Vale visa implementações de rede 5G em 2024

A gigante brasileira de minério de ferro Vale espera ter os primeiros casos de uso envolvendo redes 5G em suas operações de mineração em 2024.

A empresa está desenvolvendo um laboratório de 5G em São Paulo em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a fornecedora de equipamentos Nokia.

“O primeiro passo é concluir a implantação do 5G Lab, em parceria com a Nokia e o IPT. O objetivo principal deste lab é testar casos de uso em mineração, focando em aplicações que demandam maior largura de banda e menor tempo de resposta que os proporcionados pelo 4G”, disse à BNamericas Márcia Costa, diretora de serviços de infraestrutura tecnológica da Vale.

“A expectativa é que, em 2023, possamos explorar oportunidades para iniciar implantações em 2024, de maneira seletiva e onde esses requisitos se fizerem presentes.”

Anteriormente, Mario Azevedo, gerente geral de engenharia e projetos de fundação tecnológica, afirmou que os primeiros casos de uso 5G da empresa seriam apresentados no segundo semestre de 2021.

Costa não falou sobre o atraso nem os motivos para o novo cronograma. Segundo ela, porém, a Vale está priorizando as redes 4G, que já oferecem boa latência e disponibilidade em algumas operações.

Além disso, a Vale, assim como outras empresas, teve que lidar com problemas na cadeia de suprimentos e atrasos na entrega de equipamentos, além de repriorizar alguns projetos durante a pandemia.

Hoje, a Vale opera 20 máquinas autônomas em seu complexo de Carajás, incluindo 14 caminhões e seis perfuratrizes, usando 4G. A empresa também conta com mais 13 caminhões e 13 perfuratrizes em seu sistema Sudeste, que compreende as operações em Mariana, Itabira e Minas Centrais, “com tecnologia de rede legada e em transição para 4G”.

“Não planejamos substituir o 4G, e a ideia é que ambas tecnologias coexistam, cada uma com seu propósito. Alguns possíveis casos de uso são realidade aumentada em atividades de manutenção, robótica, [equipamentos] teleoperados e visão computacional para detecção de anomalias”, completou Costa.

PARCERIAS

A Vale iniciou provas de conceito com redes celulares em suas plantas em 2017 e 2018. Em 2019, passou a implementar projetos de rede privada no Brasil, em parceria com a Telefônica Brasil e a Nokia.

A Vale também possui redes 4G implementadas em diferentes operações globais. Uma das primeiras foi em um porto da Malásia, em parceria com uma operadora local.

No Canadá, o desafio da conectividade é diferente, pois, ao contrário do Brasil, a maioria das operações é subterrânea.

Segundo Azevedo, em 2021 a Vale estava considerando o uso da frequência de uma operadora local na mina de níquel a céu aberto de Thompson, no Canadá.

Em outras partes da América Latina, o grupo Telefónica tem de 13 a 15 redes privadas implantadas ou em vias de implantação, além da Vale.

No final de novembro, a Telefónica tinha três redes 4G privadas em minas chilenas e outras duas estavam em fase de implementação, disse o diretor de B2B da Telefónica Chile, Rodrigo Sajuria, em entrevista coletiva. Além disso, conta com projetos em portos.

No Peru, a empresa possui oito redes 4G privadas, destacou ele. Em uma delas, junto com a Nokia, a telco instalou uma rede 4G privada a 4.600 metros acima do nível do mar para a digitalização e automação da mina de cobre Las Bambas.

Fonte da foto: Vale