Setor agroindustrial peruano desacelera por atraso em projetos de irrigação

A expansão do setor agroindustrial peruano está sendo prejudicada por atrasos em grandes projetos de irrigação.

Projetos pendentes, como Chavimochic Fase III, Majes Siguas II, Alto Piura e Chinecas, podem acrescentar 200 mil ha para o desenvolvimento agrícola, segundo o grupo de comércio exterior ComexPerú.

As quatro iniciativas paralisadas representam investimentos potenciais de US$ 1,7 bilhão e também ajudariam a impulsionar o setor de construção.

“O boom da agroexportação peruana foi alcançado com cerca de 198 mil hectares. Desbloquear esses projetos dobrará a fronteira da agroexportação”, disse Rafael Zacnich, gerente de estudos econômicos da ComexPerú, à BNamericas.

ATRASOS

Os atrasos no desenvolvimento da infraestrutura agrícola têm sido uma constante nos últimos anos. Majes Siguas II — um projeto na região de Arequipa que começaria em abril— enfrenta uma nova polêmica depois que a concessionária pediu a prorrogação do prazo para o reinício das obras devido à necessidade de alguns trabalhos preliminares.

Chavimochic enfrenta um obstáculo maior. Depois que o governo ganhou uma sentença arbitral e rescindiu o contrato de concessão do projeto, um processo para reatribuí-lo está programado para ser iniciado no terceiro trimestre de 2023. No entanto, a ministra da Agricultura e Irrigação, Jenny Ocampo, não recebeu a aprovação do processo no Congresso e foi convocada para explicar o andamento do projeto aos parlamentares. Ela é a mais recente funcionária sênior a correr o risco de perder o emprego.


CONVERSAS DE NEGÓCIOS COM HONG KONG

Na semana passada, o Peru iniciou negociações para um novo acordo de livre comércio com Hong Kong. Segundo o Ministério do Comércio Exterior e Turismo (Mincetur), mais de US$ 270 milhões com exportações agrícolas chegaram a esse mercado em 2021.

O novo acordo entre Peru e Hong Kong deve estimular a resolução de disputas e questões. Para Zacnich, porém, não há equipe que consiga concretizar tal oportunidade, havendo até disputas sobre a utilização dos projetos.

“Não estamos promovendo investimentos em irrigação. Em Majes Siguas II, o governo regional quer desenvolver um projeto de minifúndio dentro da terra, quando a rentabilidade da terra está claramente associada à exportação agrícola”, disse.

Entre janeiro e setembro de 2022, as exportações agrícolas somaram US$ 6,7 bilhões, explicou Mincetur. O país já é o principal exportador de mirtilos; e o potencial seria muito maior se as obras pendentes fossem executadas.