Região chilena de Biobío denuncia falta de desenvolvimento de infraestrutura

O modelo amplamente centralista do Chile deixou na região de Biobío uma longa lista de projetos que passam por anos de planejamento e estudos, mas nunca decolam ou acabam sofrendo com sérios atrasos, segundo autoridades e especialistas locais.

“O Estado tem uma grande capacidade de planejamento, mas é um mau executor. Precisamos da ajuda do setor privado”, disse o governador de Biobío, Rodrigo Díaz, durante um seminário de infraestrutura realizado pela Universidade de Concepción.

Um exemplo citado durante o evento foi a ponte Patricio Aylwin (US$ 46 milhões), que não foi concluída após 14 anos. Por outro lado, as obras das novas linhas de metrô e ferrovias foram iniciadas na capital Santiago, e devem ser concluídas em menos de uma década.

Outro exemplo é um plano de melhoria do transporte com valor de US$ 1 bilhão, elaborado em 2005 pela agência de planejamento de transportes Sectra, mas que teve apenas um terço dos projetos implementados até agora, lembrou Héctor Díaz, representante de Biobío para a câmara de construção do país (CChC), durante o evento.

Esse plano incluiu extensões do serviço ferroviário Biotren. Uma delas, para levar a linha até o município de Coronel, foi concluída, enquanto outra, até Lota, ainda está em fase inicial de planejamento.

Outras áreas em falta na região centro-sul, a terceira mais populosa do país, incluem ferrovias, portos e transporte público.

“O Chile planeja muito, e planeja muito bem… o problema é a execução, e isso está se tornando ainda mais difícil agora”, acrescentou Díaz, ressaltando que as demandas por participação cidadã e proteção ambiental estão tornando o processo ainda mais longo.

Em particular, ele recomendou que os marcos de planejamento sejam repensados para adaptá-los à região, mas também que sejam considerados novos mecanismos de financiamento, destacando o potencial de Biobío como o principal centro de comércio do sul do Chile.

Alejandro Tudela, presidente do conselho da operadora portuária estatal Puertos de Talcahuano, afirmou que grande parte da produção da região de Biobío é enviada para o exterior usando portos da zona central do país (Valparaíso e San Antonio) em vez daqueles que ficam na própria região de Biobío.

“Quando dizemos que há disparidade territorial na alocação de recursos, isso acontece porque nós, como país, não temos ideia de para onde queremos ir”, apontou, denunciando a falta de um plano de infraestrutura portuária nacional.

Outros projetos que sofreram com prazos de desenvolvimento excessivamente longos na região de Biobío incluem uma nova ponte industrial (US$ 180 milhões), a substituição de uma ponte ferroviária sobre o rio Biobío (US$ 220 milhões) e um sistema de metrô proposto para a capital regional Concepción – este último sequer foi incluído nos planos de infraestrutura do governo, apesar das demandas locais.