
‘Estamos fazendo muitos investimentos para tornar os datacenters ecológicos’, diz EVP da Schneider Electric

Uma das líderes globais em automação industrial e soluções de energia, a Schneider Electric vê a América do Sul bem posicionada na transição energética, apesar dos desafios macro e regionais.
Esta é a opinião de Manish Pant, recém-nomeado vice-presidente executivo de operações internacionais da empresa.
Baseado em Singapura, Pant visitou São Paulo em sua primeira parada de uma “turnê” latino-americana, vindo da Índia (terceiro maior mercado da Schneider Electric) e do Oriente Médio, sendo o Chile seu próximo destino.
Em sua primeira entrevista a um meio de comunicação latino-americano após sua nomeação há duas semanas, Pant falou sobre a importância estratégica da América do Sul para a empresa, transição energética, eletrificação e a tarefa de fornecer soluções mais eficientes em termos de energia para datacenters.
BNamericas: Quão estratégica você é a América Latina para a Schneider Electric?
Pant: A América Latina é uma peça muito importante para a Schneider Electric. Acabamos de completar 75 anos no Brasil, o que mostra nosso sólido compromisso com esta região. Isso irá continuar. Olhando para a frente, vemos essa parte da região contribuindo significativamente para nós, com alto potencial de crescimento no futuro.
Vemos como ativos regionais a população ativa, jovem e numerosa, a criação de valor em andamento e o ambiente econômico global, que continua a ser positivo.
Acabo de assumir essa função – hoje é meu 12º dia no cargo – e estou aqui no Brasil, seguindo para o Chile nos próximos dias. Isto também reforça a importância da região e dos negócios na América Latina para a Schneider.
BNamericas: Quais são seus planos e metas agora como vice-presidente de operações internacionais? E quais são as perspectivas para 2023?
Pant: As operações internacionais representam uma parte significativa dos negócios da Schneider Electric. É uma área em crescimento, tanto pela população quanto pelo que ela detém do ponto de vista geopolítico, em termos de crescimento econômico para o mundo. Isto é um lado.
Por outro lado, o que temos é que estamos à beira de uma transição energética. Avançamos rápido na sustentabilidade e na descarbonização. E isto é possível por meio da eletrificação e digitalização, que são os principais negócios da Schneider Electric.
Meu objetivo é aumentar nossa capacidade de contribuir para isto, que também é um propósito para nossos clientes, para que eles aproveitem ao máximo seus recursos, bem como para acelerar esse processo nesta parte do mundo.
Temos uma posição muito forte no mercado, construída ao longo dos anos, e agora precisamos construir em cima dessa transição energética e sustentabilidade para nossos clientes.
Esse seria o foco principal para nós nos próximos anos. É uma jornada que já iniciamos e queremos acelerar.
BNamericas : O senhor vê a transição energética e a eletrificação das economias avançando no mesmo ritmo, apesar do que está acontecendo no mundo do ponto de vista macroeconômico e geopolítico, com custos e juros altos, a crise na Ucrânia, as tensões na Ásia etc.?
Pant: Hoje temos ventos favoráveis, mas também a sorte de estar em uma geografia relativamente estável e não muito impactada pelo que estamos vendo em outras regiões: os desafios energéticos da Europa, bem como a geopolítica geral no hemisfério norte.
Este é o momento em que podemos ver investimentos acelerados nas regiões, especialmente na América do Sul, vindos de diferentes partes do mundo. As empresas começaram a diversificar e construir resiliência nas cadeias de suprimentos. Vemos a atividade continuando com um impulso muito forte.
O que o mundo tem nos ensinado, principalmente na pandemia, é que temos que estar trabalhando muito fortemente a sustentabilidade. Se tivermos que seguir o caminho da neutralidade de carbono para limitar o aumento da temperatura a 1,5 grau, 2023 é um marco importante para reduzir nossas emissões de carbono em 50%. O relógio está correndo muito rápido. Ainda temos sete anos. Precisamos ir três vezes mais rápido e fazer três vezes mais.
Para conduzir esta transição, precisamos eletrificar, começando pelos veículos elétricos; precisamos substituir a geração de eletricidade por fontes renováveis; e precisamos impulsionar a redução, para trazer mais eficiência energética para nossas operações.
A eletrificação é fundamental nisso e irá continuar. E a mudança para renováveis não é apenas um vetor de descarbonização, mas eu diria que também é um vetor de redução da inflação. Após investir em energias renováveis, você não precisa pagar mais por energia. Seu custo diminui.
BNamericas: Certo. Porém, dadas as circunstâncias da crise energética provocada pela guerra na Ucrânia, vimos a inflação subir e alguns países recuarem um pouco ou desacelerarem o seu impulso de transição, recorrendo ao carvão, à energia nuclear para fornecer abastecimento, mesmo que em caráter de emergência, e ao petróleo também ganhando importância. Como você analisa a América do Sul neste contexto? Está melhor posicionada, considerando sua matriz mais verde?
Pant: Há partes do mundo que estão enfrentando esses desafios, especialmente a Europa, mas o resto das economias – embora estejamos olhando para a inflação geral do ponto de vista do custo da energia – tem algumas outras características.
Estamos em uma boa posição na América do Sul com alta dependência de energias renováveis e, portanto, vemos a inflação não ligada à energia de um lado.
Neste momento, estamos provavelmente tirando proveito dos fortes recursos naturais com que somos abençoados em alguns destes países da América do Sul e do Oriente Médio, ajudando na transição e no investimento que tem de ser feito na vertente renovável.
De alguma forma, esta parte do mundo está melhor posicionada agora do que antes para conduzir esta transformação.
BNamericas: Qual a relevância das operações internacionais para a Schneider Electric, particularmente a América do Sul?
Pant: Não fornecemos números específicos para nossas diferentes operações, mas eu diria que o resto do mundo, conforme definimos em nosso plano anual, é uma parte significativa do negócio. As operações internacionais estão crescendo fortemente nos primeiros nove meses do ano e [a América do Sul] é uma das regiões que crescem mais rápido na Schneider Electric.
BNamericas: Como você observa o avanço da América do Sul na indústria 4.0 e na automação, em comparação com outras regiões emergentes como Índia, Oriente Médio ou Ásia-Pacífico?
Pant: A América do Sul tem uma vantagem única, que são seus recursos naturais. Existem países que possuem parcelas significativas dos recursos que o mundo necessitará no futuro, sem falar no abastecimento de alimentos.
Há grandes indústrias na região também, líderes globais em siderurgia, mineração. A questão não é sobre diferenciação, mas sobre como ela está se fortalecendo em termos de estar na vanguarda da implantação da indústria 4.0.
Há muita atividade industrial acontecendo aqui para que a América do Sul adote e fique à frente na competitividade global, implantando as novas tecnologias.
Vemos nossos clientes trabalhando em diferentes frentes, seja na indústria ou concessionárias, para adotar rede digital e automação, além de empresas que trabalham em edifícios verdes, com o que há de mais moderno em eficiência energética.
Estamos fortemente comprometidos em trazer essas tecnologias de última geração para a América do Sul, as mesmas que estão disponíveis em outros lugares, ao mesmo tempo.
BNamericas: Olhando para o cenário macro, em termos de regulamentação e ambiente de negócios, existem gargalos a serem melhorados na região? O que falta para que o boom da eletrificação e da automação realmente ocorra?
Pant: Eu diria que, quanto mais abertas forem as economias, isso só ajudará em termos de maior integração com as economias globais. Assim como a globalização, que achamos que ainda está muito forte.
Ter uma regulamentação muito mais liberal quando se trata de geração descentralizada, por exemplo, vai ajudar a economia.
Vemos o futuro sendo 'prosumidor', com o consumidor produzindo energia ao mesmo tempo em que alimenta a rede. Qualquer coisa que os governos possam fazer para apoiar essa direção é bem-vinda e só irá acelerar a transição energética.
BNamericas: A Schneider Electric é uma das principais fornecedoras de energia e equipamentos elétricos para datacenters, um setor frequentemente citado como um dos maiores ‘papa-energia', mas em um forte esforço para ser mais ecológico e também mais eficiente em termos de energia. Como você analisa o desenrolar deste processo e qual a relevância dele para a Schneider Electric?
Pant: Datacenters representam um dos segmentos de crescimento mais rápido para nós. A necessidade de dados está se multiplicando exponencialmente e, portanto, a necessidade de datacenters também.
Sim, consomem muita energia. E em diferentes partes das geografias são provavelmente um dos maiores segmentos de consumo de energia do mundo.
Estamos trabalhando para trazer soluções que tornem os datacenters sustentáveis. Uma das métricas que temos para datacenters é a PUE [sigla em inglês para “eficiência no uso de energia”].
[Nota do editor: a métrica PUE é calculada dividindo a energia total do datacenter, ou seja, a energia que entra no site, pela energia do equipamento de TI, ou seja, a energia efetivamente usada para operar as máquinas.]
Estamos trabalhando continuamente para reduzir o PUE, especialmente em regiões muito tropicais como vemos no Brasil, graças às tecnologias e arquitetura que estamos desenvolvendo e ao trabalho que estamos fazendo com nossos clientes. Os datacenters do futuro serão altamente resilientes e eficientes em termos de energia.
Existem outras combinações nas quais estamos trabalhando, mesmo fora dos datacenters, do lado da oferta, para trazer energia mais verde e microrredes que estão alimentando os datacenters.
É um foco importante para nós e estamos fazendo muitos investimentos para tornar os datacenters ecológicos.
BNamericas: Com qual meta de PUE vocês estão trabalhando com os clientes de datacenter?
Pant: Isto é exclusivo da geografia e localização, muito ligado ao clima em que o datacenter é construído e, portanto, varia.
Posso dar o exemplo de Singapura, onde recentemente houve uma regulamentação para que a PUE obrigatória seja abaixo de 1.3. É um lugar muito quente e é um número que o governo quer ter como piso na construção dos datacenters.
BNamericas: Em outros lugares, isto é algo que você buscam nos projetos de datacenters ou depende mais do contratante?
Pant: É algo que precisamos trabalhar em colaboração com nossos clientes.
Não se trata apenas da tecnologia que vem do fornecedor, mas do uso de energia e a forma como os datacenters são operados. Agora, quanto mais redução você conseguir, melhor para a sua operação, porque você está economizando mais energia e sendo mais sustentável.
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