
Os problemas do backbone de fibra do Peru e dos projetos de conectividade da Rednace

O governo peruano gostaria de ver um esforço maior das administrações regionais na expansão dos serviços de telecomunicações, especificamente dois projetos de assinatura patrocinados pelo estado: Rednace e o backbone de fibra RDNFO.
Em visita a Ayacucho, capital da região homônima, o ministro dos Transportes e Comunicações (MTC), Richard Tineo, pediu aos governadores regionais recém-eleitos que “trabalhem conjunta e articuladamente para ampliar os serviços de telecomunicações” no país, segundo comunicado do ministério.
Sem dar detalhes, Tineo declarou que o poder executivo está trabalhando para fortalecer a rede estatal nacional conhecida como Rednace e uma iniciativa para conectar instituições públicas por meio, entre outros, da RDNFO.
A Rednace foi concebida para ser uma rede de uso exclusivo do setor público, com o objetivo de oferecer serviços aos cidadãos nos diferentes níveis de governo, trazendo eficiência e economia de custos, além de resguardar informações estratégicas, de segurança e defesa.
Não é uma infraestrutura física, como é a RDNFO, mas uma plataforma que roda sobre ela.
A lei que criou a RDNFO prevê que uma porcentagem da capacidade do backbone de fibra seja destinada à Rednace, “que atenderá às demandas de conectividade de banda larga de todas as entidades da administração pública”.
Além disso, a lei estabelece que a conectividade da Rednace deve ser contratada de “uma ou mais concessionárias de serviços públicos de telecomunicações”.
OS DESAFIOS DE REDNACE
O problema é que atualmente a RDNFO carece de um operador privado.
Após a rescisão de um contrato por razões financeiras com a mexicana Azteca, além de tentativas fracassadas de selecionar uma nova operadora para a rede de backbone, o governo peruano decidiu que o programa nacional de telecomunicações Pronatel permaneceria no comando da RDNFO pelos próximos três anos.
“Julgou-se oportuno cancelar o processo de contratação de operadora para prestação do serviço por um período de três anos, até nova ordem, e manter o Pronatel em operação”, afirmou o MTC em junho.
A Rednace, por sua vez, ainda não existe de fato.
“Até hoje, a Rednace, entendida como uma rede única que conecta entidades da administração pública, não existe como tal, nem teve sua implementação iniciada”, disse o departamento de governo e serviços digitais em um relatório em fevereiro, quase uma década após a aprovação da lei que criou a RDNFO.
Isto não significa que entidades públicas não estejam conectadas e compartilhando serviços internamente, ou que não estejam prestando serviços digitais aos cidadãos.
“Pelo contrário, essas entidades, com plataformas e interconexões próprias, cumprem sua função de compartilhar serviços internos e fornecer inúmeros serviços digitais, acessíveis aos cidadãos através do site https://www.gob.pe, mas são redes diversas, com padrões não unificados, capacidades contratadas de vários fornecedores, termos e condições distintos e gerenciados por várias agências”, afirma o relatório.
No relatório, o governo defende que uma rede nacional para uso do setor público – interoperável e interligada – tem várias vantagens.
Dentre elas está ter padrões comuns de segurança cibernética e criptografia de tráfego, a possibilidade de ter sistemas de alerta antecipado para incidentes de segurança, além de economia em conectividade e custos de gerenciamento por meio da compra de capacidade de um único contratado.
Mas imprecisões e imprecisões no texto da lei da RDNFO levaram a problemas no desenvolvimento de Rednace. Isto ajuda a explicar por que a estratégia não saiu do papel.
A legislação da RDNFO afirma que a Rednace será usada para priorizar educação, saúde, defesa nacional e segurança. Segundo o MTC, isto implica um número muito elevado de entidades da administração pública, com necessidades muito diferenciadas.
O departamento observa que, enquanto a maioria dos escritórios do governo peruano (central, regionais, provinciais e distritais) tem conexão e suas principais necessidades são a integração em uma rede comum e interoperável, muitos pequenos órgãos públicos do país (escolas, centros de saúde, delegacias de polícia etc.) ainda carecem de banda larga.
O departamento estimou que apenas cerca de 35% das entidades públicas inicialmente registadas para integração na Rednace estão ligadas à internet.
“Em suma, os números acima, devido ao seu número muito elevado, a baixa penetração de conexão à Internet e seus requisitos muito diferentes, implicariam um esforço insustentável a tal ponto que, se elas [as entidades] fossem incorporadas com critérios homogêneos na Rednace, isto comprometeria a implementação”, afirma o relatório.
O departamento recomenda primeiro agrupar as entidades públicas em dois grupos principais, com base na situação atual em relação às suas conexões de banda larga e necessidades imediatas. Sugere também soluções alternativas, como internet via satélite, dada a impossibilidade de conexão a redes de fibra em tempo hábil.
Mais detalhes sobre a análise e as recomendações para Rednace pelo departamento podem ser acessados aqui, em espanhol.
O IMPASSE DA RDNFO
Embora a RDNFO já se estenda por mais de 13,5 mil quilômetros, ela se mostrou comercialmente inviável.
Era para ser uma rede de atacado para levar conectividade a áreas remotas do país, permitindo que empresas de telecomunicações e operadoras alugassem sua infraestrutura e entregassem conexões de última milha a partir dela.
A RDNFO conta atualmente com 322 nós, que permitem a interligação do backbone com redes de operadores privados ou redes regionais, e chega a 180 capitais provinciais.
De acordo com a MTC, menos de 4% da capacidade da RDNFO estão atualmente em uso.
O problema é que as empresas de telecomunicações estavam construindo suas próprias redes de backbone e backhaul, compartilhando até mesmo a infraestrutura entre elas, o que deixou o projeto apoiado pelo governo subutilizado.
O Internet para Todos, projeto de rede rural realizado em 2019 por Meta, Telefónica, CAF e BID, por exemplo, acabou de atingir 3 milhões de peruanos nas áreas mais remotas do país.
O Internet para Todos foi estabelecido como uma operador de infraestrutura móvel rural (OIMR, em espanhol) para implantar infraestrutura de telecomunicações em locais onde o acesso é inexistente ou limitado.
Assim como a RDNFO, a infraestrutura é disponibilizada para terceiros no atacado, para que as operadoras possam oferecer 4G para quem mora em localidades rurais.
Enquanto o Pronatel é responsável pelo backbone da rede pública, o MTC criou um grupo de trabalho para revisar a estrutura operacional da RDNFO e propor soluções e serviços que possam torná-la economicamente viável.
Enquanto isso, o governo continua avançando na expansão de projetos regionais de banda larga de fibra.
ORÇAMENTO
Em apresentação ao congresso sobre as metas da MTC para 2023, o ministro Tineo citou levar acesso à internet a 3.994 localidades, implantar 104 centros de acesso digital e possibilitar a implantação de 5 mil estações rádio-base, entre outros.
O orçamento do MTC para 2023 é de 13,3 bilhões de soles (US$ 3,45 bi).
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