Uruguai prepara especificações para chamada de projeto de combustíveis sintéticos

A empresa estatal uruguaia de hidrocarbonetos Ancap informou que as especificações de uma chamada de combustíveis sintéticos serão anunciadas em fevereiro.

As autoridades estão em busca de manifestações de interesse de empresas para a fabricação de produtos como e-metanol e combustível de aviação sustentável usando carbono capturado da planta de bioetanol Paysandú, da subsidiária de biocombustíveis Alur.

Autoridades da Ancap e o ministro da Energia, Omar Paganini, participaram nesta quinta-feira (22) de um workshop associado ao tema, segundo publicação da empresa no Twitter. As propostas devem ser apresentadas até o meio do ano.

As propostas de projetos precisam incluir produção de hidrogênio verde e elementos de captura de carbono, revelaram as autoridades anteriormente. A obtenção de carbono – um componente-chave de alguns combustíveis sustentáveis – a partir da biomassa é normalmente mais barata do que com outros métodos.

A Alur e a Ancap estão sendo assessoradas pela consultoria belga de estratégia energética Hinicio, que tem escritórios na América Latina.

Em uma notícia relacionada, o BID publicou um relatório sobre o potencial do Uruguai na área do hidrogênio verde. Uma descoberta importante é que o país rico em recursos eólicos poderia produzir hidrogênio verde a um custo de US$ 1,20-1,50/kg até 2030. O desembolso associado necessário para o setor é de cerca de US$ 19 bilhões. O Uruguai tem um grande potencial como produtor de combustível para aviação sintético.

Além disso, o Chile acaba de inaugurar a pioneira usina-piloto de e-gasolina Hari Oni, na região de Magalhães, com alta incidência de ventos. O combustível sustentável é produzido a partir de e-metanol que, por sua vez, é feito de hidrogênio verde e dióxido de carbono.

LEIA TAMBÉM O estado da corrida pelo hidrogênio verde na América Latina
LEIA TAMBÉM A situação do esforço do Uruguai por hidrogênio verde

Apoiados por ambientes de investimento favoráveis, tanto o Chile quanto o Uruguai estão entre os países latino-americanos mais avançados na rota do hidrogênio verde. Eles estão de olho no hidrogênio verde e seus derivados para uso doméstico e para exportação.

Um representante da Porsche presente na inauguração de Haru Oni disse que a eletromobilidade era a maior prioridade da montadora, mas que os combustíveis sintéticos podem desempenhar um papel importante de apoio à descarbonização do setor de transportes, uma vez que, no mundo todo, o número de veículos com motor de combustão interna provavelmente se manterá estável em mais de 1 bilhão pelo menos durante a próxima década.

LEIA TAMBÉM Uruguai garante empréstimo de US$ 40 mi do BID para transição energética, além de linha de crédito de US$ 150 mi
LEIA TAMBÉM Hidrogênio na América Latina: projetos, dados e histórias