Setor de construção da Bolívia deve seguir em baixa em 2024

Os problemas enfrentados pelo setor de construção da Bolívia no ano passado devem continuar em 2024, à medida que as empresas locais se deparam com investimentos públicos mais baixos, problemas no acesso a divisas estrangeiras e uma desaceleração da economia como um todo.

Estima-se que o setor tenha crescido 3,02% no ano passado, ante 3,83% em 2022 e 17,9% em 2021, segundo relatório da Câmara de Construção de Santa Cruz (Cadecocruz) e com base em dados do gabinete de estatísticas INE.

A Cadecocruz alertou, porém, que, durante a elaboração do relatório, em dezembro, só teve acesso aos dados de agosto ou setembro, dependendo do indicador.

No entanto, usando dados próprios, o centro de estudos econômicos e desenvolvimento da entidade estima que o crescimento tenha atingido apenas 1,02% devido ao baixo nível de otimismo empresarial.

O setor de infraestrutura tem enfrentado problemas no acesso a divisas, uma vez que as empresas dependem bastante de materiais e equipamentos importados.

A Cadecocruz projeta que, em 2024, o setor registrará um crescimento de 2,14%, mas destaca que o número pode mudar devido a dados oficiais inadequados.

“As perspectivas para o setor de construção a nível global apontam para um crescimento que vai de fraco a moderado”, apontou o relatório.

A baixa execução dos investimentos públicos foi apontada como a principal causa da desaceleração. O orçamento de 2023 alocava quase US$ 4,01 bilhões a este item, mas apenas 27,9% foram realmente investidos até 31 de agosto.

Os gastos públicos aumentaram durante e depois do boom das commodities, entre 2005 e 2014, mas o mesmo aconteceu com a dívida pública.

Em linha com a Constituição, o Executivo implementou o projeto de lei orçamentária de 2024 sem aprovação do Legislativo em 1º de janeiro porque o Congresso não analisou o texto antes de 31 de dezembro. O orçamento inclui US$ 4,27 bilhões para investimento público, com US$ 690 milhões alocados para o segmento de infraestrutura em várias agências, de acordo com o Ministério de Economia e Finanças.

O ministro de Obras Públicas, Édgar Montaño, afirmou em um comunicado de imprensa que o ministério executou 96% do seu orçamento de 624 milhões de bolivianos (US$ 90,3 milhões) no ano passado.

Por outro lado, o número de licenças de construção caiu 21,6% em setembro em relação ao mesmo mês de 2022, embora a superfície coberta por licenças tenha aumentado ligeiramente. Os números indicam que estão sendo construídos menos projetos, mas de maior dimensão, ressaltou a Cadecocruz.