Os elementos de terras raras podem ser uma oportunidade única para o Chile?

Embora os elementos de terras raras sejam mais comuns do que o nome sugere, esses minerais metálicos costumam ser caros para produzir devido às questões técnicas e ambientais envolvidas na extração e separação deles.

Apesar dos obstáculos, o Chile tem oportunidade de se tornar um player-chave na produção desses 17 metais pesados e leves, incluindo escândio, ítrio, cério, promécio, neodímio e outros, cujos elementos são cruciais para a produção de veículos elétricos, baterias e sistemas de energias renováveis, além de possuir uma ampla gama de aplicações tecnológicas.

O país possui depósitos de elementos de terras raras no sul, em argilas iônicas, e também possui vários depósitos de rejeitos de minas de cobre e outros minerais, onde alguns desses elementos foram encontrados em abundância.

“O Chile tem uma oportunidade histórica devido aos seus depósitos de argila iônica, que representam 10% da extração e produção mundial”, disse Rodrigo Ceballos, CEO da Aclara Resources – uma spin-off da Hochschild Mining –, em seminário online organizado pela Fundación Chilena del Pacífico, realizada na segunda-feira (12) para abordar a industrialização de recursos minerais e, em particular, de elementos de terras raras.

“Em terras raras temos muito a contribuir”, disse Dorotea López, diretora de estudos internacionais da Universidade do Chile, à BNamericas, no final de novembro.

López liderou um estudo apresentado durante o webinar indicando a falta de informações precisas sobre a quantidade de depósitos de terras raras no Chile, mas observou que existem grandes quantidades de rejeitos de mineração no país. Isso sugere que “o Chile tem oportunidades concretas em terras raras”, disse Andrés Bórquez, coordenador acadêmico do instituto de estudos internacionais da universidade.

Infelizmente, hoje não há registro de elementos de terras raras no Chile devido aos altos níveis de complexidade envolvidos na catalogação das diferentes jazidas desses minerais, o que torna os estudos de exploração mais caros e difíceis, e adiciona obstáculos para os interessados no nicho.

A China é o maior player mundial na produção de terras raras e responde por cerca de 80% da produção global, segundo dados do US Geological Survey, embora a Europa e o país norte-americano busquem aumentar suas próprias fontes.

“A questão é como produzir minerais com impacto ambiental mínimo e com viabilidade econômica real”, disse Ceballos, que delineou um projeto de terras raras em Penco, no sul do Chile, no qual a Aclara Resources está trabalhando.

A BNamericas perguntou no webinar quando o projeto do Módulo Penco entraria em produção, ao que Ceballos respondeu que “esperamos apresentar o estudo de impacto ambiental no segundo trimestre do próximo ano e de acordo com os planos começaríamos a produzir em 2026. Além disso, estamos fazendo exploração em outras áreas”.

A mineradora planeja investir cerca de US$ 129 milhões no projeto entre 2023 e 2026 em uma área de 6 km² contendo depósitos pesados de argila iônica abundante em terras raras. Produziria concentrado a partir desses elementos em uma planta de processamento.

Ceballos acrescentou que existem apenas três projetos de argila iônica no mundo. “Um é nosso, outro é do Brasil e outro é de Uganda”, disse.

A operação da Penco teria uma vida útil de 12 anos, com possibilidade de expansão futura, assinalou a Aclara em apresentação corporativa, o que permitiria à mineradora se tornar uma importante produtora desse grupo de minerais para abastecer os consumidores na área de energia limpa, indústrias de tecnologia e eletromobilidade.