membros – foi assinado em 2019.

Enquanto isso, von der Leyen destacou a parceria estratégica com o Brasil, demonstrando disposição para fazer concessões. Ela espera uma versão final ainda este ano. “Este acordo deve ir muito além do comércio. Deve representar um engajamento de longo prazo e uma plataforma para o diálogo contínuo”, concluiu.

Na foto: Ursula von der Leyen e Luiz Inácio Lula da Silva