Por que o México é um importante polo de crescimento para a MacLean Engineering?

A empresa canadense MacLean Engineering é especializada no projeto, fabricação e comercialização de maquinário pesado, especialmente para a indústria de mineração subterrânea.

O capítulo mais recente da história de MacLean é a introdução da eletrificação de toda a frota em 2016, que integra bateria e tecnologia de acionamento elétrico para oferecer uma opção rica em dados e de baixa manutenção para operações não a diesel.

Este ano, a empresa foi escolhida pela mineradora mexicana Torex Gold para fornecer uma frota de 25 veículos elétricos que serão construídos principalmente no país, atraindo o interesse de outros grandes clientes em potencial.

Tony Caron, vice-presidente da MacLean para a América Latina e Quebec, conversa com a BNamericas sobre a importância do México para o crescimento da empresa, bem como seu potencial para expandir ainda mais as operações em sua fábrica de Querétaro e em outros mercados latino-americanos, como Chile, Equador e Peru.

BNamericas: Qual é o valor agregado que os produtos da MacLean Engineering oferecem às mineradoras? Que tipos de soluções vocês oferecem?

Caron: A MacLean Engineering é uma empresa de engenharia de manufatura que projeta e customiza equipamentos para mineração subterrânea. A nossa especialidade centra-se em três linhas de negócio: apoio ao solo, viaturas utilitárias e redução secundária, três vertentes que requerem equipamentos muito especializados.

Além disso, nos concentramos na segurança, produção e redução de custos das operações, e conseguimos melhorar isso com o recente esforço para a redução ambiental de CO₂.

Todas as plataformas ESG, com nossas boas diretrizes ambientais e sociais e a implementação de eletrificação para aplicações subterrâneas, ajudarão drasticamente a reduzir a pegada geral e melhorar a qualidade para as operadoras.

Em última análise, se as minas puderem manter seus operadores e trabalhadores felizes e com boa saúde, será mais fácil conseguir operadores em uma força de trabalho geracional em mudança.

BNamericas: Vocês estão oferecendo todos esses produtos ou soluções no México agora? E todos esses veículos são produzidos no México ou apenas alguns deles?

Caron: Sim, atualmente oferecemos a maioria de nossos produtos para equipamentos de mineração subterrânea e, em seguida, eletrificação ou configuração de bateria.

E sim, todos os produtos foram fabricados pela MacLean Engineering. A versão com bateria começou [a ser produzida] em 2016, então estamos construindo há sete anos. Este ano de 2023 é a primeira venda de veículos a bateria no México, por isso vamos construir uma frota de equipamentos para o Media Luna da Torex – um total de 25 máquinas – e eles serão entregues nos próximos dois anos, começando este ano. Desses veículos, quase 80% serão fabricados no México.

A MacLean Mexicana foi criada há 12 anos, inicialmente importando as mesmas máquinas com motor a diesel em vez de baterias – ou seja, equipamentos de apoio no solo, veículos utilitários, redução secundária e carregadeiras de explosivos.

BNamericas: Por que a Torex escolheu a MacLean Engineering para produzir seus veículos elétricos? E por que MacLean escolheu o México para construí-los?

Caron: Essencialmente, nos novos mercados de desenvolvimento de qualquer tecnologia, todo mundo quer vir em segundo lugar. Então é assim: “muito bom, você pode tentar e depois eu faço”.

Todo mundo quer ver como funciona na mente de outra pessoa antes da deles. O mercado de mineração no terreno é muito conservador e eles esperam para ver um produto extremamente comprovado e funcional antes de comprá-lo. Então, como estamos trabalhando nisso desde 2016, temos um bom terreno, bons resultados em minas canadenses, minas americanas e agora este ano no México.

Acreditamos que a empresa [Torex Gold] escolheu a MacLean pelo motivo que afirmei anteriormente. Estamos nisso desde 2016. A McLean é líder em levar a eletrificação para equipamentos móveis, então temos um bom histórico. Demonstramos muito bem com grandes empresas como Goldcorp, Newmont e Agnico que podemos construir essas máquinas, então há provas de que eles podem ir e ver. Eles os visitaram, entenderam a tecnologia e decidiram ir conosco.

Por que escolhemos o México? Como uma empresa global, estamos em operação há 50 anos e a empresa cresceu muito, passando de Don MacLean, nosso fundador, para agora seu filho Kevin sendo nosso presidente e seus filhos também estão conosco. Estamos na terceira geração de desenvolvimento dos mercados nos quais nos concentramos.

Nas primeiras décadas de operação da empresa, o foco estava no mercado canadense. Mas, pelo menos na última década, e definitivamente daqui para frente, estamos focados não apenas no Canadá, mas também nas Américas, África e Austrália. O México, em particular, é um local para onde vamos há muitos anos e é um dos que vemos com maior potencial, em primeiro lugar pelas reservas em terreno para mineração.

A exploração provou uma enorme quantidade de corpos de minério, a economia e a facilidade de fazer negócios são relativamente semelhantes ao resto da América do Norte e há uma força de trabalho muito cooperativa com a qual pudemos trabalhar.

No que diz respeito ao potencial global para o mercado de mineração, talvez existam três ou quatro mercados nos quais nos concentramos. O México é provavelmente um dos maiores mercados potenciais não desenvolvidos para minas subterrâneas.

BNamericas: A MacLean está exportando atualmente esses veículos do México? Para quais países? E qual percentual da produção é para o mercado interno e quanto a empresa está exportando?

Caron: Temos uma plataforma de produção integrada de cinco fábricas na América do Norte, entre o Canadá e o México, de modo que as fábricas no Canadá e no México produzem veículos de mineração da mesma qualidade e com os mesmos padrões, e os enviamos para onde forem necessários pelo mundo da mineração.

Todas as linhas de produção instaladas em Querétaro são idênticas às nossas fábricas no Canadá e isso nos dá a versatilidade de poder despachar para qualquer mercado, o que nos permitiu até agora enviar equipamentos para os EUA, para o Canadá, para países como a África, Chile e Equador. Da fábrica no México já exportamos para sete países. De todas as nossas fábricas, enviamos para 18 países.

BNamericas: O Acordo de Livre Comércio da América do Norte foi um dos fatores que a empresa considerou ao se instalar no México?

Caron: Sim, o acordo entre México, Canadá e Estados Unidos foi um motivo para montar uma fábrica também no México. Não apenas isso, mas agora estamos fabricando veículos de mineração elétricos a bateria no México porque temos clientes que os solicitam.

BNamericas: No México, a outorga de concessões de mineração está congelada desde 2019 e a reforma que entrou em vigor em maio ameaça a atividade de exploração. Em quais áreas a MacLean vê oportunidades de negócios no México? Quantos clientes de mineração você tem no país? Há mais anúncios a caminho?

Caron: O fato de a Torex estar comprometida com veículos a bateria gerou interesse e curiosidade dos clientes mexicanos muito rapidamente.

Então, desde que anunciamos o contrato com a Torex, nos comunicamos muito bem com algumas outras mineradoras no México que agora estão dizendo: “se eles estão fazendo isso, então o que estamos perdendo?”

Estamos obtendo uma resposta muito boa do mercado como resultado do pedido da Torex e esperamos ter mais produtos em 2024 entregues a empresas mexicanas, veículos a bateria. Eu estou bastante confiante. Houve pelo menos três ou quatro que nos contataram perguntando sobre isso – grandes empresas que operam no México.

BNamericas: Vocês pensam em expandir suas operações no México ou na América Latina? Por quê?

Caron: Neste ponto, não temos nada a divulgar formalmente. O mercado nos dirá. Por ora, acreditamos que temos uma oferta muito boa e o mercado tem respondido positivamente. Se conseguirmos aumentar as vendas, obviamente iremos buscar mais centros fabris.

Existem opções no México que examinamos, mas ainda não estamos avançando com elas. A fábrica em Querétaro provavelmente se expandirá mais […] antes de olharmos para uma área diferente. Portanto, temos planos para 2024 e 2025 de expandir a capacidade desta instalação.

Começamos há dois anos com 24 máquinas por ano e há um ano dissemos “ok, vamos fazer 50”, e agora estamos olhando para 100 [unidades em 2023]. Temos que cumprir esses objetivos […]. Vamos maximizar e otimizar essa instalação antes de irmos para outro lugar, mas o mercado nos dirá.

Existem países como o Chile que também estão olhando para o lítio e a eletrificação, então a demanda pode se tornar muito grande. O Peru também tem muito interesse, assim como o Equador.