Taxas de juros devem continuar pressionando empresas de construção da América Latina

As altas taxas de juros impulsionadas pelo aperto monetário do Federal Reserve dos EUA (Fed) devem continuar pressionando as empresas de construção na América Latina, unindo-se a fatores como inflação galopante e falta de acesso a financiamento.

“Por um lado, as taxas continuarão subindo e, por outro, o ciclo de aperto terminará mais tarde que o esperado, e em níveis acima do esperado”, disse à BNamericas Esteban Polidura (foto), chefe de consultoria e produtos da Julius Baer para as Américas.

O Fed aumentou sua taxa básica de juros em 75 pontos base, para 3,75%-4%, a maior desde 2008 e o quarto aumento de 75 pontos base em cinco meses.

Embora a Julius Baer espere que o Fed reduza as taxas, as medidas não chegarão a tempo de garantir mais espaço de financiamento para as construtoras regionais, lembrou Polidura.

A política também força os bancos centrais da América Latina a manter as taxas elevadas, já que cortá-las antes do Fed enfraqueceria as moedas locais e aumentaria a pressão inflacionária, segundo Polidura.

As taxas provavelmente cairão no final de 2023 ou 2024, à medida que a inflação diminuir nos EUA.

Empresas de construção de toda a América Latina enfrentaram custos de fornecimento acima dos níveis de inflação em alguns países.

A câmara de construção do Chile espera que os investimentos caiam 5,3% no ano que vem, sobretudo devido à inflação. A construtora Claro Vicuña Valenzuela entrou com pedido de falência no mês passado, citando custos crescentes e lentidão nos pagamentos. O Ministério de Obras Públicas vai reajustar contratos para compensar a inflação, estimada em US$ 350 milhões.

As empresas argentinas também enfrentaram custos crescentes, o que levou a licitações de obras públicas com propostas amplamente maiores que os orçamentos de referência. Elas também têm acesso limitado aos mercados de financiamento devido à economia instável do país.